sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Ide e fazei discípulos entre as nações

II Encontro Internacional de preparação da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013

RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 30 de novembro de 2012
 - Tivemos a alegria de acolher nesta semana o II Encontro Internacional de preparação da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 que será a primeira em língua portuguesa da história! Mais de 75 países estavam representados: bispos, padres, religiosos, consagrados, jovens. Estava presente o Pontifício Conselho dos Leigos com toda a coordenação, e também a CNBB com a Comissão Episcopal para a Juventude. Esteve entre nós o Núncio Apostólico, representante do Papa no Brasil. Recebemos as visitas das autoridades do município, do estado e do país, além dos representantes presentes no decorrer do encontro. Foi um momento de esclarecimento, conhecimento, celebrações, visitas, discussão de assuntos, estudos – tudo para bem preparar esse encontro que dá ao jovem o protagonismo e a responsabilidade do presente e do futuro do mundo. Durante esse tempo, tivemos a oportunidade de escutar e aprofundar a mensagem do Papa Bento XVI para a JMJ Rio 2013.
Nós a recebemos com muita alegria: é a mensagem do Papa para a XXVIII Jornada Mundial da Juventude, que nossa “cidade maravilhosa” sediará em julho de 2013. Nessa mensagem, o Santo Padre convida toda a juventude, em especial aquela que estará presente aqui na cidade do Rio de Janeiro, a empreender os esforços necessários para que esse maravilhoso momento de graça produza os frutos para os quais se destina.
A Jornada Mundial da Juventude, de acordo com o próprio texto da carta do Papa, é, acima de tudo, uma chamada urgente. Assim ele se expressa por reconhecer nos jovens a esperança do amanhã tanto em relação à Fé Cristã quanto em relação à sociedade de modo geral. Em outras palavras, são os jovens que, recolhendo o melhor do exemplo e do ensinamento de seus pais e mestres, irão constituir a sociedade do amanhã. E o Santo Padre recorda o texto da mensagem conciliar que depende da juventude “salvar-se” ou “perecer” na construção desse “amanhã”.
Essa consciência deve estar arraigada na juventude não de modo efêmero, mas de modo perene. Embora muitos pensem ou afirmem o contrário, a juventude em geral não é irresponsável ou adepta de uma instabilidade de vida, mas sim desejosa de dias melhores, comprometida com o seu amanhã, e, com isso, empreendedora de inúmeros esforços para obter suas conquistas. Nessa perspectiva, a novidade de Cristo, que ama, nos ensina a amarmo-nos mutuamente e nos impele a transmitir a essência e a beleza desse seu amor a todos, pode e deve ser a motivação do ímpeto juvenil que protagoniza a busca pela civilização do amor.
Atualmente, vivemos numa sociedade em que o progresso técnico e a globalização nos permitem empreender grandes coisas em favor do futuro, sobretudo no que tange à aproximação de pessoas e nações. Todavia, a forte inclinação ao materialismo, que o uso desses meios pode gerar, deve deixar em nós a observância em primeiro lugar do preceito do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
A atualidade dessa verdade e a necessidade desse anúncio acerca do amor que nos une a Deus e entre nós mesmos é perceptível no nosso dia-a-dia. É urgente testemunhar Cristo, a fim de que o mundo não só creia Nele, mas se configure a Ele. Trata-se da atualidade do mandato de Cristo aos apóstolos, que perenemente ecoa na Igreja e deve ecoar nos corações de todos nós, sobretudo nos coração da juventude: “ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. (Mc 16)
Entretanto, como empreender este anúncio? Como ser missionário? Em primeiro lugar, significa ser discípulo de Cristo e ser dócil àquilo que Ele nos ensina. O discípulo é aquele que aprende e realiza tudo aquilo que seu mestre ensina e, de modo muito mais eminente e significativo, com a Fé Cristã acontece assim. A vivência da Fé exige de nós uma configuração, uma docilidade desmedida aos ensinamentos do Mestre e, sem dúvida, o primeiro e o maior dos ensinamentos que Dele aprendemos é o amor. Esse amor de Deus, contudo, só se conhece e se permite difundir se com Cristo estabelecermos acima de tudo uma profunda e sincera amizade.
Todos os que sabem viver uma verdadeira amizade sabem que, entre amigos, a base fundamental do progresso de uma amizade é transparência e docilidade para com a pessoa do amigo. A amizade também supõe o conhecimento mútuo. Temos certeza de que o Senhor nos conhece; todavia, precisamos não nos cansar de buscar conhecê-Lo, a fim de que, conhecendo-O, nos configuremos a Ele de tal forma que nos tornemos imagens vivas do seu amor e de sua propagação ao nosso próximo.
“Temos que conhecer a nossa fé assim como um especialista em informática domina o sistema operacional de um computador; compreendê-la como um bom músico entende a partitura” – diz-nos o Santo Padre. Pois bem, o ponto de partida para esse conhecimento é a meditação da Palavra de Deus e o conhecimento dos alicerces da nossa Fé, que, mediante o Catecismo, obtemos. Somente conhecendo o que nos congrega em torno de Cristo podemos levá-Lo ao mundo. Não podemos nos fechar em nós mesmos; a juventude necessariamente não pode fechar-se em si mesma. É preciso que ela esteja pronta a levar adiante a Fé que vive, mudando os hábitos e convertendo as diversas realidades tanto pessoais quanto sociais. Nessa perspectiva, o Santo Padre convida a juventude a empreender, de modo mais solícito, seu empenho missionário em dois pontos caracteristicamente fortes de nosso tempo: os meios de comunicação, sobretudo a internet, mas também a mobilidade.
Verdadeiro e vasto continente são os meios de comunicação, e torna-se sempre urgente de nossa juventude, dominadora de seus mecanismos, a sua evangelização e a sua transformação. A mensagem de Cristo deve ser feita nos meios de comunicação, pois é uma das melhores formas de corresponder ao apelo urgente de levar Cristo ao mundo. São muitas as oportunidades, e também neles (meios de comunicação) o desafio fundamental que temos pela frente, de mostrar a capacidade da Igreja para promover e formar discípulos e missionários que respondam à vocação recebida e a comuniquem por toda parte, transbordando de gratidão e alegria o dom do encontro com Jesus Cristo" (cf. Documento de Aparecida, 14).
Nesse sentido, o olhar da juventude deve voltar-se também para aqueles que vivem em situação de mobilidade. O dia-a-dia muitas vezes exige das pessoas o ir e vir entre várias localidades, seja por motivos de estudo, trabalho, ou mesmo de afazeres diversos. A essas pessoas, é necessário que a mensagem da Fé Cristã chegue e acompanhe-as. É preciso que reconheçam em Cristo a motivação e a alegria para a jornada travada no dia-a-dia, que se aproximem dele como de um amigo e partilhem com ele o seu interior. Diante disso, eis a responsabilidade da juventude: – e caminhada para a próxima Jornada Mundial – abraçar o desafio de testemunhar a liberdade e a felicidade que provém de Cristo em um mundo tão conturbado de valores e tão dominado pela instabilidade do dia-a-dia.
Em suma, é preciso que tenhamos consciência de que “a evangelização autêntica nasce sempre do encontro com o Senhor: para poder falar de Deus, devemos primeiro falar com Deus.” (n.6) Somente no constante diálogo com Deus tanto será possível testemunhá-Lo da melhor forma quanto resistir às possíveis adversidades que tal anúncio pode trazer àqueles que a Ele se dedicam espontânea e generosamente. Para isso, não esqueça a nossa juventude da suprema e fundamental importância de uma verdadeira vida eucarística, que se dá mediante a participação regular e sincera na Missa dominical e nos demais dias em que houver condições. A Eucaristia é a fonte da missão da Igreja e somente nela podemos receber o impulso e o sustento necessário para a nossa vida de modo pessoal, bem como para a missão a que todos nós somos chamados a empreender. A nossa fé trata-se de um “tesouro guardado em vasos de barro para que todos reconheçam que este poder extraordinário vem de Deus e não de nós” (cf. 2 Cor 4,7).
Portanto, que neste momento em que a Jornada Mundial da Juventude retorna à América Latina e chega pela primeira vez à nossa nação, a juventude é convocada a testemunhar as razões pelas quais nosso continente é chamado “continente da esperança”. De modo muito particular, a cidade do Rio de Janeiro, a “cidade maravilhosa”: temos o desafio de sublinhar com um testemunho concreto que, além das belezas naturais, a nossa cidade possui a beleza de um povo de fé e uma juventude apaixonada por Cristo, que não mede esforços para levar a todos a maravilhosa experiência do amor que Dele provém, mediante a sincera amizade a que todos são chamados a estabelecer com Cristo.
Eis o apelo de Cristo ao qual somos chamados a corresponder, caros jovens, e nas mãos de todos vocês está a intensidade da correspondência ao Senhor: “Ide e fazei discípulos entre as nações.” (cf. Mt 28,19)

† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Fonte: ZENIT.org

"Deus é uma realidade da nossa vida"



 Apresentamos a seguir a catequese do papa Bento XVI realizada durante a Audiência Geral de quarta-feira, 28 de novembro, na Sala Paulo VI, no Vaticano. Nesta catequese, o Papa trouxe respostas acerca das interrogações que surgem mediante a necessidade de anunciar o Reino de Deus “aos corações fechados dos nossos contemporâneos”, conforme expressou Bento XVI. 




O Ano da Fé. Como falar de Deus?
Queridos irmãos e irmãs,
A pergunta central que hoje nos fazemos é a seguinte: como falar de Deus no nosso tempo? Como comunicar o Evangelho, para abrir estradas para  sua verdade salvífica nos corações muitas vezes fechados dos nossos contemporâneos e nas mentes tantas vezes distraídas por tantos estímulos da sociedade? Jesus mesmo, dizem-nos os Evangelistas, ao anunciar o Reino de Deus se perguntou: “A que podemos comparar o reino de Deus e com que parábola podemos descrevê-lo?” (Mc 4,30). Como falar de Deus hoje? A primeira resposta é que nós podemos falar de Deus, porque Ele falou conosco. A primeira condição para falar de Deus é então a escuta do que Deus mesmo disse. Deus falou conosco! Deus não é uma hipótese distante sobre a origem do mundo; não é uma inteligência matemática muito distante de nós. Deus se interessa por nós, nos ama, entrou pessoalmente na realidade da nossa história, se auto-comunicou até encarnar-se. Então, Deus é uma realidade da nossa vida, é tão grande que tem também tempo para nós, ocupa-se de nós. Em Jesus de Nazaré nós encontramos a face de Deus, que desceu do seu Céu para imergir-se no mundo dos homens, no nosso mundo, e ensinar a “arte de viver”, o caminho da felicidade; para libertar-nos do pecado e tornar-nos filhos de Deus (cfr Ef 1,5; Rm 8,14). Jesus veio para salvar-nos e mostrar-nos a vida boa do Evangelho.
Falar de Deus quer dizer antes de tudo ter bem claro o que devemos levar aos homens e às mulheres do nosso tempo: não um Deus abstrato, uma hipótese, mas um Deus concreto, um Deus que existe, que entrou na história e está presente na história; o Deus de Jesus Cristo como resposta à pergunta fundamental do porquê e do como viver. Por isto, falar de Deus requer uma familiaridade com Jesus e o seu Evangelho, pressupõe uma nossa pessoal e real consciência de Deus e uma forte paixão pelo seu projeto de salvação, sem ceder à tentação do sucesso, mas seguindo o método do próprio Deus. O método de Deus é aquele da humildade – Deus se faz um de nós – é o método realizado na Encarnação na casa simples de Nazaré e na gruta de Belém, aquele da parábola do grão de mostarda. Não devemos temer a humildade dos pequenos passos e confiar no fermento que penetra na massa e lentamente a faz crescer (cfr Mt 13,33). No falar de Deus, na obra de evangelização, guiados pelo Espírito Santo, é necessária uma recuperação da simplicidade, um retornar ao essencial do anúncio: a Boa Notícia de um Deus que é real e concreto, um Deus que se interessa por nós, um Deus-Amor que se faz próximo de nós em Jesus Cristo até a Cruz e que na Ressurreição nos doa a esperança e nos abre a uma vida que não tem fim, a vida eterna, a verdadeira vida. Aquele excepcional comunicador que foi o apóstolo Paulo nos oferece uma lição que vai exatamente ao centro da fé do problema “como falar de Deus” com grande simplicidade. Na Primeira Carta aos Coríntios escreve: “Quando cheguei no meio de vós, não me apresentei para anunciar o mistério de Deus com excelência da palavra ou de sabedoria. Decidi, na verdade, não dever saber coisa alguma no meio de vós senão Jesus Cristo, e Cristo crucificado” (2,1-2). Então, a primeira realidade é que Paulo não fala de uma filosofia que ele desenvolveu, não fala de idéias que encontrou em qualquer lugar ou inventou, mas fala de uma realidade da sua vida, fala do Deus que entrou na sua vida, fala de um Deus real que vive, falou com ele e falará conosco, fala de Cristo crucificado e ressuscitado. A segunda realidade é que Paulo não busca a si mesmo, não quer criar um time de admiradores, não quer entrar na história como chefe de uma escola de grandes conhecimentos, não busca a si mesmo, mas São Paulo anuncia Cristo e quer ganhar as pessoas para o Deus verdadeiro e real. Paulo fala somente com o desejo de querer pregar aquilo que entrou na sua vida e que é a verdadeira vida, que o conquistou no caminho para Damasco. Então, falar de Deus quer dizer dar espaço Àquele que se faz conhecer, que nos revela a sua face de amor; quer dizer expropriar o próprio eu oferecendo-o a Cristo, consciente de que não somos nós a poder ganhar os outros para Deus, mas devemos conhecê-los pelo próprio Deus, invocá-los por Ele. O falar de Deus nasce da escuta, do nosso conhecimento de Deus que se realiza na familiaridade com Ele, na vida da oração e segundo os Mandamentos.
Comunicar a fé, para São Paulo, não significa levar a si mesmo, mas dizer abertamente e publicamente aquilo que viu e sentiu no encontro com Cristo, quanto experimentou na sua existência já transformada por aquele encontro: é levar aquele Jesus que sente presente em si mesmo e tornou-se o verdadeiro sentido de sua vida, para fazer entender a todos que Ele é necessário para o mundo e é decisivo para a liberdade de cada homem. O Apóstolo não se contenta em proclamar por palavras, mas envolve toda a própria existência na grande obra da fé. Para falar de Deus, é necessário dar-lhe espaço, confiantes de que é Ele que age na nossa fraqueza: dar-lhe espaço sem medo, com simplicidade e alegria, na convicção profunda de que quanto mais colocamos no centro Ele e não nós, mais a nossa comunicação será frutífera. E isto vale também para as comunidades cristãs: esses são chamados a mostrar a ação transformadora da graça de Deus, superando individualismos, fechamento, egoísmos, indiferença e vivendo na relação cotidiana o amor de Deus. Perguntemo-nos se são realmente assim as nossas comunidades. Devemos colocar-nos em ação para tornar-nos sempre e realmente assim, anunciadores de Cristo e não de nós mesmos.
Nesta altura, devemos perguntar-nos como comunicava o próprio Jesus. Jesus na sua unicidade fala de seu Pai – Abbá – e do Reino de Deus, com o olhar cheio de compaixão pelos inconvenientes e dificuldades da existência humana. Fala com grande realismo e, direi, o essencial do anúncio de Jesus é que torna transparente o mundo e a nossa vida vale para Deus. Jesus mostra que no mundo e na criação resplandece a face de Deus e nos mostra como nas histórias cotidianas da nossa vida Deus está presente. Seja nas parábolas da natureza, o grão de mostarda, o campo com diversas sementes, ou na nossa vida, pensemos na parábola do filho pródigo, de Lázaro e em outras parábolas de Jesus. A partir dos Evangelhos vemos como Jesus se interessa por cada situação humana que encontra, se emerge na realidade dos homens e das mulheres do seu tempo, com plena confiança  na ajuda do Pai. E que realmente nesta história, secretamente, Deus está presente e se estamos atentos podemos encontrá-Lo. E os discípulos, que vivem com Jesus, as multidões que O encontram, veem a sua reação aos problemas mais absurdos, veem como fala, como se comporta; veem Nele a ação do Espírito Santo, a ação de Deus. Nele anúncio e vida se entrelaçam: Jesus age e ensina, partindo sempre de um relacionamento íntimo com Deus Pai. Este estilo se torna uma indicação essencial para nós cristãos: o nosso modo de viver na fé e na caridade torna-se um falar de Deus hoje, porque mostra com uma existência vivida em Cristo a credibilidade, o realismo  daquilo que dizemos com as palavras, que não são somente palavras, mas mostram a realidade, a verdadeira realidade. E nisso devemos estar atentos para colher os sinais dos tempos na nossa época, isto é, identificar os potenciais, os desejos, os obstáculos que se encontram na cultura atual, em particular o desejo de autenticidade, o anseio de transcendência, a sensibilidade para a salvaguarda da criação, e comunicar sem temor a resposta que oferece a fé em Deus. O Ano da Fé é ocasião para descobrir, com a fantasia animada pelo Espírito Santo, novos caminhos a nível pessoal e comunitário, a fim de que em cada lugar a força do Evangelho seja sabedoria de vida e orientação da existência.
Também no nosso tempo, um lugar privilegiado para falar de Deus é a família, a primeira escola para comunicar a fé às novas gerações. O Concílio Vaticano II fala dos pais como os primeiros mensageiros de Deus (cfr Cost. dogm. Lumen gentium, 11; Decr. Apostolicam actuositatem, 11), chamados a redescobrir esta missão deles, assumindo a responsabilidade no educar, no abrir a consciência dos pequenos ao amor de Deus como um serviço fundamental para suas vidas, em ser os primeiros catequistas e mestres da fé para seus filhos. E nesta tarefa é importante antes de tudo a vigilância, que significa saber entender as ocasiões favoráveis para introduzir em família o discurso de fé e para amadurecer uma reflexão crítica a respeito dos numerosos condicionamentos aos quais são submetidos os filhos. Esta atenção dos pais é também sensibilidade em reconhecer as possíveis questões religiosas presentes nas mentes dos filhos, às vezes evidentes, às vezes escondidas. Depois, a alegria: a comunicação da fé deve sempre ter uma totalidade de alegria. É a alegria pascal, que não silencia ou esconde a realidade da dor, do sofrimento, do cansaço, da dificuldade, da incompreensão e da própria morte, mas sabe oferecer os critérios para interpretar tudo na perspectiva da esperança cristã. A vida boa do Evangelho é exatamente este olhar novo, esta capacidade de ver com os olhos de Deus cada situação. É importante ajudar todos os membros da família a compreender que a fé não é um peso, mas uma fonte de alegria profunda, é perceber a ação de Deus, reconhecer a presença do bem, que não faz barulho; e oferece orientações  preciosas para viver bem a própria existência. Enfim, a capacidade de escuta e de diálogo: a família deve ser um ambiente onde se aprende a estar junto, a conciliar os conflitos no diálogo recíproco, que é feito de escuta e de palavra, a compreender-se e a amar-se, para ser um sinal, um para o outro, do amor misericordioso de Deus.
Falar de Deus, então, quer dizer fazer compreender com a palavra e com a vida que Deus não é o concorrente da nossa existência, mas sim a sua verdadeira garantia, a garantia da grandeza da pessoa humana. Assim, retornamos ao início: falar de Deus é comunicar, com força e simplicidade, com a palavra e com a vida, aquilo que é essencial: o Deus de Jesus Cristo, aquele Deus que nos mostrou um amor tão grande a ponto de encarnar-se, morrer e ressuscitar por nós; aquele Deus que pede para segui-Lo e deixar-se transformar pelo seu imenso amor para renovar a nossa vida e as nossas relações; aquele Deus que nos doou a Igreja, para caminhar juntos e, através da Palavra e dos Sacramentos, renovar a inteira Cidade dos homens, a fim de que possa tornar-se Cidade de Deus.
Após a catequese o papa Bento XVI dirigiu a seguinte saudação em português:
Uma saudação cordial a todos os peregrinos de língua portuguesa, com votos de serem por todo o lado zelosos mensageiros e testemunhas da fé que vieram afirmar e consolidar neste encontro com o Sucessor de Pedro. Que Deus vos abençoe! Obrigado!




Fonte: ZENIT.org

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Novena à Imaculada Conceição

Hoje damos início à novena em honra da Imaculada Conceição, cuja festa é celebrada no próximo dia 8. Peçamos de modo especial nesta novena pelo nosso Seminário da Imaculada Conceição, pelo nosso Bispo Dom Fernando Rifan e pelos nossos sacerdotes. Peçamos também pelo aumento e perseverança da nossa fé.

Meu Deus, vinde em meu auxílio!
- Senhor, apressai-Vos em me socorrer.
- Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado.
- E renovareis a face da Terra.
Oremos: Ó Deus, que instruístes os corações dos Vossos fiéis com as luzes do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de sua consolação. Por Cristo Senhor Nosso. Amém!
(para todos os dias)

Primeiro dia
Eis-me aqui, aos vossos pés, ó Santíssima Virgem Imaculada! Convosco me alegro sumamente, porque desde a eternidade fostes eleita Mãe do Verbo Divino e preservada da culpa original.
Eu bendigo e dou graças à Santíssima Trindade, que Vos enriqueceu com este privilégio em vossa Conceição, e humildemente Vos suplico que me alcanceis a graça de vencer os tristes efeitos que em mim produziu o pecado. Ah! Senhora, fazei que eu os vença e jamais deixe de amar o nosso Deus!
  Ave Maria...
V. Ó Maria, concebida sem pecado.
R. Rogai por nós que recorremos a vós.

Segundo dia
Ó Maria, lírio imaculado de pureza, eu me congratulo convosco, porque desde o primeiro instante da vossa Conceição fostes cheia de graça e além disto Vos foi conferido o perfeito uso da razão.
Dou graças e adoro a Santíssima Trindade, que Vos concedeu tão sublimes dons; e me confundo totalmente na Vossa presença ao ver-me tão pobre de graça; Vós que de graça celeste fostes tão copiosamente enriquecida, reparti-a com a minha alma e fazei-me participante dos tesouros que começastes a possuir em Vossa Imaculada Conceição. Amém.
  Ave Maria...
V. Ó Maria, concebida sem pecado.
R. Rogai por nós que recorremos a vós.

Terceiro dia
Ó Maria, mística rosa de pureza, eu me alegro convosco, que gloriosamente triunfastes da infernal serpente, na Vossa Imaculada Conceição, porque fostes concebida sem mácula de pecado.
Dou graças e louvo a Santíssima Trindade, que tal privilégio Vos concedeu e Vos suplico que me alcanceis força para superar todas as traições do comum inimigo, e para não manchar minha alma como pecado.
Ah! Senhora, ajudai-me sempre e fazei que, com a vossa proteção, sempre triunfe de todos os inimigos de minha salvação. Amém.
  Ave Maria...
V. Ó Maria, concebida sem pecado.
R. Rogai por nós que recorremos a vós.

Quarto dia
Ó espelho de pureza, Imaculada Virgem Maria, eu me encho de sumo gozo ao ver que desde a Vossa Conceição, foram em Vós infundidas as mais sublimes virtudes e, ao mesmo tempo, todos os dons do Espírito Santo.
Dou graças e louvo a Santíssima Trindade que com estes privilégios Vos favoreceu; e suplico-Vos, ó benigna Mãe, que me alcanceis a prática das virtudes, e me façais também digno de receber os dons e a graça do Espírito Santo. Amém.
  Ave Maria...
V. Ó Maria, concebida sem pecado.
R. Rogai por nós que recorremos a vós.

Quinto dia
Ó Maria, refulgente lua de pureza, eu me congratulo convosco, porque o mistério de Vossa Imaculada Conceição foi o princípio da salvação de todo o mundo.
Dou graças e bendigo à Santíssima Trindade, que assim magnificou e glorificou Vossa pessoa, e Vos suplico que me alcanceis a graça de saber aproveitar-me da Paixão e morte de Jesus, e que não seja para mim inútil o Seu Sangue derramado na Cruz, mas que eu viva santamente e Ele salve a minha alma. Amém.
  Ave Maria...
V. Ó Maria, concebida sem pecado.
R. Rogai por nós que recorremos a vós.


Sexto dia
Ó estrela resplandecente de pureza, Imaculada Maria, eu me alegro convosco, de que a Vossa Imaculada Conceição causasse um imenso gozo a todos os Anjos do Paraíso.
Dou graças e bendigo à Santíssima Trindade, que Vos enriqueceu com tão belo privilégio. Ah! Senhora, fazei que eu um dia tenha parte nessa alegria e que possa em companhia dos Anjos, louvar-Vos e bendizer-Vos eternamente. Amém.
  Ave Maria...
V. Ó Maria, concebida sem pecado.
R. Rogai por nós que recorremos a vós.

Sétimo dia
Ó aurora nascente e pura, Imaculada Maria, eu me alegro e exulto convosco porque no mesmo instante da Vossa Conceição, fostes confirmada em graça e tornada impecável.
Dou graças à Santíssima Trindade, que somente a Vós distinguiu com este especial privilégio. Ó Virgem Santíssima, alcançai-me um total e contínuo aborrecimento do pecado sobre todos os outros males, e que antes morra do que torne a cometê-los. Amém.
  Ave Maria...
V. Ó Maria, concebida sem pecado.
R. Rogai por nós que recorremos a vós.

Oitavo dia
Ó sol sem mácula, Virgem Maria, eu me congratulo convosco, e me alegro de que em Vossa Conceição Vos fosse conferida por Deus uma graça maior e mais copiosa do que tiveram todos os Anjos e todos os Santos no auge de seus merecimentos.
Dou graças e admiro a suma bondade da Santíssima Trindade, que Vos enriqueceu com tal privilégio. Ah! Senhora, fazei que eu coresponda à graça divina e não torne a abusar dela; mudai-me o coração, e fazei que desde agora comece o meu arrependimento. Amém.
  Ave Maria...
V. Ó Maria, concebida sem pecado.
R. Rogai por nós que recorremos a vós.

Nono dia
Ó viva luz de santidade e exemplo de pureza, Virgem e Mãe, Maria Santíssima, Vós, apenas concebida, adorastes profundamente a Deus e Lhe destes graças, porque por meio de Vós, acabada a antiga maldição, desceu uma grande bênção sobre os filhos de Adão.
Ó Senhora, fazei que esta bênção acenda no meu coração um grande amor para com Deus; inflamai-o, para que constatemente ame o mesmo Senhor, e depois goze eternamente no Praíso, onde possa dar-Lhe as mais vivas graças pelos singulares privilégios a Vós concedidos e possa também ver-Vos coroada de tamanha glória! Amém.
  Ave Maria...
V. Ó Maria, concebida sem pecado.
R. Rogai por nós que recorremos a vós.

Oração

Virgem Santíssima, que tanto agradastes ao Senhor e fostes sua Mãe Imaculada no corpo, na alma, na fé e no amor: por piedade, volvei benigna os olhos para os infelizes que imploram o vosso poderoso patrocínio.
A serpente maligna, contra quem foi lançada a primeira maldição, teima em combater e tentar os míseros filhos de Eva.
Eia, bentida Mãe, nossa Rainha e Advogada, que desde o primeiro instante da Vossa Conceição esmagastes a cabeça do inimigo! Acolhei as súplicas que, unidos a vós num só coração, vos pedimos apresenteis ante o trono do Altíssimo, para que nunca nos deixemos cair nas emboscadas que nos preparam; para que todos cheguemos ao porto da salvação; e, no meio de tantos perigos, a Igreja e a sociedade cantem de novo o hino de resgate, da vitória e da paz. Assim seja.

V. Toda sois formosa, ó Maria.       
R. Toda sois formosa, ó Maria.
V. E mácula original não há em Vós.
R. E mácula original não há em Vós.
V. Vós sois a glória de Jerusalém;
R. Vós a alegria de Israel.
V. Vós a honra de nosso povo;
R. Vós a advogada dos pecadores.
V. Ó Maria.
R. Ó Maria.
V. Virgem prudentíssima.
R. Mãe clementíssima.
V. Rogai por nós.
R. Intercedei por nós a Nosso Senhor Jesus Cristo.

V. Vós fostes, ó Virgem, Imaculada em Vossa Conceição.
R. Rogai por nós ao Pai, cujo Filho destes à luz.

Oremos: Ó Deus, que pela Imaculada Conceição da Virgem Maria preparastes a Vosso Filho uma digna morada, nós Vos rogamos que, pois a preservastes de toda a mancha pela previsão da morte de seu mesmo Filho, nos concedais por sua intercessão que também puros cheguemos até Vós. Pelo mesmo Cristo, Senhor Nosso. Amém.

Reza-se 3 Ave-Maria acompanhada da jaculatória: - Pela Vossa Pura e Imaculada Conceição, ó Maria! Purificai meu corpo e santificai minh'alma.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Escolhido local da Vigília com o Papa na JMJ Rio2013


Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi o local escolhido para a Vigília e a Missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que irá acontecer de 23 a 28 de julho de 2013, na capital carioca.

O anúncio foi feito pelo prefeito da cidade, Eduardo Paes, e pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, na manhã desta quarta-feira, 28, durante o II Encontro Preparatório para a Jornada Mundial da Juventude Rio2013.

A informação foi divulgada no site oficial da JMJ e será anunciada durante coletiva de imprensa, que conta com a presença do presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, Cardeal Stanislaw Rylko, do Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, que também é presidente do Comitê Organizador Local (COL) e do coordenador geral da JMJ, monsenhor Joel Amado. 

Até então, a Vigília e a Missa de encerramento da JMJ aconteceriam na Base Aérea Santa Cruz. A mudança foi cogitada após a visita do responsável pelas viagens do Papa Bento XVI, Alberto Gasbarri, aos locais da JMJ, em outubro deste ano.

A Praia de Copacabana permanece como um dos locais dos principais eventos da JMJ, acolhendo a abertura da JMJ 2013, a recepção ao Papa e a Via-Sacra com o jovens.

O II Encontro Preparatório para a JMJ Rio2013 termina nesta quinta-feira, 29. O evento reúne no Rio de Janeiro, desde domingo, 25, cerca de 200 delegados ligados às Conferências Episcopais, Movimentos e Novas Comunidades, vindos de 75 países.



LAICIDADE E LAICISMO

A festa de Cristo Rei, há pouco celebrada, foi instituída pelo Papa Pio XI. O Reino de Jesus Cristo, “que não terá fim” (Credo de Nicéia), se manifesta na mesma pessoa de Cristo (Lumen Gentium, 5), e foi confiado por ele à sua Igreja, preparando-nos para a sua plena realização no Reino do Céu, quando Deus será tudo em todos (cf. 1 Cor 15, 28). Esta solenidade foi instituída especialmente como remédio contra o laicismo (Pio XI, Encíclica Quas Primas, 15), tema que sempre volta à ordem do dia.
Para a doutrina moral católica, o sadio laicismo ou laicidade, entendido como autonomia da esfera civil e política da religiosa e eclesiástica – mas não da moral – é um valor adquirido e reconhecido pela Igreja, no mundo atual. No domínio próprio de cada uma, comunidade política e Igreja são independentes e autônomas” (Gaudium et Spes, 76). “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, explica Nosso Senhor (Mt 22,21). Mas esta independência dos poderes da Igreja e do Estado que não isenta a “César” do dever de dar a Deus o que é de Deus, da obrigação de seguir a Lei divina, natural e positiva.  
Laicismo, porém, como é entendido hoje, seria uma autonomia da esfera civil em relação a Deus, à Lei Natural e à moral, equiparando-se assim ao indiferentismo e ao relativismo religioso, terminando no ateísmo prático e teórico: “uma economia sem Deus, um Direito sem Deus, uma política sem Deus” (Pio XII, Alocução de 12/10/1952).
“Graves perigos atuais, que penetram nas legislações e comportamentos: relativismo cultural, pluralismo ético, decadência e dissolução da razão e dos princípios da lei moral natural. Reivindica-se a autonomia para as escolhas morais. Leis que prescindem dos princípios da ética natural, deixando-se levar exclusivamente pela condescendência com certas orientações culturais ou morais transitórias, como se todas as concepções possíveis da vida tivessem o mesmo valor”.
“Tal concepção relativista do pluralismo nada tem a ver com a legítima liberdade dos cidadãos católicos de escolherem, entre as opiniões políticas compatíveis com a fé e a lei moral natural, a que, segundo o próprio critério, melhor se coaduna com as exigências do bem comum. A liberdade política não é nem pode ser fundada sobre a ideia relativista, segundo a qual, todas as concepções do bem do homem têm a mesma verdade e o mesmo valor”.
Há que acrescentar que a consciência cristã bem formada não permite a ninguém favorecer, com o próprio voto, a atuação de um programa político ou de uma só lei, onde os conteúdos fundamentais da fé e da moral sejam subvertidos com a apresentação de propostas alternativas ou contrárias aos mesmos. Uma vez que a fé constitui como que uma unidade indivisível, não é lógico isolar um só dos seus conteúdos em prejuízo da totalidade da doutrina católica. Não basta o empenho político em favor de um aspecto isolado da doutrina social da Igreja para esgotar a responsabilidade pelo bem comum” (CDF, Nota Doutrinal sobre questões relativas à participação e comportamento dos católicos na vida política, de 24/11/2002).

  
Dom Fernando Arêas Rifan   
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Nossa Senhora das Graças

Em uma tarde de sábado, no dia 27 de novembro de 1830, na capela das Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, Santa Catarina Labouré teve uma visão de Nossa Senhora. A Virgem Santíssima estava de pé sobre um globo, segurando com as duas mãos um outro globo menor, sobre o qual aparecia uma cruzinha de ouro. Dos dedos das suas mãos, que de repente encheram-se de anéis com pedras preciosas, partiam raios luminosos em todas as direções e, num gesto de súplica, Nossa Senhora oferecia o globo ao Senhor.

Santa Catarina Labouré relatou assim sua visão: "A Virgem Santíssima baixou para mim os olhos e me disse no íntimo de meu coração: 'Este globo que vês representa o mundo inteiro (...) e cada pessoa em particular. Eis o símbolo das graças que derramo sobre as pessoas que as pedem.' Desapareceu, então, o globo que tinha nas mãos e, como se estas não pudessem já com o peso das graças, inclinaram-se para a terra em atitude amorosa.


Formou-se em volta da Santíssima Virgem um quadro oval, no qual em letras de ouro se liam estas palavras que cercavam a mesma Senhora: Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós. Ouvi, então, uma voz que me dizia: 'Faça cunhar uma medalha por este modelo; todas as pessoas que a trouxerem receberão grandes graças, sobretudo se a trouxerem no pescoço; as graças serão abundantes, especialmente para aqueles que a usarem com confiança.'"

Então o quadro se virou, e no verso apareceu a letra M, monograma de Maria, com uma cruz em cima, tendo um terço na base; por baixo da letra M estavam os corações de Jesus e sua Mãe Santíssima. O primeiro cercado por uma coroa de espinhos, e o segundo atravessado por uma espada. Contornando o quadro havia uma coroa de doze estrelas.


A mesma visão se repetiu várias vezes, sobre o sacrário do altar-mor;
ali aparecia Nossa Senhora, sempre com as mãos cheias de graças, estendidas para a terra, e a invocação já referida a envolvê-la.

O Arcebispo de Paris, Dom Quelen, autorizou a cunhagem da medalha e instaurou um inquérito oficial sobre a origem e os efeitos da medalha, a que a piedade do povo deu o nome de Medalha Milagrosa, ou Medalha de Nossa Senhora das Graças. A conclusão do inquérito foi a seguinte: "A rápida propagação, o grande número de medalhas cunhadas e distribuídas, os admiráveis benefícios e graças singulares obtidos, parecem sinais do céu que confirmam a realidade das aparições, a verdade das narrativas da vidente e a difusão da Medalha".


Nossa Senhora da Medalha Milagrosa é a mesma Nossa Senhora das Graças, por ter Santa Catarina Labouré ouvido, no princípio da visão, as palavras: "Estes raios são o símbolo das Graças que Maria Santíssima alcança para os homens."


ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS

Ó Imaculada Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe, ao contemplar-vos de braços abertos derramando graças sobre os que vo-las pedem, cheios de confiança na vossa poderosa intercessão, inúmeras vezes manifestada pela Medalha Milagrosa, embora reconhecendo a nossa indignidade por causa de nossas inúmeras culpas, acercamo-nos de vossos pés para vos expôr, durante esta oração, as nossas mais prementes necessidades (momento de silêncio e de pedir a graça desejada).

Concedei, pois, ó Virgem da Medalha Milagrosa, este favor que confiantes vos solicitamos, para maior Glória de Deus, engrandecimento do vosso nome, e o bem de nossas almas. E para melhor servirmos ao vosso Divino Filho, inspirai-nos profundo ódio ao pecado e dai-nos coragem de nos afirmar sempre como verdadeiros cristãos. Amém.

Rezar 3 Ave-Marias. Depois: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós."

"À Vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem Gloriosa e Bendita."

Nossa Senhora das Graças, rogai por nós!

sábado, 24 de novembro de 2012

FÉ, ESPIRITUALIDADE E ORAÇÃO

  Nesta semana participei como palestrante do XV Encontro de Formação Católica de Buenos Aires – em adesão ao Ano da Fé – Tradição e Espiritualidade Católica, que ocorreu de 16 a 19 de novembro. Uma das minhas intervenções foi sobre “A Espiritualidade de Santa Teresa e a tradição carmelitana”, que se baseia especialmente na oração, princípio da santidade.
Em sua carta apostólica “Porta Fidei”, com a qual proclama o Ano da Fé, o Santo Padre Bento XVI fala que “devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus”, objetivo reforçado pelo Sínodo dos Bispos, cujo tema foi “A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã”: “descobrir novamente os conteúdos da fé professada, celebrada vivida e rezada”.
Ao conceder as indulgências para o Ano da Fé, o decreto da Penitenciaria Apostólica relembra que a Igreja deseja de nós a santidade: "uma vez que se trata principalmente de desenvolver a santidade de vida no mais alto grau possível nesta terra, e de conquistar assim o mais alto grau de pureza da alma, será de muita valia o grande dom das indulgências...”. Na “Porta Fidei”, o Papa ensina que no Catecismo da Igreja Católica descobrimos principalmente não uma teoria, mas “o encontro com uma Pessoa que vive na Igreja. Na verdade, a seguir à profissão de Fé, vem a explicação da vida sacramental, na qual Cristo está presente e operante, continuando a construir a sua Igreja. Sem a liturgia e os sacramentos, a profissão de fé não seria eficaz, porque faltaria a graça que sustenta o testemunho dos cristãos”.
A santidade depende da fé, e esta depende da oração, da nossa contínua comunicação com Deus. A oração é a expressão e o sustento da fé, da espiritualidade, da santidade.
Este foi o ensinamento do Beato João Paulo II: “Para essa pedagogia da santidade, há a necessidade de um cristianismo que se destaque principalmente pela arte da oração... A oração não se pode dar por suposta; é necessário aprender a rezar... ‘Senhor, ensina-nos a orar’ (Lc 11,1). Na oração, desenrola-se aquele diálogo com Jesus que faz de nós seus amigos íntimos... Não será porventura um sinal dos tempos que se verifique hoje, não obstante os vastos processos de secularização, uma generalizada exigência de espiritualidade, que em grande parte se exprime precisamente numa renovada carência de oração?... A grande tradição mística da Igreja, tanto no Oriente como no Ocidente, é bem elucidativa a tal respeito, mostrando como a oração pode progredir, sob a forma de um verdadeiro e próprio diálogo de amor... Como não mencionar aqui, entre tantos testemunhos luminosos, a doutrina de são João da Cruz e de santa Teresa de Ávila? As nossas comunidades devem tornar-se autênticas escolas de oração, onde o encontro com Cristo não se exprima apenas em pedidos de ajuda, mas também em ação de graças, louvor, adoração, contemplação, escuta, afetos de alma, até se chegar a um coração verdadeiramente apaixonado. Uma oração intensa, mas sem afastar do compromisso na história: ... abrir o coração ao amor dos irmãos” (Novo Millennio Inneunte, 32-33).

Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Papa reflete sobre a racionalidade da fé em Deus


O Papa Bento XVI dedicou a catequese desta quarta-feira, 21, para falar sobre a racionalidade da fé. Ele lembrou que Deus, com sua graça, ilumina a razão e lhe abre horizontes infinitos, de modo que a fé constitui um incentivo para buscar sempre, sem parar e sem aquietar-se “na descoberta inesgotável da verdade e da realidade”.

 Apresentamos as palavras de Bento XVI durante a catequese realizada na tradicional Audiência Geral na sala Paulo VI, no Vaticano.



 Queridos irmãos e irmãs,
Continuamos avançando neste Ano da Fé carregando no coração a esperança de redescobrir a grande alegria que existe no ato de acreditar, bem como a esperança de reencontrar o entusiasmo para comunicar a todos as verdades da fé. Verdades que não são uma simples mensagem sobre Deus, uma informação a seu respeito. Verdades que expressam o evento do encontro de Deus com os homens, encontro salvífico e libertador, que realiza as aspirações mais profundas do homem, o seu anseio de paz, fraternidade e amor.
A fé nos leva a descobrir que o encontro com Deus melhora, aperfeiçoa e eleva o que há de verdadeiro, de bom e de belo no homem. Acontece, portanto, que, enquanto Deus se revela e se deixa conhecer, o homem vem a saber quem é Deus e, conhecendo-o, descobre a si mesmo, a sua origem, seu destino, a grandeza e a dignidade da vida humana.
A fé permite um conhecimento autêntico de Deus, que envolve toda a pessoa: é um saber no sentido latino de "sàpere" [degustar], um conhecimento que dá “sabor” à vida, um novo sabor de existir, uma maneira alegre de estar no mundo. A fé se exprime no dom de si mesmo aos outros, na fraternidade que nos torna solidários, capazes de amar, vencedores da solidão que nos deixa tristes.
Esse conhecimento de Deus através da fé não é, portanto, só intelectual, mas vital.
É o conhecimento do Deus-Amor, graças ao seu próprio amor. O amor de Deus nos mostra, nos abre os olhos, nos permite conhecer toda a realidade, indo além das perspectivas estreitas do individualismo e do subjetivismo, que desorientam as consciências. O conhecimento de Deus é uma experiência de fé, que implica, ao mesmo tempo, um caminho intelectual e moral: profundamente tocados pela presença do Espírito de Jesus em nós, superamos os horizontes do nosso egoísmo e nos abrimos para os verdadeiros valores da existência.
Hoje, nesta catequese, quero focar na razoabilidade da fé em Deus.
A tradição católica, desde o início, rejeitou o assim chamado fideísmo, que é a vontade de acreditar contra a razão. Credo quia absurdum (creio porque é absurdo) não é a fórmula que interpreta a fé católica. Deus não é um absurdo: em todo caso, é um mistério. O mistério, por sua vez, não é irracional: ele é um excesso de sentido, de significado, de verdade. Se, ao olhar para o mistério, a razão vê o escuro, não é porque não haja luz no mistério, mas sim porque há luz demais. Assim como, quando os olhos de um homem se dirigem diretamente para o sol, eles veem apenas escuridão. Mas quem diria que o sol não é brilhante? Quem diria que ele não é a fonte da luz? A fé nos permite olhar para o "sol", Deus, porque é o acolhimento da sua revelação na história e, por assim dizer, recebe realmente todo o brilho do mistério de Deus, reconhecendo o grande milagre: Deus veio até o homem, se ofereceu ao seu conhecimento, condescendendo à limitação natural da razão humana (cf. Concílio Vaticano II, Constituição dogmática Dei Verbum, 13).
Ao mesmo tempo, com a sua graça, Deus ilumina a razão, lhe abre novos horizontes, imensuráveis e infinitos. A fé, por isto, é um forte incentivo para buscarmos sempre, para nunca pararmos nem nos acomodarmos na busca incansável da verdade e da realidade. É vão o preconceito de alguns pensadores modernos, que afirmam que a razão humana seria bloqueada pelos dogmas de fé. É exatamente o oposto, como os grandes mestres da tradição católica mostraram. Santo Agostinho, antes da sua conversão, procura pela verdade com grande inquietação, através de todas as filosofias disponíveis, achando todas insatisfatórias. Sua meticulosa procura racional é para ele uma pedagogia significativa para o encontro com a Verdade de Cristo. Quando ele diz "compreende para crer e crê para compreender" (Discurso 43, 9: PL 38, 258), é como se estivesse contando a sua própria experiência de vida. Intelecto e fé, diante da revelação divina, não são estranhos nem antagonistas; são, ambos, condições para compreendermos o seu significado, para recebermos a autêntica mensagem, aproximando-nos do limiar do mistério.
Santo Agostinho, junto com muitos outros autores cristãos, é testemunha de uma fé que se exercita com a razão, que pensa e convida a pensar. Neste caminho, Santo Anselmo dirá em seu Proslogion que a fé católica é fides quaerens intellectum, e que a busca da inteligência é um ato interior do acreditar. Será especialmente São Tomás de Aquino quem lidará com a razão dos filósofos, mostrando a força fecunda e nova da vitalidade racional que inunda o pensamento humano a partir dos princípios e das verdades da fé cristã.
A fé católica é razoável e tem confiança na razão humana. O concílio Vaticano I, na constituição dogmática Dei Filius, disse que a razão é capaz de conhecer com certeza a existência de Deus através da criação, e que apenas a fé tem a oportunidade de conhecer "facilmente, com certeza absoluta e sem erro "(DS 3005) as verdades sobre Deus, à luz da graça. O conhecimento da fé, ainda, não é contrário à razão. O beato papa João Paulo II, na encíclica Fides et ratio, resume: "A razão humana não é anulada nem humilhada quando presta assentimento aos conteúdos de fé, que são, em qualquer caso, alcançados por livre e consciente escolha" (número 43).
No irresistível desejo da verdade, só a relação harmoniosa entre a fé e a razão é o caminho certo que conduz a Deus e à realização de si mesmo.
Esta doutrina é facilmente reconhecível em todo o Novo Testamento. São Paulo, escrevendo aos coríntios, sustenta: "Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos buscam a sabedoria, nós pregamos o Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios" (1 Cor 1,22-23 ).
Deus, de fato, salvou o mundo não por um ato de poder, mas através da humilhação do seu Filho único: de acordo com os padrões humanos, o modo incomum escolhido por Deus contradiz as exigências da sabedoria grega. No entanto, a cruz de Cristo tem sua razão, que São Paulo chama de logos tou staurou, a palavra da cruz (1 Co 1,18). Aqui, o termo logos indica tanto a palavra quanto a razão, e, se alude à palavra, é porque expressa verbalmente processos que a razão elabora. Paulo, assim, vê na cruz não um evento irracional, mas um fato da salvação, que tem uma racionalidade própria, reconhecível à luz da fé. Ao mesmo tempo, ele tem tanta confiança na razão humana que se maravilha de que muitos, mesmo vendo as obras realizadas por Deus, se obstinem em não acreditar nele. Diz ele em sua carta aos romanos: "Os atributos invisíveis [de Deus], ​​ou seja, o seu eterno poder e a sua natureza divina, são contemplados e compreendidos na criação do mundo através das obras das suas mãos" (1,20).
Também São Pedro exorta os cristãos da diáspora para adorarem "o Cristo Senhor em vossos corações, sempre prontos a responder a todo aquele que vos pedir razões da esperança que habita em vós" (1 Pe 3,15). Em um clima de perseguição e de forte necessidade de testemunhar a fé, os crentes são convidados a justificar a sua adesão à palavra do evangelho, a dar razão da sua esperança.
É nesse terreno, de ligação frutuosa entre o compreender e o acreditar, que está enraizada ainda a relação virtuosa entre ciência e fé. A pesquisa científica leva ao conhecimento de verdades sempre novas sobre o homem e sobre o cosmos, conforme sabemos. O verdadeiro bem da humanidade, que é acessível pela fé, abre o horizonte para a sua jornada de descoberta. Devem ser incentivadas, portanto, as pesquisas a serviço da vida, que visam erradicar a doença. Também são importantes as investigações sobre os segredos do nosso planeta e do universo, na consciência de que o homem é a coroa da criação, não com o fim de explorá-la insensatamente, mas de preservá-la e torná-la habitável.
Assim, vivida na verdade, a fé não entra em conflito com a ciência, mas coopera com ela, oferecendo critérios básicos para que ela promova o bem de todos, e lhe pede renunciar apenas às tentativas que, em oposição ao plano original de Deus, podem produzir efeitos que se voltam contra o próprio homem. Por isso mesmo, é razoável acreditar: se a ciência é uma aliada valiosa para a compreensão do plano de Deus no universo, a fé permite que o progresso científico aconteça sempre em prol do bem e da verdade do homem, permanecendo fiel a esse mesmo plano.
É por isso que é crucial para as pessoas abrir-se à fé e conhecer a Deus e o seu plano de salvaçãoem Jesus Cristo. O evangelho inaugura um novo humanismo, uma autêntica "gramática" do homem e de toda a realidade. O Catecismo da Igreja Católica afirma: "A verdade de Deus e a sua sabedoria sustentam a ordem da criação e do governo do mundo. Deus, o único que "fez o céu e a terra" (Sl 115,15), pode dar, somente ele, o verdadeiro conhecimento de cada coisa criada na relação com ele" (número 216).
Esperamos, portanto, que o nosso compromisso na evangelização ajude a dar nova centralidade ao evangelho na vida de muitos homens e mulheres do nosso tempo. E oramos para que todos reencontrem em Cristo o sentido da vida e o fundamento da verdadeira liberdade: sem Deus, o homem se perde. Os testemunhos daqueles que vieram antes de nós e que dedicaram a vida ao evangelho o confirma para sempre. É razoável acreditar, pois o que está em jogo é a nossa existência. Vale a pena nos desgastarmos por Cristo. Só ele satisfaz os desejos de verdade e de bem enraizados na alma de cada homem: agora, no tempo que passa, e no dia sem fim da eternidade bem-aventurada.
(Após a catequese)
De coração, saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, com destaque para os grupos de Aracruz, Aparecida de Goiânia e Palmas, confiando as suas famílias e comunidades à Virgem Maria e pedindo-Lhe que nelas se mantenha viva a luz de Deus. Sobre vós e os vossos entes queridos, desça a minha Bênção.


Fonte: ZENIT.org

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Dia Nacional de Ação de Graças

O Dia Nacional de Ação de Graças é um momento especial de agradecimento a Deus por todas as graças concedidas ao longo da vida. É comemorado na quarta Quinta-feira de Novembro.
Segundo a tradição, o primeiro Dia de Ação de Graças americano aconteceu em 1621. A festa foi feita junto aos integrantes da tribo Wampanoag, convidados dos colonos ingleses fundadores da colônia Plymouth, estado de Massachusetts. 

Num gesto de delicadeza, os índios levaram comida aos ingleses. Só em 1789, por idéia do então presidente George Washington, a data se tornou feriado. Para aqueles que estão no caminho espiritual, o Dia de Ação de Graças anuncia formalmente a chegada do Natal e simboliza a gratidão que sentimos a medida em que nos aproximamos de Deus.
Da mesma forma que o dia de Ação de Graças precede o Natal, o coração, que é constantemente agradecido, é um precursor do glorioso nascimento interno da consciência Cristã que é a alegre realização da Presença Divina em toda a criação.
Oferendas internas, conscientes de agradecimento, abrem nossos olhos novamente para as incontáveis manifestações de Deus em nossa volta, emocionando-nos com uma capacidade nova de admirar e sentir júbilo na vida diária.
O Dia de Ação de Graças é o dia especialmente dedicado à gratidão. A rigor, todos os dias deveriam ser de ações de graças. Em todas as circunstâncias, em todos os momentos, deveríamos ser gratos a Deus. "Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus, em Cristo Jesus, para convosco". (I Tessalonicenses 5.18.)
Agradecer a Deus, entendendo que tudo lhe pertence e que providencia o melhor para nós, é sinal de amor e de obediência à Sua vontade. No ano de 1909, Joaquim Nabuco, Embaixador do Brasil nos Estados Unidos, assistiu a um Culto de Ação de Graças. Ficou tão impressionado que declarou: "Quisera que toda a humanidade se unisse, num mesmo dia, para um universal agradecimento a Deus".
Em 1949, foi votada no Congresso Nacional e sancionada pelo Presidente Eurico Gaspar Dutra, a Lei no 781, que instituiu no Brasil o Dia Nacional de Ação de Graças. 


"Louvai ao Senhor, porque ele é bom; porque eterna é a sua misericórdia. Na tribulação invoquei o Senhor; ouviu-me o Senhor e me livrou. Comigo está o Senhor, nada temo; que mal me poderia ainda fazer um homem? Comigo está o Senhor, meu amparo; verei logo a ruína dos meus inimigos. Mais vale procurar refúgio no Senhor do que confiar no homem. Mais vale procurar refúgio no Senhor do que confiar nos grandes da terra. O Senhor é minha força, minha coragem; ele é meu Salvador. Brados de alegria e de vitória ressoam nas tendas dos justos: a destra do Senhor fez prodígios, levantou-me a destra do Senhor; fez maravilhas a destra do Senhor. Não hei de morrer; viverei para narrar as obras do Senhor. O Senhor castigou-me duramente, mas poupou-me à morte. Abri-me as portas santas, a fim de que eu entre para agradecer ao Senhor. Esta é a porta do Senhor: só os justos por ela podem passar. Graças vos dou porque me ouvistes, e vos fizestes meu Salvador. Este é o dia que o Senhor fez: seja para nós dia de alegria e de felicidade. Senhor, dai-nos a salvação; dai-nos a prosperidade, ó Senhor Bendito seja o que vem em nome do Senhor! Da casa do Senhor nós vos bendizemos. O Senhor é nosso Deus, ele fez brilhar sobre nós a sua luz. Organizai uma festa com profusão de coroas. E cheguem até os ângulos do altar. Sois o meu Deus, venho agradecer-vos. Venho glorificar-vos, sois o meu Deus.
Dai graças ao Senhor porque ele é bom, eterna é sua misericórdia." 
(Salmos, 117)

Santo do dia: Santa Cecília, virgem e mártir

No dia 22 de Novembro; comemora-se o dia de Santa Cecília.
A padroeira dos músicos.
Celebramos a santidade da virgem que foi exaltada como exemplo perfeitíssimo de mulher cristã, pois em tudo glorificou a Jesus.
Cecília nasceu no princípio do século 3º de uma ilustre família de Roma. Conhecida por Gens Cecília, cuja linhagem provém do tempo da república. Os nomes dos pais são desconhecidos, mas julga se cristãos. Cecília foi criada por uma aia cristã, que a educou somente no cristianismo e sempre amando a Jesus. Suas exclamações eram: Oh! Quão grande e bom é o senhor! Quero amá-lo sempre.
Cecília ouvia sempre a sagrada escritura, então seus olhos enchiam-se de lágrimas e com o coração enternecido propunha a não ofender a Jesus, antes consagrar-lhe a vida e jurando votos de virgindade perpétua.
Uma de suas vertudes ensinava a amor o próximo, especialmente os pobres que são imagens de Jesus. Seu amor à eucaristia era tanta que no dia de sua comunhão consagrou-se novamente a sua vida a serviço e tornou-se esposa do mestre. Órfã Cecília ficou com parentes ainda pagãos. Que começavam a importuná-la e leva-la a festas não cristãs. Muitas vezes, declinava dos insistentes convites, temendo a distrações prejudicassem sua alma inocente. Julgando que não bastasse o afastamento de tantos perigos, a piedosa jovem para evitar que o espírito sucumbise na luta com o demônio, submeteu seu corpo a rigorosos jejuns e penitenciais.

Jesus não se deixou vencer em generosidade mandou custodiá-la por um anjo, que sua freqüente aparição entretinha-a em doces conversações.
Em uma reunião de família estava presente um jovem nobre (Valentino) que a olhou Cecília e fitou seus olhos nela. No outro dia pediu a mão da jovem a seu tutor que não se negou a aceitar. Na mesma hora Cecília se recusou, pois tinha feito os votos ao mestre. Mas não adiantou o seu tutor já tinha aceitado. Cecília saiu e foi imediatamente falar com o pontífice dizendo que preferia a morte a faltar o juramento que fez a Jesus. O pontífice urbano disse:
“Tem confiança, se teu celeste Esposo te quiser inteira a seu serviço, nenhuma força humana poderá arrebatar-te. No entanto as orações essa noite são para que o senhor nos ilumine”. Passaram-se alguns dias Cecília procurasse evita-lo, não conseguia fugir a uma nova conversa com seu tutor. Recusou o pedido, mas seu tutor não desistiu de seus propósitos. Cecília na mesma hora lembrou-se das palavras de Urbano e aceitou.
A virgem de cristo tornara-se também esposa de Valentino. Nos cântico núpcias Cecília elevavam sua alma a Deus nas seguintes palavras; “Senhor, que sejam sempre imaculados meu corpo e m meu coração; protege tua serva para que não seja confundida”. Em seus aposentos em profunda oração e a espera de Valentino. O qual chegou feliz e correu para abraçá-la. Cecília se desviou e começou a contar o seu juramento. Valentim perturbado disse à esposa que tinha o traído jurando seu amor a outro. Cecília explicou novamente que se juramento foi feito a Deus. Vendo o desespero de Valentino, Cecília caiu de joelhos e começou a orar e uma forte luz saiu de sua face e sendo protegida por um anjo. Valentino caiu por terra e com os olhos em lágrimas contemplou o acontecimento.
E Cecília viu toda aquela luz fazendo a conversão em Valentino.
E que no outro dia pediu a Cecília que gostaria de ver o anjo que a protege. Cecília disse que teria que ir até o pontífice urbano e pedir o batismo.
Valentim se vestiu e foi no momento do batismo um anjo apareceu e colocou uma coroa de flores em Valentino e em Cecília, Com o acontecimento estava presente o irmão de Valentino (Tibúrcio) também se converteu. A partir deste dia a Família de Cecília foi perfeita e voltou a trabalhar com os pobres e pregar o evangelho. Até que teve a perseguição aos cristãos por Alexandre Severo no ano 232 os prenderam.
Perante o juiz que perguntou a jovem qual era sua religião. Cecília não hesitou em responder que era cristã. Disse o juiz: “não sabeis que nosso imperador ordenar punir todos os cristãos e de libertar os que renegam esta religião inimiga da Pátria?” Mesmo em meios a tantas acusações e perguntas Cecília se manteve firme a sua fé. Ordenou que levassem a jovem e fecharam no calidário para morrer sufocada com vapores. Algumas horas depois Cecília estava na sala de tortura em plena alegria. Logo a sala encheu-se de vapores e pegou fogo, mas nada atingiu Cecília. Viram contenta e em volta rodeada de ar puro. Apresentou o novo carrasco, Cecília ajoelhada ofereceu o pescoço. O carrasco por três vezes deixou o ferro cair no pescoço da jovem. Cecília caiu com os braços cruzados no peito, mas a cabeça prodigiosamente unida ao corpo. Na lei romana proibia insistir no terceiro golpe o carrasco saiu correndo ao ver aquilo. A multidão pasmou ao ver a jovem ainda viva. Cecília, sempre na mesma posição, quis aproveitar o pouco tempo que lhe restava para anunciar a verdade. Ouvindo suas fervorosas exortações, tocados pela graça, muitos se converteram. Ficou por muito tempo em doce contemplação de repente fez um sinal ao pontífice que se aproxima e diz: Padre, pedi ao senhor um momento para poder fazer meu ultimo desejo. Quero que transforme minha casa em um templo de oração; voltando-se para os que ali estavam a assistir mostrou-lhes o polegar de uma mão e três dedos da outra, querendo assim confessar pela ultima vez a \unidade e trindade de Deus. Urbano mesmo na presença de numerosos fiéis colocou o sarcófago junto aos túmulos dos Papas, fechando-o com tampo de mármore preciosismo.

Santa Terezinha escreve sobre Cecília.
Antes da viagem a Cidade eterna, não tinha devoção especial por Santa Cecília; mas ao visitar a casa, o lugar do martírio, ao ouvi-la proclamar tainha da harmonia, senti por ela mais que uma devoção, uma verdadeira ternura de amiga e tornou-se a minha santa predileta e minha confidente.

Cecília protetora do canto sacro.
Certamente pela pia tradição Cecília se deli cava cantando hinos a Deus, acompanhando-se na cítara que o anjo lhe apresentava. Sendo assim ficou sendo considerada santa dos músicos.
Confirmando nesta pia tradição, temos elementos positivos, nas revelações de Dulcem, a serva de Deus, Ana Catarian Emmerrich que muitas vezes viu a santa.
“Vi Cecília belíssima, com faces rosadas e traços finos e graciosos”. Junto dela esta um anjo sob forma de amável jovem, quer com ela falava. Vi-a sentada em uma cadeira e os anjos ensinando a tocar um instrumento. Outra vez, Cecília sentada tocando o instrumento e o anjo segura em sua frente o rolo de papel para o qual ela olhava. Fundados nestas revelações é que temos em Cecília a celeste protetora dos músicos.


Santa Cecília Rogai por nós.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Os jovens e os meios de comunicação social

Nos dias atuais, é impossível não perceber a importância e a centralidade que os meios de comunicação social conquistaram em nossa sociedade, sobretudo quando associados à globalização.
No próximo ano, o tema do Dia Mundial das Comunicações será “Redes sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização”. A Igreja tem acompanhado, com uma boa proximidade, o desenvolvimento da mídia em nosso tempo e com belos e importantes documentos. Agradecemos a Deus pelo decreto “Inter Mirifica” do Concílio Vaticano II, que no próximo ano completará 50 anos de sua promulgação. Sabemos que depois desse documento conciliar bastante sucinto, desencadeou-se um belo e importante trabalho da Igreja com relação aos Meios de Comunicação Social.
Para a Igreja, que neste Ano da Fé esforça-se no objetivo de enfatizar a importância da Fé como dom sobrenatural, por meio do qual nos comunicamos de maneira interpessoal com Deus, é imprescindível uma justa reflexão acerca de dois pontos fundamentais por meio dos quais a vivência da Fé é destacada em nossa sociedade: a juventude e os meios de comunicação. Daí vem o tema escolhido pelo Papa, que vê nas redes sociais oportunidade de ser portal da fé, da verdade e espaço de evangelização.
A juventude possui uma devida centralidade pelo fato de nela se concentrarem as esperanças da Igreja em um mundo melhor, onde os valores cristãos sejam fundamental e espontaneamente vivenciados e haja uma cultura sempre baseada na revelação do amor de Deus, que enviou o Seu Filho Jesus Cristo para salvar a humanidade. Os nossos jovens, por isso, são o retrato da nossa sociedade, que se constrói para o amanhã novo, e essa certeza faz com que confiemos a eles a missão de serem discípulos e missionários da nova evangelização que queremos realizar. Por esta razão, dar ênfase ao futuro da Fé Cristã como algo que se concretiza na figura da juventude faz parte justamente do que objetiva o Santo Padre Bento XVI, quando proclama a vivência de um ano todo dedicado à vivência testemunhante da Fé.
Os meios de comunicação social, por sua vez, uma vez conectando milhões de pessoas nos quatros cantos da face da terra, são capazes de promover e levar a cabo a mensagem cristã de maneira a alcançar um sempre crescente número de pessoas a quem tal mensagem toque, sensibilize e permita a Cristo chegar ao interior dos seus corações. Por isso, o interesse da Igreja pelos meios de comunicação social sempre possuiu um particular relevo, seja quando ilumina com as orientações éticas, seja quando os utiliza para anunciar a vidaem Cristo. Pormeio dessas maravilhosas invenções técnicas pôde contribuir para a comunicação global e para que diversas necessidades humanas fossem sanadas, e pôde, sobretudo, contribuir para a necessidade do homem de ir ao encontro com Deus.
Desta forma, como pastores da Igreja, temos diante de nossos olhos a necessidade de aproximar a juventude cristã e os meios de comunicação social e fazer deles instrumentos os mais eficazes possíveis na missão de alavancar a propagação da Fé na perspectiva de uma autêntica e nova evangelização, como bem recorda o tema do próximo Dia Mundial das Comunicações.
Porém, o grande segredo para que os meios sejam bem utilizados e sirvam para anunciar a vida, a verdade e a fé supõe que a pessoa que os utilizam seja alguém bem formado e orientado como cristão, com suas convicções claras.
Certamente, os novos e sofisticados meios de comunicação social que temos hoje são de pleno domínio da nossa juventude. A geração “z”, dizem, já nasce com o dedo no teclado. A Internet revolucionou a comunicação e contribuiu largamente para estreitar as fronteiras entre nações e continentes e instaurou a consciência de globalização. Ela, com seus sites de relacionamento social, é capaz de transmitir mensagens, pensamentos, ideias, imagens e tipos de conteúdos os mais variados possíveis e sobre diversos assuntos e com isso fazê-los chegar a um número incomensurável de pessoas. Que o digam também os modernos recursos de comunicação presentes nos smartphones, em que é possível sempre armazenar tanto conteúdos audiovisuais quanto escritos de fácil acesso e divulgação, por meio dos quais seria muito importante levar adiante a mensagem do Evangelho. Antigamente as pessoas iam ao computador para utilizar a internet. Hoje, a pessoa leva consigo o computador e toda uma convergência de mídias em suas mãos.
Diante dessa constatação, cabe à nossa juventude, sempre tão conectada e imersa na interatividade que a internet lhe proporciona, levar ainda mais a mensagem cristã ao mundo e com isso “conectar” o mundo a Cristo. É muito interessante ver como as “redes sociais” levam ideias e mensagem cristãs. É claro que o meio eletrônico não substitui o presencial, pois necessitamos de uma vidaem comunidade. Mas, ao “compartilhar” Cristo com todos aqueles a quem podemos atingir por meio de nossos “cliques” deve levá-los a uma participação presencial em nossas comunidades e ao entusiasmo pelo Cristo como Salvador. Que a juventude de hoje, que é digitalmente nativa, tenha a alegria da fé e a anuncie à sua maneira para os seus coetâneos.
Constata-se hoje, também, que a Internet está contribuindo para promover transformações revolucionárias no comércio, na educação, na política, no jornalismo, nas relações transacionais e interculturais, e que essas mudanças manifestam não só uma transformação no modo de os indivíduos se comunicarem entre si, mas na forma de as pessoas compreenderem a sua própria vida. Formou-se uma nova cultura!
É importante, destacarmos, ainda, que os meios de comunicação social mais antigos, como o jornal, a revista, a rádio e a televisão, de modo algum se tornaram obsoletos, pois estão presentes nessa convergência de mídias que hoje existem e, por isso, permanecem exercendo papel importantíssimo na informação e formação cultural de nossa sociedade. Nessa perspectiva, à juventude, com suas inovações e dinamicidade, fica o desafio que a nova evangelização objetiva, ou seja, promover o uso de tais meios como forma autêntica de propagação da Fé, enfatizando sempre seu caráter vivificante e transformador, ao passo que sempre sublinhando seu fundamento: o encontro pessoal com o Senhor.
''Ide e fazei Discípulos entre os Povos'' (Mt 28,19), eis o lema da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013 que estamos preparando para celebrar dentro do contexto deste “Ano de Fé” que ora vivenciamos. Reunir milhões de jovens das várias partes do mundo é vivenciar em grandes proporções aquilo que já é vivenciado no dia-a-dia da Igreja: o encontro pessoal com Jesus Cristo, caminho, verdade e vida (cf. Jo 14,6).
Precisamente "aqui está o desafio fundamental que afrontamos: encontrar meios para promover e formar discípulos e missionários que respondam à vocação recebida e a comuniquem por toda parte, transbordando de gratidão e alegria o dom do encontro com Jesus Cristo".
Ora, faz parte da vivência da Fé Cristã o testemunho do que ela representa e do que é, pois o Cristianismo, como já nos enfatizara o Santo Padre, não nasce de uma bela idéia ou de um programa ético simplesmente, mas de um acontecimento, ou seja, de um encontro com uma pessoa: Jesus de Nazaré. A Fé Cristã, portanto, baseia-se no “encontro pessoal” com Aquele em Quem está a felicidade plena, e a resposta para as nossas mais profundas interrogações e buscas acerca do sentido último da vida. É preciso, portanto, que O demos cada vez a mais conhecer a todos, para que, por meio desse encontro pessoal com Ele, encontrem também a verdadeira felicidade. É nossa missão fazê-lo.
Por isso, para corresponder à vivacidade e à beleza que este encontro pessoal com Cristo realiza na vida de todo aquele que crê e que por isso leva-o a confessar Cristo e não se envergonhar d’Ele, conclamo os jovens para que façam das redes sociais, dos meios de comunicação social verdadeiros instrumentos de testemunho da Fé Cristã, a fim de que em tudo seja Deus glorificado por Jesus Cristo, e para que correspondamos ao mandato do Senhor de ir ao mundo e pregar o Evangelho a todo criatura.
Que a JMJ faça de cada jovem o evangelizador do novo milênio que a Igreja tanto necessita: sinta em seu interior o ardor missionário que impulsionou os primeiros cristãos a proclamarem sem temor e em toda parte a Boa Nova de Cristo e, agindo como eles, realize a obra da nova evangelização à qual a Igreja propõe no mundo atual.
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Fonte: (ZENIT.org)
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