quinta-feira, 26 de maio de 2011

São Filipe Néri



São Filipe Néri
O "santo da alegria" nasceu em Florença, Itália, no ano de 1515.

Depois de ficar órfão, recebeu um convite de seu tio para que se dedicasse aos negócios. Mas, tendo vida de oração e discernimento, ele percebeu que Deus o chamava a um outro negócio: expressar com a vida a caridade de Cristo.

Néri foi estudar em Roma. Estudou Filosofia e Teologia, deixando-se conduzir e formar pelo Espírito Santo e, mesmo antes de ser padre, visitava os lugares mais pobres de Roma. Formou uma associação para cuidar dos doentes pobres.

São Filipe disse sim para a glória de Deus e iniciou a bela obra do Oratório do Divino Amor, dedicando-se aos jovens e testemunhando sua alegria. Vivia da Divina Providência, indo aos lares dos ricos pedir pelos pobres.

Homem de oração, penitência e adoração, São Filipe Néri partiu para o céu com 80 anos, deixando para nós esse testemunho: renunciar a si mesmo, tomar a cruz a cada dia e seguir Jesus é uma alegria.

São Filipe Néri, rogai por nós!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Por que não deve haver sexo antes do casamento?



Não há alguém melhor do que Deus, mais sábio, mais douto, mais santo e mais justo, e que nos ame mais do que Ele; logo, não pode haver leis melhores que as Dele. Uma delas é essa: não pecar contra a casti­dade. Quem vive a pureza é feliz.
                                   
Castidade é viver a vida sexual somente no casamen­to, pois só ali o sexo tem sentido pleno; é a manifestação de amor do casal e a gera­ção dos filhos amados. Fora do casamento (adultério) ou antes dele (fornicação), o sexo é uma desgraça, torna-se vazio e sem sentido.

A união íntima de um casal só tem sentido quando eles assumiram no amor um compromisso de vida para sempre, coloca­ram uma aliança nos dedos, o que signifi­ca que um pertence ao outro para sempre, diante de Deus e dos homens. Então, o ato sexual é o "selo" dessa união, da qual vão nascer os filhos de Deus.

O Papa João Paulo II disse no Brasil, em 1997, no Maracanã, que aqui, por causa do amor livre, há milhares de filhos órfãos de pais vivos. Que tristeza! O sexo fora do casamento pode trazer se­parações, brigas, doenças venéreas, gravidez indesejada, abortos provocados, etc. Deus é sábio, é Pai, nos ama; e a castidade é uma belíssima virtude que prepara os jovens para o casamento.

Um jovem que aprendeu a castidade enquanto solteiro será um côn­juge fiel ao outro porque aprendeu na luta, na oração, na vigilância dos sentidos vencer os mais baixos impulsos de nossas paixões. A castidade faz do jovem um forte, alguém que sabe se dominar. Diz o provérbio que mais vale aquele que domina a si mesmo do que aquele que conquista uma cidade. Por tudo isso a santa lei de Deus nos diz:

"Guarda-te, meu filho, de toda a fornicação: fora de tua mulher, não te autorizes jamais um comércio criminoso" (Tb 4,13). Mas o corpo não é para a fornicação, e sim para o Senhor, e o Senhor é para o corpo[ ... ] Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo?[ ... ] Fugi da fornicação. Qualquer outro pecado que o homem comete é fora do corpo, mas o impuro peca contra o seu próprio corpo.

Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo" (ICor 6, 13-20). "Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, liber­tinagem" (Gl 5,19). E diz: "Quanto à fornicação, à impureza, sob qualquer forma, ou à avareza, que disto nem se faça menção entre vós, como convém a santos" (Ef 5,3). Sejamos puros como os anjos.

Fonte: Prof. Felipe Aquino. Revista Canção Nova. p.17. Março/2011.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Vocação: um tesouro a que poucos dão valor.

Pe. Gaspar Pelegrini

Introdução

A vocação sacerdotal, por ser uma grande graça, pode ser comparada a um tesouro que Nosso Senhor concede aos que Ele mais ama.

Considerando o seu valor, podemos dizer que, depois da graça santificante, a vocação é o tesouro mais valioso, é o maior dom que Nosso Senhor concede às criaturas que Ele mais ama. E podemos provar a grandeza da vocação analisando três pontos:

1- O que é a vocação?
2- Quem dá a vocação?
3- Para que serve a vocação?

1- O que é a vocação?


É uma pergunta que muitos se fazem. Ouve-se dizer (ou melhor, ouvia-se dizer, pois hoje quase não se fala neste assunto) que tal jovem tem vocação. Mas o que vem a ser a vocação?

Bem, a palavra vocação vem do latim, e quer dizer chamado, apelo. Vocação sacerdotal é, pois, um chamado para ser padre. Portanto, quando dizemos que tal rapaz ou tal criança tem vocação, estamos dizendo que esse jovem ou esse menino está sendo chamado para o sacerdócio. Mas se ele está sendo chamado, alguém está chamando. Quem é que o chama para ser padre? Vamos, pois, ao segundo ponto.

2 - Quem dá a vocação?


É Deus, Nosso Senhor. Tal jovem será padre, não porque ele escolheu esta vocação, mas porque Deus o chamou. Jesus nos diz no Evangelho: "Não fostes vós que Me escolhestes, Eu que vos escolhi."

A vocação é, portanto, um chamado de Deus para o sacerdócio. É uma escolha de Deus. Mas, aparece outra pergunta: A quem Deus chama? A quem ele quer, a quem Ele mais ama. É um mistério do amor de Deus.De tudo o que dissemos, podemos formular a seguinte afirmação:

A vocação sacerdotal, ou o chamado de Deus para ser padre é um mistério do Amor de Deus, é um Dom do Coração de Jesus, é um tesouro, é algo precioso que Deus concede, não a todos, mas somente aos que Ele mais ama. Desprezar este dom de Deus seria desprezar o próprio Deus. Seria uma grande ingratidão.

3 - Para que serve a vocação?

Para que haja entre nós sacerdotes que celebrem a Santa Missa, que dá tanta glória a Deus e nos traz tantos benefícios; sacerdotes que batizem as crianças; sacerdotes que perdoem nossos pecados, pela confissão; sacerdotes que consigam de Deus todos os benefícios de que nós precisamos.

É pela vocação que vêm os padres. Portanto, se as vocações forem desprezadas, ficaremos sem padres. E ficando sem padres, ficaremos sem a Santa Missa, sem os sacramentos, sem tantos auxílios de Deus.

Com isto vemos a importância do padre, vemos porque Nosso Senhor sempre suscita vocações. Vemos também que só um louco poderia recusar este tesouro tão precioso como é a vocação sacerdotal.

Parece então que o mundo está cheio de loucos, pois são tão poucos os jovens que seguem o chamado de Nosso Senhor. Os jovens, ou não conhecem a vocação, ou não têm coragem de segui-la.

Que fazer, então?

Trabalhar para que haja vocações, para que os jovens conheçam a vocação e sejam generosos em segui-la.

E, como trabalhar?

Rezando, rezando muito. Ah! Não nos esqueçamos nunca de que Nosso Senhor condicionou o número de vocações às nossas orações.

À oração unamos a penitência, que é uma arma poderosa para conquistar o Coração de Jesus. Rezar e fazer sacrifícios é uma obrigação que se refere a todos os fiéis.Mas, para os jovens e as crianças, para que aumente o número de vocações, há ainda outra coisa a fazer, e uma coisa muito importante: os jovens e as crianças devem se examinar diante de Deus, devem procurar ver se estão ou não sendo chamados por Deus. E, para que possam fazer bem este exame, devem rezar muito, consultar um bom sacerdote, que os possa ajudar a conhecer melhor a Vontade de Deus. Os jovens devem repetir com freqüência aquelas palavras de São. Paulo: "Senhor, que quereis que eu faça?"

Se nós rezarmos e fizermos penitência, e se os jovens seguirem estes conselhos, as vocações se multiplicarão e, então, o chamado de Deus deixará de ser este tesouro tão desprezado e se tornará aquele tesouro que, quem o encontra, deixa tudo para possuí-lo.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Oração, exercício que fortifica a fé

Deus não é uma "ideia". Deus é uma pessoa com a qual nos encontramos. Ou melhor, são três pessoas com as quais nos encontramos: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Às vezes você tem que fazer força para ir a Santa Missa aos domingos, tem que fazer força para rezar e assim por diante. Mas, para a má notícia chegar até nós, não é preciso fazer força. Não é necessário qualquer esforço.
Não é preciso esforço para perder a própria fé. Basta que sejamos envolvidos por tantas más notícias: é o desemprego na nossa família, um parente que está muito doente, uma traição dentro do lar, enfim, tantas más notícias que nos atingem e machucam o nosso coração.

Você já fez a experiência de receber uma má notícia tão grande que você fica “sem chão”? Uma espada “transpassa a sua alma”, assim como Simeão disse a Maria. Veja: a nossa família é ferida por inúmeras más notícias e, para suportá-las, é preciso ter fé. Mas o que é ter fé?

Precisamos entender, em primeiro lugar, o que é ter fé. Eu vou trazer para você verdades que não se pode negar e, para isso, não é preciso que você acredite no padre Paulo.

Primeiro: o bem e o mal se apresentam em nossas vidas de formas diferentes. O mal faz barulho. Já para você “enxergar” o bem é preciso fazer um esforço. Um exemplo disso é a nossa saúde. Quando você está bem de saúde, você precisa parar para daí perceber que está bem de saúde. Não é verdade? Quando estamos bem de saúde, nem notamos isso! Mas quando ficamos doentes daí percebemos com facilidade. Os sintomas surgem. A doença, o mal, é fácil de ser notado em nossas vidas.

São Pio de Pietrelcina diz: “Às vezes Deus não dá as graças que pedimos a Ele porque somos ingratos. E Deus não quer que pequemos por ingratidão”. Ou seja, Deus nos dá a graça uma vez, duas vezes, três vezes, mas como você é um sujeito ingrato, que não reconhece os favores d'Ele em sua vida, então aquilo que você pediu não se concretiza mais. E por quê? Porque Ele não quer que você se perca. Ele não quer que você peque pela ingratidão.

Uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta inteira que está crescendo. As coisas ruins sempre fazem barulho. Portanto, para crescer na fé, é necessário esforço para perceber as coisas boas. Nós somos cegos para o bem. Temos os "olhos grandes" para aquilo que é ruim. Mas, para as coisas boas, existe uma “escama” que cobre os nossos olhos. E daí pecamos pela ingratidão a Deus.

Precisamos ser realistas. E o realista não é um pessimista. O pessimista é aquele que vê as árvores e diz: “Mas um dia elas vão cair!”.O realista é aquele que vê a vida como ela é. E, na vida, o bem é sempre maior que o mal. No entanto, o bem é silencioso e o mal é clamoroso. O mal gosta de fazer barulho.

                                  "Se a família não olha para o céu, ela se destrói!"
                                               Foto: Clarissa Oliveira/CN

Segunda coisa para exercitar sua fé: por mais que o mundo esteja bom, você nunca se dá por satisfeito. Aos casados eu quero dizer algo importante: a maioria dos casais se casa pela razão errada. A maioria diz: “Eu quero casar para ser feliz!” Mas não é o seu marido, não é a sua esposa que vai te dar a plena felicidade. Só Deus pode te dar a plena felicidade. Você não pode negar isto: assim como dois mais dois é igual a quatro (e você não tem como negar esta verdade) eu peço a você, ao menos “cinco minutos de sinceridade”, mesmo que você faça uma “cena” e não concorde com o que eu estou dizendo, perceba que por mais que você conquiste coisas na vida, você nunca se dá por satisfeito. Há um vazio interior. Você namora, noiva e diz: “Quando eu me casar eu vou ser feliz!” Daí se casa e a felicidade não chega. Então você pensa: “Preciso de um filho, então eu serei feliz!” O filho vem e a felicidade não chega! Os anos passam e a gente começa a pensar: “A vida é só isso?” E então culpamos o marido, a esposa, pela nossa infelicidade. Mas não se trata de ficar culpando aos outros. A nossa alma permanecerá inquieta enquanto não repousar em Deus. Há uma prova cabal de que este mundo é até “bonzinho”, mas jamais poderá nos preencher de felicidade. Só em Deus encontramos a plena felicidade.

Imagine você indo almoçar na casa de alguém e, logo no início, é oferecido a você um monte de “tira-gosto”. Isso é gostoso. Mas, o “tira-gosto” só é gostoso quando tem o banquete depois. Mas, se a pessoa que te convidou diz que a panela “queimou” e que você só vai comer “tira-gosto”, o que antes era uma boa notícia se torna agora uma péssima notícia. Se você comer só “tira-gosto” vai sentir uma azia daquelas! O banquete se faz necessário. A nossa vida, aqui na terra, é este “tira-gosto” para o grande banquete que nos espera no céu!

Se a família não olha para o céu, ela se destrói! Não é para este mundo a felicidade completa. Basta “cinco minutos de sinceridade” para você perceber que a nossa vida, aqui na terra, não tem como preencher plenamente o nosso anseio por felicidade.

Você nota que as pessoas que “sugam” esta vida como se ela fosse uma laranja não são verdadeiramente felizes. O dinheiro, o sexo desregrado, o vício, aparentam dar a felicidade. Mas é uma felicidade fugaz, passageira.

O passo da fé consiste em que Deus veio para nos dizer que este mundo não é uma “piada de mau gosto”. Não estamos “jogados” nesta vida. Não estamos abandonados nela. Deus veio nos buscar. A vida é boa! A vida é bonita! A vida é bela! Mas ela é uma promessa. Uma preparação para a verdadeira felicidade reservada para nós na eternidade. As pequenas felicidades que temos em nossas famílias é uma promessa para a plena felicidade que teremos no céu!
No céu a nossa sede será saciada. A nossa fome não mais existirá . Mas, para isso, é preciso aqui na terra ter fé. É necessária a prática da fé. E a prática da fé chama-se oração. Quem não ora perde a fé. Se você não ora, não consegue enxergar as coisas boas de Deus.

A oração que exercita, que alimenta a nossa fé, é aquela que busca uma verdadeira ação de Deus. Quando eu me encontro com Deus, e espero que Ele aja, isto exercita minha fé. A oração não é dar um “recadinho” para Deus. Mas é preciso rezar esperando que Deus aja.

Deus é uma pessoa. Portanto, a nossa oração consiste num diálogo com o Senhor. Não é só você falando o tempo inteiro, Deus também quer falar com você. Veja: o sentimento “evapora”, o que fica é o amor. Você não precisa “sentir” para orar. No início da nossa conversão, os sentimentos vêm com força. Mas isto é no início da caminhada. Com o tempo, os sentimentos passam. É o mesmo que se dá no casamento: os sentimentos passam, mas fica a aliança, o amor. Não é verdade?

                            Padre Paulo Ricardo no "Acampamento para Famílias"
                                               Foto: Clarissa Oliveira/CN


Deus quer falar conosco. E Ele fala a nós através da Sua Palavra. É preciso ter este contato com a Palavra de Deus.

Para o exercício da oração não precisamos de sentimentos. É dizer para o Senhor: “Estou aqui diante de vós, Senhor! Eu não sinto nada, mas sei que o Senhor me ama e eu também vos amo”.
A oração não é ir a uma capela e ficar pensando em Deus. Pensar em Deus é meditação e não oração! Oração é conversar com Deus. Ele é uma pessoa. Oração é falar com o Senhor e, para isso, eu não preciso ter “arrepios místicos”. Mesmo que não sintamos nada na oração, o importante é ter esta certeza: Deus me ama sempre.

Caminhos para entrar na vida eterna

São João Crisóstomo
Comentário ao Evangelho feito por S. João Crisóstomo (cerca 345-407), bispo de Antioquia e de Constantinopla, doutor da Igreja

Sermão sobre o diabo tentador

Quereis que vos indique os caminhos da conversão? São numerosos, variad os e diferentes, mas todos conduzem ao céu. O primeiro caminho da conversão é a condenação das nossas faltas. "Aviva a tua memória, entremos em juízo; fala para te justificares!" (Is 43,26). E é por isso que o profeta dizia: "Eu disse: «confessarei os meus erros ao Senhor» e Vós perdoastes a culpa do meu pecado" (Sl 31,5). Condena pois, tu próprio, as faltas que cometeste, e isso será suficiente para que o Senhor te atenda. Com efeito, aquele que condena as suas faltas, tem a vantagem de recear tornar a cair nelas...

Há um segundo caminho, não inferior ao referido, que é o de não guardar rancor aos nossos inimigos, de dominar a nossa cólera para perdoar as ofensas dos nossos companheiros, porque é assim que obteremos o perdão das que nós cometemos contra o Mestre; é a segunda maneira de obter a purificação das nossas faltas. "Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós" (Mt 6,14).

Queres conhecer o terceiro ca minho da conversão? É a oração fervorosa e perseverante que tu farás do fundo do coração... O quarto caminho, é a esmola; ela tem uma força considerável e indizível... Em seguida, a modéstia e a humildade não são meios inferiores para destruir os pecados pela raiz. Temos como prova disso o publicano que não podia proclamar as suas boas acções, mas que as substituiu todas pela oferta da sua humildade e entregou assim o pesado fardo das suas faltas (Lc 18,9s).
Acabamos de indicar cinco caminhos de conversão... Não fiques pois inactivo, mas em cada dia utiliza todos estes caminhos. São caminhos fáceis e tu não podes usar a tua miséria como desculpa.


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Mãe do céu

As aparições de Nossa Senhora em Fátima.

Em 1917, a Virgem Santíssima manifestou-se a três pastorinhos de uma pequena localidade de Portugal. Foram 6 aparições, de maio a outubro, envoltas em acontecimentos surpreendentes, muitas vezes testemunhados por milhares de pessoas.

O maior exemplo foi o chamado “milagre do sol”. Na última aparição, Nossa Senhora fez o Sol bailar, num estupendo milagre, presenciado por mais de 70 mil pessoas. O fato indiscutível está consignado em documentos que o tempo não conseguirá corroer.

Os felizes videntes eram três singelos pastores, Lúcia, Jacinta e Francisco, que receberam a incumbência de transmitir ao mundo uma mensagem – o “segredo”, como ficou conhecida.

Hoje revelado, o “segredo”, dividido em 3 partes, contém chaves de explicação para todos os grandes acontecimentos mundiais, desde o tempo das aparições até nossos dias. As palavras “advertência”, “oração”, “penitência”, “céu, “inferno” são ali encontradas como balizas brilhantes a iluminar a noite da fé em que vivemos. Entre as palavras proféticas de Nossa Senhora, porém, duas frases estão ainda por se cumprir:

Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração e Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará.

A comunicatividade mundialmente conhecida da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima é, por assim dizer, um aval das profecias, o qual é constantemente renovado pela Virgem Santíssima com as incontáveis graças derramadas a todos os seus devotos.

terça-feira, 10 de maio de 2011

AS 115 escapadas do Papa João Paulo II

AS 115 escapadas do Papa João Paulo II
João Paulo II saiu às escondidas do Vaticano para esquiar em 115 ocasiões durante seus 27 anos de pontificado e visitou diversos pontos da Itália, revelou Claudio Paganini, conselheiro espiritual do Centro Esportivo Italiano.
A reportagem é da Agência Efe, 26-04-2011. A tradução é do Cepat.
Em entrevista para a Notimex, o sacerdote assegurou que não obstante fosse Papa, às terças-feiras escapava secretamente do Vaticano e ia esquiar em diversas estâncias dos Apeninos Centrais em Los Abruzzos, nos Dardamelos ou nos Alpes.
A paixão pelo esqui do futuro beato foi confirmada por um de seus colaboradores mais próximos, Joaquín  Navarro Valls, histórico porta-voz e diretor da sala de imprensa vaticana.
“Agora se pode dizer: às vezes, nas terças-feiras, que continua sendo o único dia da semana no qual o Papa não recebe pessoas e que é usado para escrever e ler documentos, se saía e com um carro se ia esquiar por três ou quatro horas”, disse em entrevista ao canal de televisão Rai 1.
“Em silêncio se saía e se atravessava Roma. Imagina, às seis da tarde como é o tráfico romano. Minha insegurança: seguramente alguém descobre o Papa neste carro. Era um carro anônimo, sem a identificação do Vaticano, mas nunca ninguém o reconheceu”, disse.

O amor de João Paulo II pela neve e pela montanha ficou gravado no centro de esqui Campo Felice, na região italiana de Los Abruzzos, a cerca de 200 quilômetros a leste de Roma, onde atualmente uma pista leva seu nome.
Segundo Paganini, o Karol Wojtyla deixou claro que não se pode eliminar a fé e a cultura do esporte, nem deixar a espiritualidade de lado na hora dos esportes.
Recordou que desde a sua juventude caminhava, andava de bicicleta, jogava vôlei e praticava caiaque, mas gostava muito de esquiar.
“Um homem que sabe viver como João Paulo II a fé, os valores e o esporte faz compreender que o esporte é um ingrediente importante para a formação. O homem de hoje se realiza quando une a atividade física à oração, ao estudo e à cultura”, indicou.
“Não surpreende que um Papa tenha tempo para fazer isto, pensamos que quem produz e ganha dinheiro é importante, absolutamente não. Wojtyla nos ensinou que ter tempo para si mesmo, para praticar esporte, é fundamental para a santidade”, considerou.
Para Claudio Paganini, atualmente o esporte deve aprender que um código de ética não tem muito sentido, que é necessário formar a pessoa globalmente porque um homem bem formado vive o esporte corretamente, mas se carece de valores não pode ser honesto.
Como homenagem ao “Papa peregrino”, o Centro Esportivo Italiano decidiu nomeá-lo “capitão” da edição 2011 da Clericus Cup, a “Copa do Mundo” de futebol exclusiva para seminaristas e sacerdotes, organizada por essa associação com o aval do Vaticano.
Também em entrevista, Kevin Lixey, responsável pelo Escritório Igreja e Esportesda Sé Apostólica, disse que João Paulo II será um beato esportista.
“O mesmo foi um grande esportista, um beato pode fazer esportes, ele mesmo beatificou Pier Giorgio Frassati que escalava montanhas, esquiava; isto é importante para que os jovens saibam que também o tempo livre pode ser um espaço de santidade”, apontou.

Fonte: blog do Carmadélio

Te louvo em verdade...


"Mesmo que me falte as palavras, ainda que eu não saiba louvar... Te louvo, te louvo em verdade"

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Rifa do Burro

Certa vez quatro meninos foram ao campo e, por 100 reais, compraram o burro de um velho camponês. O homem combinou entregar-lhes o animal no dia seguinte. Mas quando eles voltaram para levar o burro, o camponês lhes disse:
·         Sinto muito, amigos, mas tenho uma má notícia. O burro morreu.
·         Então devolva-nos o dinheiro!
·         Não posso, já gastei todo.
·         Então, de qualquer forma, queremos o burro.
·         E para que o querem? O que vão fazer com ele?
·         Nós vamos rifá-lo.
·         Estão loucos? Como vão rifar um burro morto?
·         Obviamente, não vamos dizer a ninguém que ele está morto.

Um mês depois, o camponês se encontrou novamente com os quatro garotos e lhes perguntou:
·         E então, o que aconteceu com o burro?
·         Como lhe dissemos, o rifamos. Vendemos 500 números a R$2,00 cada um e arrecadamos R$1.000,00.
·         E ninguém se queixou?
·         Só o ganhador. Porém lhe devolvemos os R$2,00 e ficou tudo resolvido.

Moral da História: Lobo em pele de cordeiro sempre existirá em nosso caminho, devemos ter muito cuidado com as aparências.

A Eucaristia é vida e compromisso

Toda pessoa sabe que, se não comer, ela morre. Há um ditado popular que diz: “saco vazio não para em pé”. Sabe também que quem come pouco ou passa fome fica desnutrido, fraco e muito mais propenso a doenças e até à morte.
Comer o pão e beber o vinho é, em primeiro lugar, viver. É fácil perceber o que o Senhor quis nos ensinar ao usar este símbolo: assim como sem comida, até o mais forte dos corpos definha e morre, assim também até o maior dos santos, sem a Eucaristia, não consegue se sustentar.
Durante todo o Evangelho, podemos perceber a importância que Cristo dá às refeições. Várias vezes, Ele come com os fariseus, com os publicanos, com os pecadores. Durante esses momentos [refeições], o Senhor ensinava e exortava. Por isso, nada mais natural do que escolher uma refeição para nela instituir a Eucaristia (cf. Jo 13,2). A palavra “Koinonia” significa comunhão. São pessoas que estão juntas, partilhando, comungando da mesma refeição.
Na família, o momento da refeição é o momento de reunião, de troca, de se colocar os assuntos em dia. É nesses momentos que a união da família se solidifica. Quando queremos nos confraternizar numa festa, sempre existe algum tipo de refeição para partilhar. Quando queremos aumentar nossa intimidade com alguém o convidamos para comer conosco. Se tudo isso é verdadeiro para simples refeições diárias, quanto mais será para a refeição Eucarística compartilhada. É nessa mesa do Pão vivo que se opera a unidade real e misteriosa da Igreja (cf. I Cor 10,16-17).
A Eucaristia é sacramento da unidade. Ela une a Igreja em torno de Cristo, de Seu sacrifício. A Igreja “comunga” com Ele. Torna-se o corpo de Cristo, unindo-se como células que recebem o mesmo alimento e são purificadas pelo mesmo sangue. Assim como o pulmão difere do intestino na sua anatomia e função, – mas ambos são essenciais e pertencentes ao mesmo corpo, – nós também, embora sendo diferentes uns dos outros, somos membros de Cristo pelo batismo. Uma só fé, um só batismo, um só Espírito. Esta é a essência da unidade, operada e mantida pela comunhão do Corpo e Sangue de Cristo.
Que pelo conhecimento que o Senhor nos dá do valor da Eucaristia, puro dom de Deus para a nossa salvação, possamos participar dela, com novo ânimo, de maneira a sermos curados, libertos e restaurados. E, assim comprometidos, partilhá-la com nossos irmãos.
Por tudo que disse posso concluir e afirmar sem medo de errar: a Eucaristia é vida e compromisso. É partilha e serviço.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Para refletir com o coração

                                   Dr.Howard Kelly

Um dia, um rapaz pobre que vendia mercadorias de porta em porta para pagar seus estudos, viu que só lhe restava uma simples moeda de dez centavos e tinha fome. Decidiu que pediria comida na próxima casa. Porém, seus nervos
o traíram quando uma encantadora mulher jovem lhe abriu a porta. Em vez de comida, pediu um copo de água.
Ela pensou que o jovem parecia faminto e assim lhe deu um grande copo de leite. Ele bebeu devagar e depois lhe perguntou?

- Quanto lhe devo?
- Não me deves nada - respondeu ela. E continuou:
- Minha mãe sempre nos ensinou a nunca aceitar pagamento por uma oferta caridosa.
Ele disse:
- Pois te agradeço de todo coração. Quando Howard Kelly saiu daquela casa, não só se sentiu mais forte fisicamente,
mas também sua fé em Deus e nos homens ficou mais forte. Ele já estava resignado a se render e deixar tudo. Anos depois, essa jovem mulher ficou gravemente doente. Os médicos locais estavam confusos. Finalmente a enviaram à cidade grande, onde chamaram um especialista para estudar sua rara enfermidade.

Chamaram o Dr.Howard Kelly. Quando escutou o nome do povoado de onde ela viera, uma estranha luz encheu seus olhos. Imediatamente, vestido com a sua bata de doutor, foi ver a paciente. Reconheceu imediatamente aquela mulher. Determinou-se a fazer o melhor para salvar aquela vida. Passou a dedicar atenção especial aquela paciente. Depois de uma demorada luta pela vida da enferma, ganhou a batalha. O Dr. Kelly pediu a administração do hospital que lhe enviasse a fatura total dos gastos para aprová-la. Ele a conferiu e depois escreveu algo e mandou entrega-lá no quarto da paciente. Ela tinha medo de abri-la, porque sabia que levaria o resto da sua vida para pagar todos os gastos. Mas finalmente abriu a fatura e algo lhe chamou a atenção, pois estava escrito o seguinte:

"Totalmente pago há muitos anos com um copo de leite. "

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O mês de Nossa Senhora

“O mês de maio nos estimula a pensar e a falar de modo particular da Virgem Maria. Com efeito, este é o seu mês. Deste modo, o período do ano litúrgico [Páscoa], e o mês atual chamam e convidam os nossos corações a se abrirem de maneira singular a Maria”. (João Paulo II, Audiência Geral, 2 de maio de 1979).


Como gostam os homens de que lhes recordem o seu parentesco com personagens da literatura, da política, do exército, da Igreja!...
– Canta diante da Virgem Imaculada, recordando-lhe:
Ave, Maria, Filha de Deus Pai; Ave, Maria, Mãe de Deus Filho; Ave, Maria, Esposa de Deus Espírito Santo... Mais do que tu, só Deus!
Caminho, 496


Surge assim em nós, de forma espontânea e natural, o desejo de procurarmos a intimidade com a Mãe de Deus, que é também nossa Mãe; de convivermos com Ela como se convive com uma pessoa viva, já que sobre Ela não triunfou a morte, antes está em corpo e alma junto de Deus Pai, junto de seu Filho, junto do Espírito Santo.

Para compreendermos o papel que Maria desempenha na vida cristã, para nos sentirmos atraídos por Ela, para desejarmos a sua amável companhia com afeto filial, não necessitamos de grandes investigações, embora o mistério da Maternidade divina tenha uma riqueza de conteúdo que nunca aprofundaremos bastante.

A fé católica soube reconhecer em Maria um sinal privilegiado do amor de Deus. Deus nos chama, já agora, seus amigos; sua graça atua em nós, regenera-nos do pecado, dá-nos forças para que, no meio das fraquezas próprias de quem ainda é pó e miséria, possamos refletir de algum modo o rosto de Cristo. Não somos meros náufragos a quem Deus tenha prometido salvar, porque a salvação se realiza desde já em nós. A nossa relação com Deus não é a de um cego que anseia pela luz enquanto geme entre as angústias da escuridão; é a de um filho que se sabe amado por seu Pai.
          
Dessa cordialidade, dessa confiança, dessa segurança nos fala Maria. por isso o seu nome chega tão direto ao coração. A relação de cada um de nós com a sua própria Mãe pode servir-nos de modelo e de pauta para o nosso relacionamento com a Senhora do Doce Nome, Maria. Temos que amar a Deus com o mesmo coração com que amamos nossos pais, nossos irmãos, os outros membros da família, nossos amigos ou amigas: não temos outro coração. E com esse mesmo coração temos que procurar a intimidade com Maria.

Como se comporta um filho ou uma filha normal com sua mãe? De mil maneiras, mas sempre com carinho e confiança. Com um carinho que em cada caso fluirá por condutos nascidos da própria vida, e que nunca são uma coisa fria, mas costumes íntimos de lar, pequenos detalhes diários que o filho precisa ter com sua mãe e de que a mãe sente falta se alguma vez seu filho as esquece: um beijo ou uma carícia ao sair de casa ou ao voltar, uma pequena delicadeza, umas palavras expressivas...

Em nossas relações com nossa Mãe do céu, existem também essas normas de piedade filial que são os moldes do nosso comportamento habitual com Ela. Muitos cristãos adotam o antigo costume do escapulário; ou adquirem o hábito de saudar - não são precisas palavras, basta o pensamento - as imagens de Maria que se encontram em todo o lar cristão ou adornam as ruas de tantas cidades; ou vivem essa maravilhosa oração que é o terço, em que a alma não se cansa de dizer sempre as mesmas coisas, como não se cansam os namorados, e em que se aprende a reviver os momentos centrais da vida do Senhor; ou então acostumam-se a dedicar à Senhora um dia da semana - precisamente este em que agora estamos reunidos: o sábado - oferecendo-lhe alguma pequena delicadeza e meditando mais especialmente na sua maternidade.
É Cristo que passa, 142

Maria Santíssima, Mãe de Deus, passa despercebida, como mais uma, entre as mulheres do seu povo.
– Aprende dEla a viver com “naturalidade”.
Caminho, 499


segunda-feira, 2 de maio de 2011

OS JOVENS: REPRESENTAM DE FATO UMA ESPERANÇA?

Nota do blog: Segue abaixo o capítulo (Os jovens: representam de fato uma esperança?) do livro Cruzando o limiar da Esperança. Trata-se de uma longa entrevista que o jornalista Vittorio Messori realizou com o Papa João Paulo II. Foi publicado com título original Crossing the Threshold Hope. No trecho do livro abaixo João Paulo II reafirma: "Vocês são a esperança da Igreja e do mundo. Vocês são minha esperança." Os grifos em negrito abaixo são nossos.


OS JOVENS:
REPRESENTAM DE FATO UMA ESPERANÇA?

PERGUNTA de Vittorio Messiori:
Quanto aos jovens: são privilegiados pela atenção afetuosa do Santo Padre, que com freqüência reitera que a Igreja olha para eles com esperança especial para o relançamento da evangelização.
Santidade, tal esperança é realmente fundamental? Ou, lamentavelmente, não estaremos mais uma vez diante da sempre renovada ilusão, por parte de nós adultos, de que a nova geração vai ser melhor do que a nossa e todas aquelas que a precederam?



RESPOSTA de João Paulo II:

Aqui você descortina um campo enorme para análise e para meditação.

Os jovens de hoje como são, o que buscam? Poder-se-ia dizer que são como os de sempre. Há algo no ser humano que naõ padece mutações, como lembrou o Concílio na Gaudium et spes (no. 10). Precisamente na juventude, talvez mais do que em outra faixas etárias, isto encontra confirmação. Isso, no entanto, naõ quer dizer que os jovens de hoje não sejam também diferentes daqueles que os precederam. No passado, as jovens gerações se formaram nas dolorosas experiências da guerra, dos campos de concentração, do perigo constante. Essas experiências liberavam também, nos jovens – e acho em toda parte do mundo, apesar de ter em mente a juventude polonesa - , os traços de um grande heroísmo.

É só lembrar o levante de Varsóvia em 1944: o ímpeto desesperado dos meus coetâneos, que não se pouparam. Jogaram sua vida jovem no ardor da fogueira. Eles queriam demonstrar que estavam amadurecendo no confronto com a grande e difícil herança que receberam. Também eu pertenço àquela geração, e penso que o heroísmo dos meus companheiros ajudou-me a definir minha própria vocação. Padre Konstanty Michalski, um dos grandes professores da Universidade Jaguelônica de Cracóvia, sobrevivente do campo de concentração de Sachsenhausen, escreveu um livro: Entre heroísmo e bestialidade. Este título reproduz bem o clima da época.o próprio Michalski, a respeito de Frei Alberto Chmielowki, lembra a frase evangélica segundo a qual “é preciso dar a vida” (Jo 15,13). Exatamente naquele período de terrível desprezo pelo homem, quando o preço da vida humana foi aviltado como talvez jamais acontecera antes, precisamente naquele momento a vida de cada indivíduo tornou-se valiosa, adquirindo o valor de um dom gratuito.

Neste sentido, os jovens de hoje certamente crescem em um contexto diferente: não carregam dentro de si as experiências da Segunda Guerra Mundial. Além disso, muitos dentre eles não conheceram – ou não lembram - as lutas contra o sistema comunista, contra o Estado totalitário. Vivem num clima de liberdade, conquistada para eles por outros, e cederam sobremaneira à civilização do consumo. São estes os parâmetros, obviamente apenas percebidos, da situação atual.

Apesar disso, é difícil dizer que a juventude rejeite os valores tradicionais, que abandone a Igreja. As experiências dos educadores e dos pastores confirmam, hoje não menos do que ontem, o idealismo característico desta idade, mesmo quando atualmente isso é expresso, talvez, sobretudo em forma de crítica, ao passo que no passado se traduzia mais simplesmente no compromisso. Em geral, pode-se afirmar que as novas gerações agora crescem prevalentemente num clima da nova era positivista, ao passo que, por exemplo, na Polônia, quando eu era garoto, dominavam tradições românticas. Os jovens com os quais entrei em contato logo após a minha ordenação sacerdotal cresceram precisamente nesse clima. Na Igreja e no Evangelho enxergavam um ponto de referência onde concentrar o esforço interior para formar a própria vida de uma maneira que tivesse sentido. Lembro ainda os colóquios com aqueles jovens, que exprimiam precisamente desse modo sua relação com a fé.

A experiência principal daquele período, quando a minha ação pastoral se concentrava antes de mais nada em torno deles, foi a descoberta da importância essencial da juventude. O que é juventude? Não é apenas um período da vida que corresponde a uma determinada faixa etária, mas é, no conjunto, um tempo concedido pela Providência a cada ser humano,sendo-lhe conferido como tarefaNesse período ele procura, como o jovem do Evangelho, a resposta às suas interrogações fundamentais; não somente o sentido da vida , mas também um projeto concreto para começar a construir sua vida. é exatamente esta característica mais essencial da juventude. Todo educador, a começar pelos pais, assim como todo pastor, precisa conhecer bem essa característica e deve saber identificá-la em cada rapaz ou moça. Digo mais, deve amar aquilo que é essencial para a juventude.

Se em cada período de sua vida o ser humano deseja afirmar-se, encontrar o amor, na juventude o deseja de uma forma ainda mais intensa. O desejo de afirmação, em todo caso, não deve ser entendido como uma legitimação de tudo, sem exceções. Os jovens de modo algum querem isso: estão dispostos inclusive a serem repreendidos, exigindo que se diga a eles sim ou não. Eles precisam de guias, e os querem disponíveis. Se procuram pessoas abalizadas, fazem-no porque as percebem ricas do calor humano e capazes de caminharem junto com eles pelos caminho que escolherem seguir.

Fica claro, portanto, que o problema essencial da juventude é profundamente pessoal. A juventude é precisamente o período da personalização da vida humana. É também o período da comunhãoOs jovens, tanto os rapazes como também as moças, sabem da obrigação de viver para os outros, sabem que sua vida tem sentido na medida em que se torna um dom gratuito para o próximo. Aí tem origem todas as vocações: tanto as sacerdotais ou religiosas como também as vocações ao matrimônio e à família. Também a chamada para o matrimônio é uma vocação, um dom de Deus. Nunca mais vou me esquecer de um rapaz, estudante do politécnico de Cracóvia, do qual todos sabiam que aspirava com decisão à santidade. Ele tinha este programa de vida. ele sabia ter sido “criado para os grandes ideais”, como se expressou certa vez São Estanislau Kostka. E, ao mesmo tempo, naõ tinha dúvida alguma de que sua vocação não era nem o sacerdócio nem a vida religiosa. Sabia que devia ser um leigo. O que mais o apaixonava era o trabalho profissional, bem com os estudos de engenharia. Procurava uma companheira para a vida, e a procurava de joelhos, na oração. Jamais poderei esquecer o colóquio em que, depois de um dia especial de retiro, me disse: “Penso que exatamente essa moça vai ser minha esposa, e é Deus quem vai dá-la para mim.” Como se não seguisse apenas a voz de seus desejos, mas antes de tudo a voz do próprio Deus. sabia que d’Ele vem todo o bem, e fez uma boa escolha. Estou falando de Jerzy Ciesielsky, desaparecido em um trágico acidente no Sudão, para onde foi enviado para ensinar na Universidade, e cujo processo de beatificação já foi iniciado.
Esta vocação para o amor é obviamente o elemento de contato mais estreito com os jovens. Como sacerdote me conscientizei disso bem cedo. Sentia como que um impulso interior nessa direção. É preciso preparar os jovens para o matrimônio, é preciso ensinar-lhes o amor. O amor não é uma coisa que se aprende, e todavia não há uma coisa tão necessária a ser aprendida! Quando jovem sacerdotal aprendi a amar o amor humano. Este é um dos temas fundamentais em que concentrei meu sacerdócio, o meu ministério da pregação, no confessionário, bem como por meio da palavra  escrita. Quando se ama o amor humano, nasce também a vivia necessidade de empenhar todas as forças a favor do “belo amor”.

Na verdade o amor é lindo. Os jovens, afinal, buscam sempre a beleza do amor, desejando que seu amor seja lindo. Se cedem às fraquezas, seguindo modelo de comportamento que bem poderiam ser classificados como um “escândalo do mundo contemporâneo” (e são modelos lamentavelmente muito difundidos), no fundo do coração desejam um amor lindo e puro. Isso vale tanto para os rapazes como também para as moças. Sabem, afinal, que ninguém pode conceder-lhes um amor assim, a não ser Deus. E, portanto, estão dispostos a seguir a Cristo, sem olhar para os sacrifícios que isso pode implicar.

Durante os anos em que eu mesmo era um jovem sacerdote e pastor, me fiz esta imagem dos jovens e da juventude, que me acompanhou ao longo de todos os anos sucessivos. Imagem que possibilita também encontrar-me com os rapazes em qualquer lugar aonde for. Qualquer vigário de Roma que a visita à paróquia deve encerrar-se com o encontro do Bispo de Roma com os jovens. E não somente em Roma, mas também em toda parte aonde o Papa vai, procura os jovens e em toda parte é procurado pelos jovens. Aliás, na verdade não é ele a ser procurado. Quem é procurado é o Cristo, o qual sabe ó que há em cada homem”(Jo,2,25), de modo especial no homem jovem, e sabe dar as verdadeiras respostas ás suas perguntas! E mesmo quando são respostas exigentes, os jovens de modo algum as evitam; antes, dir-se-ia que esperam por elas.

Desse modo se explica também a gênese do Dia Mundial da Juventude. A primeira vez, por ocasião do Ano Jubilar da Redenção e depois pelo Ano Internacional da Juventude, promovido pelo Organização das Nações Unidas (1985), os jovens foram convidados a Roma. E esse foi o começo. Ninguém inventou os Dias Mundiais da Juventude. Foram os próprios jovens que os criaram. Aqueles Dias, aqueles Encontros, desde então se tornaram uma necessidade dos jovens em todos os lugares do mundo. no mais das vezes foram uma grande surpresa para os pastores, e até mesmo para os Bispos. Pois superaram tudo aquilo que eles mesmo esperavam.

Tais Jornadas mundiais se tornaram um grande e fascinante testemunho que os jovens dão a si mesmos, se tornaram um meio poderoso de evangelização. Com efeito, nos jovens há um imenso potencial de bem e de possibilidades criativas. Ao encontrá-los, em qualquer lugar do mundo, espero antes de tudo por aquilo que eles querem me dizer a respeito de si próprios, de sua sociedade, de sua Igreja. E sempre procuro concientizá-los a respeito: “De modo algum é mais importante aquilo que vou dizer-lhes: importante é o que vocês me dirão. Talvez não possam dizer isso com as palavras, mas conseguem dizê-lo com a sua presença, com o seu canto, quem sabe também através de sua dança, por meio de suas apresentações, enfim, com seu entusiasmo.”

Nós precisamos do entusiasmo dos jovens. Temos necessidade da alegria de viver que os jovens têm. Nela se reflete algo da alegria originária que Deus teve ao criar o ser humano. Precisamente essa felicidade os jovens experimentam em si próprios. É a mesma em todo lugar, embora seja sempre nova, original. Os jovens sabem exprimi-la à sua maneira.

Não é verdade que é o Papa a conduzir os jovens de um canto para outro do globo terrestre. São eles que o conduzem. E mesmo que seus anos aumentem, eles exortam-no a ser jovem, não lhe permitindo esquecer sua esperança, sua descoberta da juventude e da grande importância que ela tem para a vida de cada ser humano. Acredito que isso explique muitas coisas.

No dia da inauguração do Pontificado, em 22 de outubro de 1978, após o encerramento da liturgia, eu disse aos jovens na Praça de São Pedro: “Vocês são a esperança da Igreja e do mundo. Vocês são a minha esperança.” Aquelas palavras são lembradas constantemente.

Os jovens e a Igreja. Resumindo, desejo destacar que os jovens buscam a Deus, buscam o sentido da vida, buscam respostas definitivas: “O que farei para alcançar a vida eterna?”(Lc 10,25), nesta procura não podem deixar de encontrar a Igreja. E também a Igreja não pode deixar de encontrar os jovens. É necessário apenas que a Igreja tenha uma profunda compreensão daquilo que é a juventude, da importância que reveste para cada ser humano. É preciso também que os jovens conheçam a Igreja, que nela enxerguem a Cristo, o qual caminha ao longo dos séculos com cada geração, com cada ser humano. Caminha com cada um como um amigo. Importante na vida de um jovem é o dia em que ele estiver convencido de que este é o único Amigo a não desiludir, com quem pode sempre contar.

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Capítulo do livro entrevista de Viottorio Messiori com o Papa João Paulo II: Cruzando o Limiar da Esperança, editora Francisco Alves, 1994. P. 121-127.


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