segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Contigo ao meu lado, tudo posso!


“Senhor, ontem vi claramente que só recorrendo a Ti se aprende; que só Tu dás forças nas provas e tentações, e que somente aos pés da Cruz, vendo-Te cravado nela, se aprende a perdoar, se aprende humildade, caridade e mansidão.

Não me esqueças, Senhor...Olha-me prostrado aos Teus pés e concede o que Te peço.

Venham logo desprezos, venham humilhações, venham açoites da parte das criaturas...Que me importa? Contigo ao meu lado posso tudo. A portentosa, a admirável, a inenarrável lição que Tu me ensinas da Tua Cruz, me dá forças para tudo.

A Ti, te cuspiram, Te insultaram, Te açoitaram, Te cravaram em um Madeiro e, sendo Deus, perdoavas; Humilde, calavas; e ainda Te oferecias...Que poderei dizer eu de Tua Paixão? Mais vale que nada diga e que dentro de meu coração medite nessas coisas que o homem não pode chegar jamais a compreender.

Contente-me, eu, com amar profundamente, apaixonadamente, o Mistério da Tua Paixão, e aprenda a sofrer da maneira que Tu fizeste. Já sei que isso é o impossível dos impossíveis, mas olha, Senhor, minha intenção”.


St. Rafael Arnaiz


Dos escritos de Rafael
07 de abril de 1938

sábado, 29 de outubro de 2011

“Todo mundo está pensando em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que se pensará em deixar filhos melhores para o nosso planeta?”

Os homens se preocupam com as catástrofes da natureza, que abala a economia e a vida das pessoas, mas não se preocupam com suas catástrofes pessoais, sua conduta corrupta, não dos políticos, mas, outro tipo de corrupção diária, silenciosa, por exemplo, o descompromisso na educação dos filhos, muitos pais se omitem e jogam para a escola toda responsabilidade, dentro de casa permitem que seus filhos sejam influenciados por famosos desajustados.

Pessoas sem caráter e sem valores, crianças escutam "músicas", assistem cenas de novelas e programas que ferem sua pureza e inocência, e o pior é quando são expostas a palavrões e brigas dentro do lar. São vítimas da própria família, e se tornam adultos “doentes” inconseqüentes, irresponsáveis, ansiosos, imaturos. Este tipo de desastre não é assunto de telejornal. O desrespeito por Deus é o “valor” que vem sendo transmitido nessas novas gerações, então o que se pode esperar Dele? O homem tem a liberdade e optando por se destruir, não há interferência divina. A natureza anda castigando porque ela não merece esse tipo de ser humano. O caos atual é uma prévia do que virá futuramente, o mundo afastou Deus e sofre as conseqüências, pois “o salário do pecado é a morte” Rm 6,23


Fonte: A sós com o Só

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Amor de Deus


E Deus amou o mundo tanto, que Ele deu seu Filho - era uma dádiva. Deus deu o Filho dele à Virgem Maria, e o que ela fez com ele? Assim que Jesus veio à vida de Maria, imediatamente ela apressou-se para dar aquelas boas novas. E quando ela entrou na casa da prima dela, Isabel, a escritura conta - a criança no útero de Isabel - pulou de alegria. Enquanto ainda no útero de Maria - Jesus trouxe paz para João Batista, que pulou de alegria no útero de Isabel. 

E como se isso não fosse bastante, como se não fosse bastante Deus, o Filho, deveria se tornar um de nós e trazer paz e alegria, enquanto que ainda estava no útero de Maria; Jesus também morreu na cruz para mostrar aquele amor maior. Ele morreu por você e por mim, e para o leproso e para aquele homem que morre de fome e aquela pessoa desnuda que está na rua, não só em Calcutá, mas na África, e em todos os lugares. Nossas irmãs servem estas pessoas pobres em 105 países ao redor do mundo. Jesus insistiu que nós amemos uns aos outros, da mesma forma que Ele ama cada um de nós. Jesus nos deu a vida dele para nos amar, e Ele nos diz que nós também temos que fazer de tudo para fazer o bem uns aos outros. No evangelho, Jesus nos fala muito claramente: “ame como eu vos amei”. 

Jesus morreu na cruz porque isso foi necessário para Ele trazer o bem para nós - nos salvar de nosso egoísmo e pecado. Ele deixou tudo, para fazer a vontade do Pai – mostrar-nos que nós também devemos estar dispostos a deixar tudo para fazer a vontade de Deus - amar uns aos outros como Ele ama cada de nós. Se nós não estivermos preparados para fazer todo o possível para trazer o bem uns aos outros, o pecado ainda estará em nós. Isso é porque nós também temos que dar a uns aos outros o nosso máximo. 

Não é bastante para nós dizer: “eu amo Deus”, mas eu também tenho que amar meu próximo. O apóstolo São João diz que você é um mentiroso, se disser que ama Deus e não ama seu próximo. Como você pode amar a Deus que você não vê, se você não ama seu próximo a quem você vê, a quem você toca, com quem você convive? E assim é muito importante para nós que entendamos, que para aquele amor ser verdade, tem que doer. Eu devo estar disposto a dar tudo para não machucar outras pessoas e, de fato, fazer bem a elas. Isto requer que eu esteja disposto a dar até que doa. Caso contrário, não há nenhum verdadeiro amor em mim e eu trago injustiça, e não paz, para todos ao meu redor. 

Ser amado. Nós temos que “vestir o Cristo” como a escritura nos diz. E assim, nós fomos criados para amar como Ele nos ama. O próprio Jesus se faz o faminto, o desnudo, o sem-teto, o não desejado, e Ele diz: "você fez isto a mim". No último dia, Ele dirá a esses à sua direita: "tudo o que você fez ao menor destes, você fez a mim, e Ele também dirá a esses à sua esquerda, tudo o que você negligenciou fazer para o menor destes, você negligenciou fazer isto para mim”.


Madre Teresa de Calcutá



terça-feira, 25 de outubro de 2011

Por que te amo, oh, Maria!

Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face


Data: Maio de 1897.
Composta para: ela mesma. Irmã Maria do Sagrado Coração insinuara-lhe o pedido.
Música: La plainte du mousse.
Criação literária: No Processo Apostólico, Irmã Genoveva testemunhou que, já bem doente, Teresinha lhe dissera: “Ainda tenho que fazer uma coisa antes de morrer. (...) Sempre desejei exprimir num cântico em honra da Santíssima Virgem tudo o que penso a seu respeito”. Também Irmã Maria do Sagrado Coração, em suas notas íntimas, refere um detalhe significativo para a gênese deste poema. Conversando com Teresinha durante os últimos meses de sua vida, a santa lhe afirmara que quando pedia uma graça por intermédio de algum santo, precisava sempre esperar um pouco, mas que quando se dirigia à Virgem Maria, o socorro era imediato. Diante disso, Irmã Maria do Sagrado Coração lhe pediu que compusesse alguns versos que retratassem seus pensamentos sobre Nossa Senhora. E assim, por volta de maio de 1897, numa confluência de desejo e circunstância, Teresinha, ante o impulso dado por sua irmã mais velha, dedica-se á composição durante todo aquele mês de Maria.
Ainda seguindo as mesmas anotações de Irmã Maria do Sagrado Coração, a santa, ao entregar-lhe "Por que te amo, oh, Maria", dizia: “Meu pequeno cântico exprime tudo o que penso e o que pregaria sobre a Santíssima Virgem, se fosse sacerdote”. É a própria Teresinha, então, que declara ter posto em versos seus pensamentos, sua concepção sobre a vida de Maria. Como revelará mais tarde à Madre Inês – e a santa deixa assim, sem o saber, a correta chave de leitura –, ela se sente atraída pela verdade da vida de Nossa Senhora e não pela retórica com que se costuma revestir sua existência: “Não seria necessário dizer coisas inverossímeis, ou que não se sabem (...). Para que um sermão sobre Maria me agrade e me faça bem, preciso que veja sua vida real, não uma vida suposta; e estou certa de que sua vida real devia ser muito simples. Mostram a Santíssima Virgem inabordável, quando deviam mostrá-la imitável, fazer sobressair suas virtudes, dizer que ela vivia de fé como nós”.
Teresinha reconhece a grandeza de Maria (estrofe 1, 3), mas sabe também que ela é “mais Mãe que Rainha”. E o que cabe às mães? Partilhar a vida dos filhos, viver antecipadamente as situações que eles terão que viver, para educá-los, para dar-lhes o exemplo de como agir. É com esta convicção que a santa vai ao evangelho para ver, escutar e meditar as palavras e os gestos de sua Mãe, ou como muito bem já parafrasearam At 1, 1, ela vai perscrutar, para depois narrar em seu poema, o que Maria “fez e ensinou”.
As estrofes se seguem pintando Maria como uma de nós, como alguém que pratica “humildes virtudes” (estrofe 6, 4), que caminha pela “via comum” (estrofe 17, 7), que não tem privilégios e se mistura à ordinariedade da vida (estrofe 11, 1-4). Ela é pequena criatura agraciada por Deus (estrofe 3 a 5), é  a adoradora dos mistérios que se cumprem através de sua pessoa (estrofe 7, 10), é aquela que envolve no silêncio sua existência (estofe 8; estrofe 11, 5-8), que vive a esperança (estrofe 8, 8; estrofe 17 a 18)...
Contudo, em virtude da experiência pela qual passa, Teresinha enaltece de modo especial o mistério pascal de Maria. Como para todos aqueles que se põe no seguimento de Cristo, a Mãe do Senhor também conheceu o sofrimento e a dor (estrofe 2, 2) que conduzem à beatitude eterna, e aquele “para entrares em tua sublime glória, foi preciso, Senhor, que tu sofresses”, que escrevera em outra poesia (O Cântico de Irmã Maria da Trindade e da Santa Face, estrofe 3), é plenamente válido para Maria.
Nossa Senhora, como dão a sentir as estrofes de “Por que te amo, oh, Maria”, sofreu sempre em conformidade aos desígnios divinos, muitas vezes sem os compreender, mas impelida pela obediência da fé. Sofreu nas circunstâncias da anunciação (estrofe 8), no nascimento de Jesus (estrofe 9); diante da profecia de Simeão (estrofe 11), na fuga para o Egito (estrofe 12)... Sofreu ainda na perda de Jesus no Templo, mistério que para Teresinha reveste-se de cores muito específicas.
Para cantar esta passagem, a santa se estende por quatro estrofes (estrofe 13, 5 a estrofe 16), nas quais a emotividade que perpassa todo o poema assume acentos ainda mais fortes. Aí, ela encontra alento e, principalmente, a resposta para a provação da fé que vive e o exemplo a seguir. Maria, envolta em “amarga tristeza” (estrofe 13, 5), sentindo como que um exílio rigoroso (estrofe 13, 8), resigna-se a esta permissão divina. E, então, a santa, referindo-se a Jesus, dirá que ele “pode bem se esconder; consinto em esperar até o dia sem ocaso em que minha fé se extinguirá” (estrofe 16, 7-8).
O auge do sofrimento de Maria, isto é, o seu estar de pé junto à Cruz, é visto por Teresinha pelo prisma da suprema caridade. Jesus pede aos seus discípulos que se amem uns aos outros como ele os amou, e Maria nos ama “como Jesus nos ama” (estrofe 22, 1). Ela dá sua vida por amor a nós, consentindo em se afastar de seu Filho, seu tudo e a razão de seu ser, para permanecer na terra e ser amparo aos homens (estrofe 22, 4). É pela humanidade que ela, à semelhança de seu Filho, doa tudo e a si mesma (estrofe 22, 3), dá todo o sangue de seu coração (estrofe 23, 8). Um gesto como este, mostra, enfim, como Maria sabe “sofrer amando” (Estrofe 16, 4), pois a “imensa ternura” (estrofe 22, 5) de seu coração é o reflexo do Amor redentor de Jesus, que a faz “refúgio dos pecadores” (estrofe 22, 7). E, com esta atitude de acolhimento dos sentimentos do Salvador em si, ela dá ainda a máxima prova de amor a Deus. Enfim, vive a plenitude da lei: amor a Deus e amor ao próximo. No fundo, estas estrofes 22 e 23 são o eco poético do discurso sobre a caridade, redigido por esta mesma época no Manuscrito C. Composto com belas imagens (estrofe 10, 4; estrofe 16, 4; estrofe 22, 3) o poema se encerra com uma lógica encantadora. Maria viveu e sofreu como nós para nos ensinar a viver e a sofrer segundo o evangelho de seu Filho. Teresinha viveu e sofreu tendo Maria diante dos olhos, seguindo-lhe o exemplo. Maria é verdadeira Mãe, e Teresinha é verdadeira filha. Se, da maternidade e filiação, se costuma dizer “carne de minha carne, osso de meus ossos e sangue de meu sangue”, de Maria e Teresinha pode-se afirmar “alma de minha alma e espírito de meu espírito”.

Por que te amo, oh, Maria!

1. Oh! Quisera cantar, Maria, por que te amo,
Por que teu nome tão doce me faz estremecer o coração
E por que o pensamento de tua suprema grandeza
Não consegue inspirar à minha alma nenhum temor.
Se te contemplasse em tua sublime glória,
Ultrapassando o esplendor de todos os Bem-aventurados,
Não poderia acreditar que sou tua filha...
Diante de ti, oh, Maria, meus olhos, eu os abaixaria!

2. Para que um filho possa amar sua mãe, é preciso
Que ela chore com ele, partilhe suas dores...
Oh, Mãe querida! Nesta terra estrangeira,
Para atrair-me a ti, como chorastes!
Meditando tua vida no santo evangelho,
Ouso te olhar e aproximar-me de ti.
Acreditar que sou tua filha não é difícil,
Pois te vejo mortal e sofrendo como eu...

3. Quando um Anjo do Céu te ofereceu para seres a Mãe
Do Deus que deve reinar por toda eternidade,
Vejo-te preferir, oh, Maria – Que mistério! –
O inefável tesouro da virgindade.
Compreendo que tua alma, oh, Virgem Imaculada,
Seja mais cara ao Senhor que a divina morada;
Compreendo que tua alma, Humilde e Manso Vale,
Possa conter Jesus, o Oceano de Amor!...

4. Oh! Eu te amo, Maria, proclamando-te a serva
Do Deus que deslumbras com tua humildade.
Esta virtude escondida te faz poderosa,
Atrai ao teu coração a Santíssima Trindade.
Então, ao cobrir-te com sua sombra o Espírito de Amor,
O Filho igual ao Pai em ti se encarnou...
Será bem grande o número de seus irmãos pecadores,
Pois, Jesus há de se chamar o teu primogênito.

5. Oh, Mãe amada! Apesar de minha pequenez,
Como tu, em mim possuo o Todo-poderoso.
Mas, não tremo ao ver minha fraqueza:
O tesouro da mãe pertence à filha;
E sou tua filha, oh, Mãe querida.
Tuas virtudes, teu amor, não são eles meus?
Então, quando em meu coração desce a branca Hóstia,
Jesus, teu manso Cordeiro, julga repousar em ti!...

6. Tu me deixas perceber que não é impossível
Caminhar sobre teus passos, oh, Rainha dos eleitos.
O estreito caminho do Céu, tu o tornastes visível
Praticando sempre as virtudes mais humildes.
Ao teu lado, Maria, gosto de permanecer pequena;
Das grandezas desse mundo, vejo a vaidade...
Na casa de Santa Isabel que recebe tua visita,
Aprendo a praticar a ardente caridade.

7. Aí, escuto admirada, doce Rainha dos Anjos,
O sagrado cântico que brota do teu coração.
Tu me ensinas a cantar os louvores divinos
E a me glorificar em Jesus, meu Salvador.
Tuas palavras de amor são místicas rosas
Que devem perfumar os séculos futuros.
Em ti, o Todo-poderoso faz grandes coisas;
Quero meditá-las para o bendizer.

8. Quando o bom São José ignorava o milagre
Que, em tua humildade, querias esconder,
Tu o deixaste chorar junto ao Tabernáculo
Que escondia a divina beleza do Salvador!
Oh! Como amo, Maria, teu eloqüente silêncio!
Para mim, é um doce e melódico concerto
Que me fala da grandeza e da onipotência
De uma alma que só espera auxílios dos Céus...

9. Mais tarde, em Belém, oh, José e Maria,
Vejo-vos rejeitados por todas as pessoas...
Ninguém quer receber em sua hospedaria
Uns pobres estrangeiros... O lugar é para os grandiosos...
O lugar é para os grandiosos, e é num estábulo
Que a Rainha dos Céus deve dar à luz um Deus!
Oh, Mãe querida! Como me pareces amável!
Como te acho grande num lugar tão pobre!

10. Quando vejo o Eterno envolto em paninhos,
Quando do Verbo divino escuto o débil vagido,
Oh, Mãe querida! Não invejo mais os Anjos,
Pois o Senhor poderoso é meu Irmão querido!
Como te amo, Maria, tu que em nossa terra
Fizeste desabrochar esta flor divina!
Como te amo, escutando os pastores e os magos
E tudo guardando em teu coração, com cuidado!

11. Amo-te em meio às outras mulheres
Que para o templo santo se dirigem.
Amo-te apresentando o Senhor de nossas almas
Ao ditoso Ancião que o aperta em seus braços.
Primeiro, sorrindo, escuto seu cântico,
Mas, logo, seu tom me faz lágrimas verter.
Lançando ao futuro um profético olhar,
Simeão te apresenta uma espada de dor.

12. Oh, Rainha dos Mártires! Até o findar de tua vida
Esta espada de dor transpassará teu coração.
Já tens que deixar o Sol de tua pátria
Para evitares, de um rei, o furor invejoso.
Jesus dorme em paz sob as dobras do teu véu,
José vem te pedir para depressa partir,
E a tua obediência logo se revela:
Partes sem nenhuma demora, sem nada pensar...

13. Na terra do Egito, me parece, oh, Maria,
Que, na pobreza, teu coração continua feliz.
Pois, não é Jesus a mais bela Pátria?
Que te imposta o exílio? Possuis os Céus!
Mas, em Jerusalém, uma amarga tristeza,
Tão vasta como o oceano, vem inundar teu coração:
Jesus, durante três dias, se esconde aos teus carinhos.
É, então, o exílio em todo o seu rigor!...

14. Enfim, o encontras e a alegria te invade.
Dizes ao belo Infante que encanta os Doutores:
“Oh, meu Filho! Por que agiste assim?
Teu pai e eu te procurávamos chorando.”
E o Menino Deus respondeu – Oh! Que profundo mistério! –
À Mãe querida que lhe estende seus braços:
“Por que me procuráveis? Às coisas de meu Pai
É preciso que me dedique. Vós não o sabíeis?”

15. O evangelho me ensina que, crescendo em sabedoria
A José e Maria, Jesus era submisso.
E meu coração revela com que ternura
Ele sempre obedecia a seus queridos pais.
Agora, compreendo o mistério do templo,
As palavras veladas do meu amável Rei...
Teu doce Filho, Mãe, quer que sejas o exemplo
Da alma que o busca na noite da fé!

16. Já que o Rei dos Céus quis que sua Mãe
Mergulhasse na noite, na agonia do coração,
Maria, então, é um bem sofrer sobre a terra?
Sim, sofrer amando é a mais pura felicidade!
Tudo o que ele meu deu, Jesus pode retomá-lo.
Diz para ele não se incomodar comigo.
Pode bem se esconder; consinto em esperar
Até o dia sem ocaso em que minha fé se extinguirá.

17. Sei que em Nazaré, Mãe cheia de graça,
Viveste muito pobremente, nada mais querendo.
Nem arroubos, nem milagres, nem êxtases
Embelezam tua vida, oh, Rainha dos eleitos!
É bem grande sobre a terra o número dos pequeninos.
Para ti, eles podem, sem tremer, erguer os olhos.
É pela via comum, incomparável Mãe,
Que te apraz caminhar para os guiar aos Céus.

18. Esperando o Céu, oh, Mãe querida,
Contigo quero viver, te seguir a cada dia.
Mãe, ao te contemplar, mergulho extasiada,
Descobrindo em teu coração os abismos do amor.
Teu materno olhar afasta todos os meus medos;
Ele me ensina a chorar, me ensina a gozar.
Ao invés de desprezar as puras e santas alegrias,
Queres partilhá-las, te dignas a abençoá-las.

19. Vendo a aflição dos esposos de Caná,
Que não a podem esconder, pois lhes falta o vinho,
Ao Salvador o dizes, em tua solicitude,
Esperando o socorro do seu divino poder.
De início, Jesus parece recusar teu pedido:
“Que imposta, Mulher, a vós e a mim?” – respondeu.
Mas, no fundo do seu coração, chama-te Mãe,
E seu primeiro milagre, ele o fez por ti...

20. Um dia em que os pecadores escutavam a doutrina
Daquele que no Céu os queria receber,
Te encontro em meio a eles, Maria, sobre a colina.
Alguém diz a Jesus que o querias ver.
Então, teu divino Filho, diante da multidão inteira,
Mostra a imensidão do seu amor por nós.
Diz: “Quem é meu irmão, minha irmã e minha Mãe,
Senão aquele que faz a minha vontade?”

21. Oh, Virgem Imaculada! A mais terna das mães!
Escutando Jesus, tu não ficas triste,
Mas te alegras porque ele nos faz compreender
Que nossa alma se torna sua família na terra.
Sim, tu te alegras por ele nos dar sua vida,
Os tesouros infinitos de sua divindade!
Como não te amar, oh, Mãe querida,
Vendo tanto amor e tanta humildade?

22. Tu nos amas, Maria, como Jesus nos ama
E consentes, por nós, em te afastares dele.
Amar é tudo doar e doar a si mesmo.
Quiseste prová-lo permanecendo nosso apoio.
O Salvador, conhecendo tua imensa ternura,
Conhecia os segredos do teu coração materno.
Refúgio dos pecadores, é a ti que ele nos deixa
Quando abandona a Cruz para nos esperar no Céu.

23. Maria, tu me apareces no alto do Calvário
De pé junto da Cruz, como um sacerdote no altar
Oferecendo, para apaziguar a Justiça do Pai,
Teu amado Jesus, o doce Emanuel...
Disse o profeta, oh, Mãe desolada:
“Não há dor igual à tua dor!”
Oh, Rainha dos Mártires! Ficando no exílio,
Tu nos dás todo o sangue do teu coração!

24. A casa de São João se torna teu único abrigo;
Os filhos de Zebedeu devem ficar no lugar de Jesus...
É o último detalhe que o evangelho nos dá;
Da Rainha do Céu não fala mais.
Mas, seu profundo silêncio, oh, Mãe querida,
Não revela que o Verbo eterno
Quer ele mesmo cantar os segredos de tua vida
Para encantar os teus filhos, todos os eleitos do Céu?

25. Em breve, ouvirei esta doce harmonia...
Em breve, no belo Céu, hei de te ver...
Tu que vieste me sorrir na manhã de minha vida,
Vem sorrir-me de novo... Mãe... Eis que o dia já declina!...
Já não temo o esplendor de tua sublime glória.
Contigo sofri e quero, agora,
Cantar no teu regaço, Maria, por que te amo
E repetir para sempre que sou tua filha!...
A Teresinha...


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Fonte: Obras Completas, escritos e últimos colóquios de Santa Teresa do Menino Jesus e da Santa Face. São Paulo: Editora Paulus, 2002.



Inspirada nesta composição de Santa Teresinha,
temos a música “Por que te amo, oh, Maria” da Irmã Kelly Patrícia.
Para ouvir e/ou fazer o download basta clicar aqui!



sábado, 22 de outubro de 2011

Beato João Paulo II, 22 outubro


Sou todo Vosso, Mãe e Senhora!
Há certos acontecimentos da vida de João Paulo II que são dignos de memória, mais ainda que
outros. São aquelas atitudes do Servo de Deus que ainda rendem bons frutos nessa Terra
e terão desdobramentos eternamente, no Céu. Falar sobre isso nunca será demais:
a justiça e a gratidão exigem que esses gestos sejam sempre lembrados.
Beatificação: fatos dignos de memória
Sobre o "Papa que veio de longe" - timoneiro da "Barca de Pedro" por quase 27 anos - veremos desfilar comentários sobre sua atuação como sacerdote, bispo, arcebispo e cardeal na Polônia ainda comunista. Saberemos como foram seus estudos, sua prisão pelos nazistas, sua política diplomática e suas visitas apostólicas a 129 países.
Conheceremos sua atuação durante o concílio. Poderemos avaliar detalhes e consequências do atentado que sofreu em 1981, bem como de sua doença. Serão lembrados seus sofrimentos e também as alegrias, tristezas e esperanças de seus 84 anos de vida. E é bom que seja assim mesmo: João Paulo II viveu de modo assinalado a História da Igreja e da humanidade. Até que se esgote tudo que se tem a dizer sobre ele, passará um bom tempo.
No entanto, haverá ainda outras atitudes de Karol Wojtyla, outros acontecimentos também dignos de memória. Eles também são história e devem ser lembrados. São fatos praticados pelo Servo de Deus que ainda continuam a render bons frutos nessa Terra e terão desdobramentos no Céu, eternamente.01.jpg
Falar sobre isso nunca será demais e a justiça e gratidão exigem que eles sejam sempre lembrados.
Devoto de Maria
Dentro dessa perspectiva estariam, por exemplo, as expressões de devoção a Nossa Senhora, a catequese e todo o apostolado Marial exercido pelo Papa João Paulo II.
Porém, seria um desafio quase invencível enumerar ---mesmo sinteticamente--- todos seus pensamentos, todas suas atitudes e desejos a propósito da Virgem Maria. Nessa contingência, sem a pretensão de esgotá-los, relembremos fatos e manifestações que evocam a devoção de João Paulo II a Maria Santíssima, seus desdobramentos e consequências.
"Totus tuus"
Poucas horas depois de ter sido eleito Papa (17 de outubro de 1978), dirigindo-se ao mundo todo, afim de enunciar as grandes linhas de seu pontificado, ele afirmou: "Nesta hora, [...] não podemos deixar de voltar, com filial devoção, o nosso olhar para a Virgem Maria [...], repetindo as palavras "totus tuus" (todo teu), que [...] gravamos em nosso coração e em nossas armas, no dia da ordenação episcopal".
O que dizer de um homem que, ao atingir a situação mais elevada e augusta dessa Terra, proclama ser "todo de Nossa Senhora"? A resposta é simples e sem exageros: João Paulo II mostrava, assim, ser um homem predestinado. Pois, quem tem devoção a Nossa Senhora traz em sua alma a marca da predestinação.
Consagração a Jesus Cristo pelas Mãos de Maria
Durante seu longo pontificado, nas mais diversas situações, ele tinha seus olhos voltados constantemente para Nossa Senhora.
Aproveitou-se de ocasiões solenes ou intimas, visitas a grandes santuários ou a pequenas igrejas e capelas, fóruns internacionais ou encontros privados para, sempre, renovar sua "consagração a Cristo pelas mãos de Maria" (RMa 48).
Ele escolheu este meio para mostrar ao mundo seu amor à Virgem Maria e seu desejo de viver fielmente esse compromisso de fidelidade a sua devoção mariana. E assim ele agiu até o fim de sua vida.
De onde ele auriu e encontrou fundamentos para essa entranhada devoção a Nossa Senhora?
Sem dúvida alguma, na Tradição Católica e nos exemplos de vida de inúmeros santos. Contudo, a mariologia de João Paulo II foi beneficamente influenciada, sobretudo, por S. Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716) que afirmava: "Toda a nossa perfeição consiste em sermos configurados, unidos e consagrados a Jesus Cristo. Portanto, a mais perfeita de todas as devoções é, incontestavelmente, aquela que nos configura, une e consagra mais perfeitamente a Jesus Cristo.
Ora, sendo Maria, entre todas as criaturas, a mais configurada a Jesus Cristo, daí se conclui que, de todas as devoções, a que melhor consagra e configura uma alma a Nosso Senhor é a devoção a Maria, sua santa Mãe; e quanto mais uma alma for consagrada a Maria, tanto mais será a Jesus Cristo" (Tratado, 120 - in RVM 15).
História de uma devoção
Na verdade, a relação de Karol Wojtyla com Nossa Senhora começou quando ele era menino. Sua mãe terrena morreu quando ele tinha sete anos e o pequeno órfão logo habituou-se a rezar diariamente junto a uma imagem de Nossa Senhora de sua paróquia. Karol desabafava suas alegrias, tristezas e esperanças diante da Mãe Celestial, tal como faria com a sua mãe e, talvez, até com mais confiança. De Nossa Senhora sua alma de criança recebia compreensões e afagos que só a melhor das mães sabe dar.
Tendo nascido e vivido na Polônia onde a maioria de seus compatriota02.jpgs veneram a Virgem de Czestochowa, padroeira de sua abençoada e mariana terra, esta relação cresceu ao longo da sua existência acompanhando-o em sua formação e durante a vida de sacerdote.
Quando foi eleito bispo, tomou como lema a descrição de um estado de vida que já havia assumido antes e vivia: Totus Tuus. Todo Teu! Uma de suas frases poderia resumir a razão de ele dizer "Totus Tuus" a Maria: "Importa reconhecer que, antes de que qualquer outro, o próprio Deus, o Pai eterno, confiou-se à Virgem de Nazaré, dando-lhe o próprio Filho no mistério da Encarnação" (RMa 39).
"Rosario: minha oração predileta!"
"O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e profundidade".
Estas palavras de João Paulo II, ditas em 20 de outubro de 1978, uma semana depois de ter sido eleito Papa, ajudam a mostrar atitudes de uma espiritualidade que ele vivia e que tomou mais corpo durante seu pontificado. Nesse período, ele aprofundou e amadureceu sua devoção a Nossa Senhora e disso dava sempre mostras: rezava constantemente o rosário.
Era frequente vê-lo rezar o terço devotamente nos momentos de pausa, em seus traslados no papamóvel, nos encontros mais longos com jovens, enquanto eles executavam músicas para ele, e nas horas de recolhimento diante do Santíssimo Sacramento ou de uma imagem de Nossa Senhora.
Suas inúmeras e importantes atividades nunca foram empecilho que justificassem deixar de rezar o terço. Tornou-se conhecido o fato de que nas audiências que concedia ou nas visitas que fazia, o presente que mais oferecia era sempre um rosário, mesmo que a pessoa não fosse católica ou nem tivesse Fé alguma. Ele chegou mesmo a afirmar que "nunca como no Rosário o caminho de Cristo e o de Maria aparecem unidos tão profundamente. Maria só vive em Cristo e em função de Cristo."
Contemplar com Maria o rosto de Cristo
Não causa espanto que João Paulo II tenha desejado dedicar ao Santo Rosário o ano que antecedeu o Jubileu de Prata de seu pontificado. Essa foi uma atitude querida por ele para incentivar "a contemplação do rosto de Cristo na companhia e na escola de sua Mãe Santíssima. Com efeito, recitar o Rosário nada mais é [que] contemplar com Maria o rosto de Cristo" (RVM - 3). Assim, depois de 25 anos na direção da Igreja, o já então ancião Karol Wojtyla confirmava, uma vez mais, o "Totus Tuus" da sua vida.
"Meditar com o Rosário significa entregar os nossos cuidados aos corações misericordiosos de Cristo e da sua Mãe. À distância de vinte e cinco anos, ao reconsiderar as provações que não faltaram nem mesmo no exercício do ministério petrino, desejo insistir, como para convidar calorosamente a todos, a fim de que experimentem pessoalmente isto mesmo: verdadeiramente o Rosário «marca o ritmo da vida humana» para harmonizá-la com o ritmo da vida divina, na gozosa comunhão da Santíssima Trindade, destino e aspiração da nossa existência".
Ano do Rosário, ano para o rosário
João Paulo II escreveu na Carta Apostólica "Rosarium Virignis Mariae": "na esteira da reflexão oferecida na Carta apostólica "Novo millennio ineunte" na qual convidei o Povo de Deus, após a experiência jubilar, a "partir de Cristo" senti a necessidade de desenvolver uma reflexão sobre o Rosário, uma espécie de coroação mariana da referida Carta apostólica, para exortar à contemplação do rosto de Cristo na companhia e na escola de sua Mãe Santíssima. Com efeito, recitar o Rosário nada mais é senão [que] contemplar com Maria o rosto de Cristo. Para dar maior relevo a este convite, [...] desejo que esta oração seja especialmente proposta e valorizada nas várias comunidades cristãs durante o ano. Proclamo, portanto,o período que vai de Outubro deste ano até Outubro de 2003 Ano do Rosário.
Constante Apostolado através de Maria...
O Papa João Paulo II sempre quis deixar patente diante de todos sua devoção a Nossa Senhora. Essa devoção era uma forma de ele caminhar na santificação, sem dúvida, mas os efeitos dela tinham como corolário fazer apostolado, atrair mais almas para Cristo. Ele sabia que os exemplos influenciam, entusiasmam e arrastam.
João Paulo II encontrou no exercício dessa devoção um modo de, ao mesmo tempo, mostrar seu apreço pela Virgem Maria e praticar uma catequese mariana, alcançando assim um número maior de almas que pudessem abrir seus corações para Jesus Cristo.03.jpg
Todos sabiam que, depois de Papa, ---como já fazia na Polônia--- nunca deixou de praticar a popular devoção dos primeiros sábados, conforme o pedido de Nossa Senhora aos pastorezinhos de Fátima.
Ele quis também demonstrar sua devoção a Nossa Senhora quando atribuiu à intercessão de Maria o fato de ter sobrevivido ao atentado que sofreu na Praça de São Pedro, em 13 de maio de 1981, uma data especialmente associada às aparições da Virgem em Fátima.
...nas audiências públicas
Ele utilizou-se das sempre muito concorridas audiências públicas das quartas-feiras para difundir as glórias de Maria e propagar a devoção a Ela. Entre os anos de 1995 e 1997, em 58 delas, o Sumo Pontífice teve Nossa Senhora como assunto constante dessas audiências.
Com uma didática simples e direta, capaz de atingir qualquer nível de cultura, ele proporcionou aos que tomaram conhecimento dessas homilias uma incursão através de diversos e variados temas que constituem a mariologia.
Numa delas, João Paulo II tratou da "Devoção mariana e o culto das imagens". Foi, então, uma ocasião para Ele afirmar:
"Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher...(Gl 4,4). O culto mariano funda-se sobre a admirável decisão divina de ligar para sempre, como recorda o apóstolo Paulo, a identidade humana do filho de Deus a uma mulher, Maria de Nazaré.
O mistério da maternidade divina e da cooperação de Maria na obra redentora suscita nos crentes de todos os tempos uma atitude de louvor, quer para com o Salvador quer [para com] Aquela que O gerou no tempo, cooperando assim na redenção.
Um ulterior motivo de reconhecido amor pela Bem-aventurada Virgem é oferecido pela sua maternidade universal. Ao escolhê-la como Mãe da humanidade inteira, o Pai celeste quis revelar a dimensão, por assim dizer materna, da Sua ternura divina e da Sua solicitude pelos homens de todas as épocas" (A Virgem Maria - 58 Catequeses do Papa sobre Nossa Senhora. - Aquino, Felipe Rinaldo Queiroz de (org.). - 6ª. ed. - Lorena: Cléofas, 2006, p. 171).
Em outra dessas audiências das quartas feiras, João Paulo II tratou sobre "A oração de Maria". O Papa assim concluía sua reflexão:
"Tendo recebido de Cristo a salvação e a graça, a Virgem é chamada a desempenhar um papel relevante na redenção da humanidade. Com a devoção mariana os cristãos reconhecem o valor da presença de Maria no caminho rumo à salvação, recorrendo a Ela para obter todo o gênero de graças. Eles sabem sobretudo que podem contar com a sua intercessão materna, para receber do Senhor [tudo] quanto é necessário ao desenvolvimento da vida divina e à obtenção da salvação eterna.
Como atestam os numerosos títulos atribuídos à Virgem e as peregrinações ininterruptas aos santuários marianos, a confiança dos fiéis na Mãe de Jesus impele-os a invocá-la nas necessidades quotidianas. Eles estão certos de que o seu coração materno não pode permanecer insensível às misérias materiais e espirituais de seus filhos" (idem - p. 181).
...em qualquer ocasião oportuna
As homilias de João Paulo II sobre a Bem-aventurada Virgem Maria e seu papel e lugar no mistério de Cristo e da Igreja chegam às centenas, não se limitando apenas às alocuções das quartas feiras. Ele dedicou também, em diversas outras ocasiões, um número enorme de orações e consagrações à Santíssima Virgem.
Às vezes, de passagem, em um discurso, uma audiência, ou outra oportunidade qualquer, relevante ou não, nascidas de seu coração, vinham à tona orações, lembranças ou algumas palavras sobre Nossa Senhora e a necessidade de se ter devoção a Ela. Eram sempre palavras acessíveis, porém, elevadas e com fundamento teológico profundo.
Os mistérios de Luz
Se quisermos completar um pouco mais o perfil mariano da alma de João Paulo II, seria bom lembrarmos que ele escreveu a encíclica "Redemptoris Mater" e também a carta apostólica "Rosarium Virginis Mariae".
Estes escritos trazem um conjunto de pensamentos, meditações e afirmações de um Papa que já havia caminhado bastante na estrada de Maria. Eles trazem reflexões de um coração que se apaixonou pela Santa Mãe de Deus, a Virgem Maria.
Como corolário dessas meditações sobre o Rosário, o Papa acrescentou a ele um conjunto novo de cinco mistérios. Eles formam a quarta parte do Rosário e receberam a denominação de "Mistérios Luminosos" ou "Mistérios da Luz".
"Quando recita o Rosário, a comunidade cristã está em sintonia com a memória e com o olhar de Maria." (RVM) Os cinco mistérios acrescentados ao Santo Rosário colocarão o fiel em um tempo maior de contato com Nossa Senhora. E isso é fundamental para o católico, pois, "percorrer com Maria as cenas do Rosário é como ir à 'escola' de Maria para ler a Cristo, para penetrar em seus segredos, para entender sua mensagem."
João Paulo II e Fátima
Provavelmente, a devoção do Papa João Paulo II a Nossa Senhora de Fátima veio de sua época de infância e juventude, pois, na Polônia, desde cedo, a história e a mensagem da Senhora da Cova da Iria foram bastante difundidas.
Os Bispos poloneses participantes do Concílio Vaticano II estavam entre os que mais se entusiasmaram quando s tratou da realização da consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, segundo o pedido de Nossa Senhora, em Fátima. Entre estes bispos estava o ainda jovem Dom Wojtyla que participou ativamente da defesa e divulgação dessa Consagração.
Assim ele resumiu seu pensamento sobre esta temática: "Consagrar o mundo ao Coração Imaculado de Maria significa aproximar-nos, mediante a intercessão da Mãe, da própria Fonte da Vida, nascida no Gólgota. Este Manancial escorre ininterruptamente, dele brotando a redenção e a graça." (Homilia do Papa João Paulo II,Fátima, 13 de maio de 1982- in Revista Arautos do Evangelho, Fev/2011, n. 110)
O então Dom Karol Wojtyla participou das quatro sessões do II Concílio do Vaticano. Estava presente quando o Papa Paulo VI anunciou o envio da rosa de ouro ao Santuário de Fátima (21 de Novembro de 1964) e o convite do Cardeal Cerejeira, na última sessão do Concílio, a todos os bispos do mundo, para irem ao Santuário no cinquentenário das aparições (1967).04.jpg
Ao sobrevoar o território de Portugal ---25 de janeiro de 1979--- João Paulo II lembrava-se de Fátima em sua mensagem ao presidente: "com cordiais saudações, vai o nosso pensamento para o dileto povo português, auspiciando-lhe e implorando a Maria Santíssima, tão cultuada especialmente em Fátima, a contínua assistência e favores de Deus" (OR, 11 Mar. 1979, p. 2).
Proteção de Fátima: o Papa não morreu
Em 13 de Maio de 1981 completavam 64 anos da primeira aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria. Era também comemorado o cinquentenário da consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria e o Episcopado Português tinha resolvido que nesse dia seria renovada essa consagração. Para a ocasião, João Paulo II havia enviado um telegrama afirmando considerar-se presente à cerimônia.
O Cardeal D. Antônio Ribeiro leu o texto da consagração e a prece pelas intenções do Papa. Leu também uma mensagem onde agradecia o telegrama do Papa e, em nome de todos, pedia a Nossa Senhora "as melhores graças e bênçãos de Deus" para o Papa (cfr. "Voz da Fátima", 13 Jun. 1981; OR, 9 Mai. 1982, p. 7, cols. 3-4).
Justamente na tarde deste mesmo dia chegou a notícia do atentado contra o Papa. Desde então, no Santuário de Fátima as autoridades eclesiásticas e os peregrinos se uniram em oração pelo Papa.
"Não podíamos deixar morrer o Santo Padre. Pela proteção de Nossa Senhora, Consoladora dos Aflitos, Saúde dos Enfermos, Mãe da Santa Esperança, o Papa não morreu", dizia o Bispo de Leiria, um ano depois. (OR, 9 Mai. 1982, p. 9, col. 1-2).
No ritmo da "Senhora da Mensagem"
Podemos afirmar que, desde esse dia, o pontificado do Papa João Paulo II decorreu ao ritmo da "Senhora da Mensagem", como ele costumava dizer. Alguns momentos são significativos e mostram essa sintonia com a mensagem de Fátima:
- 13 de Maio de 1982 - primeira peregrinação do Papa ao Santuário de Fátima;
- a consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, na Praça de S. Pedro, na presença da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, da Capelinha das Aparições, a 25 de Março de 1984;
- a segunda peregrinação, no décimo aniversário do atentado, a 13 de Maio de 1991;
- a terceira peregrinação com a beatificação dos pastorezinhos Francisco e Jacinta, em Fátima, e o anúncio da terceira parte do segredo de 1917, a 13 de Maio do ano jubilar de 2000, e a sua revelação completa, a 20 de Junho do mesmo ano.
- Finalmente, a nova ida da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, à Praça de S. Pedro, no dia 8 de Outubro de 2000, quando o Papa João Paulo II consagrou a Nossa Senhora o novo milênio, na presença dos bispos do mundo inteiro.
Em alocuções e outros documentos oficiais de seu pontificado, João Paulo II refere-se a Nossa Senhora de Fátima em 110 ocasiões diferentes.
O Papa João Paulo II teve uma última atenção para com Fátima: enviou uma mensagem para a Irmã Lúcia que, a 13 de fevereiro de 2005 ainda a pode ler poucas horas antes de falecer. Menos de dois meses depois, 2 de abril, quando morreu João Paulo II, na Praça de S. Pedro ouvia-se constantemente o "Ave de Fátima". Cantando, o povo associava definitivamente João Paulo II a Nossa Senhora de Fátima.
Fonte: Arautos do Evangelho
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