domingo, 31 de março de 2013

Mensagem de Páscoa do Papa Francisco



Mensagem Pascal e Benção “Urbi et Orbi”
Balcão Central da Basílica Vaticana
Domingo, 31 de março de 2013
Boletim da Santa Sé
Amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro, boa Páscoa! Boa Páscoa!
Que grande alegria é para mim poder dar-vos este anúncio: Cristo ressuscitou! Queria que chegasse a cada casa, a cada família e, especialmente onde há mais sofrimento, aos hospitais, às prisões…
Sobretudo queria que chegasse a todos os corações, porque é lá que Deus quer semear esta Boa Nova: Jesus ressuscitou, há uma esperança que despertou para ti, já não estás sob o domínio do pecado, do mal! Venceu o amor, venceu a misericórdia! A misericórdia sempre vence!
Também nós, como as mulheres discípulas de Jesus que foram ao sepulcro e o encontraram vazio, nos podemos interrogar que sentido tenha este acontecimento (cf. Lc 24, 4). Que significa o fato de Jesus ter ressuscitado? Significa que o amor de Deus é mais forte que o mal e a própria morte; significa que o amor de Deus pode transformar a nossa vida, fazer florir aquelas parcelas de deserto que ainda existem no nosso coração. E isto é algo que o amor de Deus pode fazer.
Este mesmo amor pelo qual o Filho de Deus Se fez homem e prosseguiu até ao extremo no caminho da humildade e do dom de Si mesmo, até a morada dos mortos, ao abismo da separação de Deus, este mesmo amor misericordioso inundou de luz o corpo morto de Jesus e transfigurou-o, o fez passar à vida eterna. Jesus não voltou à vida que tinha antes, à vida terrena, mas entrou na vida gloriosa de Deus e o fez com a nossa humanidade, abrindo-nos um futuro de esperança.
Eis o que é a Páscoa: é o êxodo, a passagem do homem da escravidão do pecado, do mal, à liberdade do amor, do bem. Porque Deus é vida, somente vida, e a sua glória somos nós: o homem vivo (cf. Ireneu, Adversus haereses, 4, 20, 5-7).
Amados irmãos e irmãs, Cristo morreu e ressuscitou de uma vez para sempre e para todos, mas a força da Ressurreição, esta passagem da escravidão do mal à liberdade do bem, deve realizar-se em todos os tempos, nos espaços concretos da nossa existência, na nossa vida de cada dia. Quantos desertos tem o ser humano de atravessar ainda hoje! Sobretudo o deserto que existe dentro dele, quando falta o amor de Deus e ao próximo, quando falta a consciência de ser guardião de tudo o que o Criador nos deu e continua a dar. Mas a misericórdia de Deus pode fazer florir mesmo a terra mais árida, pode devolver a vida aos ossos ressequidos (cf. Ez 37, 1-14).
Eis, portanto, o convite que dirijo a todos: acolhamos a graça da Ressurreição de Cristo! Deixemo-nos renovar pela misericórdia de Deus, deixemo-nos amar por Jesus, deixemos que a força do seu amor transforme também a nossa vida, tornando-nos instrumentos desta misericórdia, canais através dos quais Deus possa irrigar a terra, guardar a criação inteira e fazer florir a justiça e a paz.
E assim, a Jesus ressuscitado que transforma a morte em vida, peçamos para mudar o ódio em amor, a vingança em perdão, a guerra em paz. Sim, Cristo é a nossa paz e, por seu intermédio, imploramos a paz para o mundo inteiro.
Paz para o Oriente Médio, especialmente entre israelitas e palestinos, que sentem dificuldade em encontrar a estrada da concórdia, a fim de que retomem, com coragem e disponibilidade, as negociações para pôr termo a um conflito que já dura há demasiado tempo. Paz no Iraque, para que cesse definitivamente toda a violência, e sobretudo para a amada Síria, para a sua população vítima do conflito e para os numerosos refugiados, que esperam ajuda e conforto. Já foi derramado tanto sangue… Quantos sofrimentos deverão ainda atravessar antes de se conseguir encontrar uma solução política para a crise?
Paz para a África, cenário ainda de sangrentos conflitos: no Mali, para que reencontre unidade e estabilidade; e na Nigéria, onde infelizmente não cessam os atentados, que ameaçam gravemente a vida de tantos inocentes, e onde não poucas pessoas, incluindo crianças, são mantidas como reféns por grupos terroristas. Paz no leste da República Democrática do Congo e na República Centro-Africana, onde muitos se vêem forçados a deixar as suas casas e vivem ainda no medo.
Paz para a Ásia, sobretudo na península coreana, para que sejam superadas as divergências e amadureça um renovado espírito de reconciliação.
Paz para o mundo inteiro, ainda tão dividido pela ganância de quem procura lucros fáceis, ferido pelo egoísmo que ameaça a vida humana e a família – um egoísmo que faz continuar o tráfico de pessoas, a escravatura mais extensa neste século vinte e um. O tráfico de pessoas é realmente a escravatura mais extensa neste século vinte e um! Paz para todo o mundo dilacerado pela violência ligada ao narcotráfico e por uma iníqua exploração dos recursos naturais. Paz para esta nossa Terra! Jesus ressuscitado leve conforto a quem é vítima das calamidades naturais e nos torne guardiões responsáveis da criação.
Amados irmãos e irmãs, originários de Roma ou de qualquer parte do mundo, a todos vós que me ouvis, dirijo este convite do Salmo 117: «Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque é eterno o seu amor. Diga a casa de Israel: É eterno o seu amor» (vv. 1-2).
Saudação
Queridos irmãos e irmãs, a vós aqui reunidos de todos os cantos do mundo nesta Praça, coração da cristandade, e a todos vós que estais conectados através dos meios de comunicação, renovo o meu voto: Feliz Páscoa!
Levai às vossas famílias e aos vossos Países a mensagem de alegria, de esperança e de paz, que a cada ano, neste dia, se renova com vigor.
O Senhor ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, seja o amparo para todos, especialmente para os mais frágeis e necessitados. Obrigado pela vossa presença e pelo testemunho da vossa fé. Uma lembrança e um agradecimento especial pelo dom das belíssimas flores, que provêm dos Países Baixos. A todos repito com afeto: Que Cristo ressuscitado guie a todos vós e à humanidade inteira pelos caminhos de justiça, de amor e de paz.

sábado, 30 de março de 2013

Papa Francisco preside Vigília Pascal:"não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida!"

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco presidiu na noite deste Sábado Santo, na Basílica de São Pedro a solene Vigília de Páscoa. O Rito teve início no átrio da Basílica com a Benção do Fogo e a preparação do Círio Pascal. Durante a procissão em direção do Altar com o Círio Pascal aceso cantou-se o Exultet; em seguida a Liturgia da Palavara, a Liturgia Batismal – durante a qual o Papa administrou os Sacramentos da iniciação cristã (Batismo, Crisma e Primeira Comunhão) a 4 neófitos, provenientes da Itália, Albânia, Rússia e Estados Unidos.

Eis na íntegra a homilia proferida pelo Papa Francisco em italiano:


Amados irmãos e irmãs!

1. No Evangelho desta noite luminosa da Vigília Pascal, encontramos em primeiro lugar as mulheres que vão ao sepulcro de Jesus levando perfumes para ungir o corpo d’Ele (cf. Lc 24, 1-3). Vão cumprir um gesto de piedade, de afeto, de amor, um gesto tradicionalmente feito a um ente querido falecido, como fazemos nós também. Elas tinham seguido Jesus, ouviram-No, sentiram-se compreendidas na sua dignidade e acompanharam-No até ao fim no Calvário e ao momento da descida do seu corpo da cruz. Podemos imaginar os sentimentos delas enquanto caminham para o túmulo: tanta tristeza, tanta pena porque Jesus as deixara; morreu, a sua história terminou. Agora se tornava à vida que levavam antes. Contudo, nas mulheres, continuava o amor, e foi o amor por Jesus que as impelira a irem ao sepulcro. Mas, chegadas lá, verificam algo totalmente inesperado, algo de novo que lhes transtorna o coração e os seus programas e subverterá a sua vida: vêem a pedra removida do sepulcro, aproximam-se e não encontram o corpo do Senhor. O caso deixa-as perplexas, hesitantes, cheias de interrogações: «Que aconteceu?», «Que sentido tem tudo isto?» (cf. Lc 24, 4). Porventura não se dá o mesmo também conosco, quando acontece qualquer coisa de verdadeiramente novo na cadência diária das coisas? Paramos, não entendemos, não sabemos como enfrentá-la. Frequentemente mete-nos medo a novidade, incluindo a novidade que Deus nos traz, a novidade que Deus nos pede. Fazemos como os apóstolos, no Evangelho: muitas vezes preferimos manter as nossas seguranças, parar junto de um túmulo com o pensamento num defunto que, no fim de contas, vive só na memória da história, como as grandes figuras do passado. Tememos as surpresas de Deus; temos medo das surpresas de Deus! Ele não cessa de nos surpreender!
Irmãos e irmãs, não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida! Muitas vezes sucede que nos sentimos cansados, desiludidos, tristes, sentimos o peso dos nossos pecados, pensamos que não conseguimos? Não nos fechemos em nós mesmos, não percamos a confiança, não nos demos jamais por vencidos: não há situações que Deus não possa mudar; não há pecado que não possa perdoar, se nos abrirmos a Ele.

2. Mas voltemos ao Evangelho, às mulheres, para vermos mais um ponto. Elas encontram o túmulo vazio, o corpo de Jesus não está lá… Algo de novo acontecera, mas ainda nada de claro resulta de tudo aquilo: levanta questões, deixa perplexos, sem oferecer uma resposta. E eis que aparecem dois homens em trajes resplandecentes, dizendo: «Porque buscais o Vivente entre os mortos? Não está aqui; ressuscitou!» (Lc 24, 5-6). E aquilo que começara como um simples gesto, certamente cumprido por amor – ir ao sepulcro –, transforma-se em acontecimento, e num acontecimento tal que muda verdadeiramente a vida. Nada mais permanece como antes, e não só na vida daquelas mulheres mas também na nossa vida e na história da humanidade. Jesus não está morto, ressuscitou, é o Vivente! Não regressou simplesmente à vida, mas é a própria vida, porque é o Filho de Deus, que é o Vivente (cf. Nm 14, 21-28; Dt 5, 26, Js 3, 10). Jesus já não está no passado, mas vive no presente e lança-Se para o futuro: é o «hoje» eterno de Deus. Assim se apresenta a novidade de Deus diante dos olhos das mulheres, dos discípulos, de todos nós: a vitória sobre o pecado, sobre o mal, sobre a morte, sobre tudo o que oprime a vida e lhe dá um rosto menos humano. E isto é uma mensagem dirigida a mim, a ti, amada irmã e amado irmão. Quantas vezes precisamos que o Amor nos diga: Porque buscais o Vivente entre os mortos? Os problemas, as preocupações de todos os dias tendem a fechar-nos em nós mesmos, na tristeza, na amargura… e aí está a morte. Não procuremos aí o Vivente! Aceita então que Jesus Ressuscitado entre na tua vida, acolhe-O como amigo, com confiança: Ele é a vida! Se até agora estiveste longe d’Ele, basta que faças um pequeno passo e Ele te acolherá de braços abertos. Se és indiferente, aceita arriscar: não ficarás desiludido. Se te parece difícil segui-Lo, não tenhas medo, entrega-te a Ele, podes estar seguro de que Ele está perto de ti, está contigo e dar-te-á a paz que procuras e a força para viver como Ele quer.

3. Há ainda um último elemento, simples, que quero sublinhar no Evangelho desta luminosa Vigília Pascal. As mulheres se encontram com a novidade de Deus: Jesus ressuscitou, é o Vivente! Mas, à vista do túmulo vazio e dos dois homens em trajes resplandecentes, a primeira reação que têm é de medo: «amedrontadas – observa Lucas –, voltaram o rosto para o chão», não tinham a coragem sequer de olhar. Mas, quando ouvem o anúncio da Ressurreição, acolhem-no com fé. E os dois homens em trajes resplandecentes introduzem um verbo fundamental: «Lembrai-vos de como vos falou, quando ainda estava na Galiléia (...) Recordaram-se então das suas palavras» (Lc 24, 6.8). É o convite a fazer memória do encontro com Jesus, das suas palavras, dos seus gestos, da sua vida; e é precisamente este recordar amorosamente a experiência com o Mestre que faz as mulheres superarem todo o medo e levarem o anúncio da Ressurreição aos Apóstolos e a todos os restantes (cf. Lc 24, 9). Fazer memória daquilo que Deus fez e continua a fazer por mim, por nós, fazer memória do caminho percorrido; e isto abre de par em par o coração à esperança para o futuro. Aprendamos a fazer memória daquilo que Deus fez na nossa vida.
Nesta Noite de luz, invocando a intercessão da Virgem Maria, que guardava todos os acontecimentos no seu coração (cf. Lc 2, 19.51), peçamos ao Senhor que nos torne participantes da sua Ressurreição: que nos abra à sua novidade que transforma, às surpresas de Deus; que nos torne homens e mulheres capazes de fazer memória daquilo que Ele opera na nossa história pessoal e na do mundo; que nos torne capazes de O percebermos como o Vivente, vivo e operante no meio de nós; que nos ensine cada dia a não procurarmos entre os mortos Aquele que está vivo. Assim seja. (SP)


 Fonte: Rádio Vaticano

Reflexão para o Sábado Santo

A manhã e a tarde de hoje são passadas na expectativa da vitória do Senhor. Ontem presenciamos o duela entre a vida e a morte. Venceu a vida, o amor é mais forte que a morte! Amor é Vida! Deus é a Vida!, Deus é o Amor!
No silêncio deste sábado santo, ao lado de Nossa Senhora, aguardamos a manifestação da Vida, a manifestação de Jesus!
Na noite de hoje, a mais importante da liturgia cristã, celebramos a vitória da Vida.
Por isso a Solene Vigília começa com a bênção do fogo, expressivo sinal do amor, da purificação, e usado para manifestar as teofanias. 
Em seguida, temos a luz, quando o Círio Pascal é aceso e solenemente entra no templo. Deus é luz! O diácono proclama cantando: “Eis a luz de Cristo!” e o povo responde: “Graças a Deus!” É o ressuscitado iluminando sua Igreja, o coração e a vida de cada fiel.
A água, símbolo da vida, é abençoada e, representando o sangue do Cordeiro, é aspergida sobre a assembléia.
Em seguida, temos a Liturgia da Palavra que começa refletindo sobre a ordem da criação, o poder criador do Pai e a vocação do Homem a ser seu colaborador no ato de acabar com o caos e criar um mundo belo. 
Em seguida, vem o convite para selar uma aliança e a solicitação de total confiança na Providência. Apesar de inúmeros percalços e demonstração de rebeldia do povo, Deus se mantém fiel e renova a aliança com ele. Finalmente, Deus envia o Salvador e é selada a aliança nova e eterna, com o povo renascido pelo sangue de seu Filho, o autor da aliança definitiva.
No Evangelho, Lucas nos adverte através do questionamento do anjo às mulheres:
“Porque estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui. Ressuscitou!”

E a liturgia prossegue com a celebração da nova Criação, da nova Páscoa, a celebração Eucarística do Senhor Ressuscitado, no meio do Povo da Nova e Eterna Aliança, ou seja, dos batizados, dos lavados com o sangue do cordeiro, dos que em Cristo nasceram novamente para uma Vida Nova, formando a comunidade dos que professam a fé no Ressuscitado.

A todos uma Feliz e Santa Páscoa!

  
Fonte: Rádio Vaticano 

quinta-feira, 28 de março de 2013

Eucaristia: Sacramento de Amor


A celebração da Semana Santa encontra seu ápice no Tríduo Pascal, que compreende a Quinta-feira Santa,
a Sexta-feira da Paixão e Morte do Senhor e a Solene Vigília Pascal, no Sábado à noite. Esses três dias formam uma grande celebração da Páscoa memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
A liturgia da Quinta-feira Santa nos fala do amor, com a cerimônia do Lava-pés, a proclamação do novo mandamento, a instituição do sacerdócio ministerial e a instituição da Eucaristia, em que Jesus se faz nosso alimento, dando-nos seu corpo e sangue. É a manifestação profunda do seu amor por nós, amor que foi até onde podia ir: “Como Ele amasse os seus amou-os até o fim”.



Eucaristia  Jesus

quarta-feira, 27 de março de 2013

Papa Francisco dedica sua primeira Catequese à Semana Santa






 O Papa Francisco realizou sua primeira Audiência Geral nesta quarta-feira, 27, na Praça São Pedro, no Vaticano, que estava repleta de fiéis. O Santo Padre dedicou sua Catequese à Semana Santa e explicou que, após a Páscoa, irá retomar as Catequeses sobre o Ano da Fé, como vinha fazendo seu predecessor. 





 
CATEQUESE
 Praça São Pedro – Vaticano  
Quarta-feira, 27 de março de 2013


Boletim da Santa Sé

Irmãos e irmãs, bom dia!
Tenho o prazer de acolher-vos nesta minha primeira Audiência Geral. Com grande reconhecimento e veneração acolho o “testemunho” das mãos do meu amado predecessor Bento XVI. Depois da Páscoa retomaremos as catequeses do Ano da Fé. Hoje gostaria de concentrar-me um pouco sobre a Semana Santa. Com o Domingo de Ramos iniciamos esta Semana – centro de todo o Ano Litúrgico – na qual acompanhamos Jesus em sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Mas o que pode querer dizer viver a Semana Santa para nós? O que significa seguir Jesus em seu caminho no Calvário para a Cruz e a ressurreição? Em sua missão terrena, Jesus percorreu os caminhos da Terra Santa; chamou 12 pessoas simples para que permanecessem com Ele, compartilhando o seu caminho e para que continuassem a sua missão; escolheu-as entre o povo cheio de fé nas promessas de Deus. Falou a todos, sem distinção, aos grandes e aos humildes, ao jovem rico e à pobre viúva, aos poderosos e aos indefesos; levou a misericórdia e o perdão de Deus; curou, consolou, compreendeu; doou esperança; levou a todos a presença de Deus que se interessa por cada homem e cada mulher, como faz um bom pai e uma boa mãe para cada um de seus filhos. Deus não esperou que fôssemos a Ele, mas foi Ele que se moveu para nós, sem cálculos, sem medidas. Deus é assim: Ele dá sempre o primeiro passo, Ele se move para nós. Jesus viveu a realidade cotidiana do povo mais comum: comoveu-se diante da multidão que parecia um rebanho sem pastor; chorou diante do sofrimento de Marta e Maria pela morte do irmão Lázaro; chamou um cobrador de impostos como seu discípulo; sofreu também a traição de um amigo. Nele Deus nos doou a certeza de que está conosco, em meio a nós. “As raposas – disse Ele, Jesus – as raposas têm suas tocas e as aves do céu os seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça” (Mt 8, 20). Jesus não tem casa porque a sua casa é o povo, somos nós, a sua missão é abrir a todos as portas de Deus, ser a presença do amor de Deus.
Na Semana Santa nós vivemos o ápice deste momento, deste plano de amor que percorre toda a história da relação entre Deus e a humanidade. Jesus entra em Jerusalém para cumprir o último passo, no qual reassume toda a sua existência: doa-se totalmente, não tem nada para si, nem mesmo a vida. Na Última Ceia, com os seus amigos, compartilha o pão e distribui o cálice “por nós”. O Filho de Deus se oferece a nós, entrega em nossas mãos o seu Corpo e o seu Sangue para estar sempre conosco, para morar em meio a nós. E no Monte das Oliveiras, como no processo diante de Pilatos, não oferece resistência, doa-se; é o Servo sofredor profetizado por Isaías que se despojou até a morte (cfr Is 53,12).
Jesus não vive este amor que conduz ao sacrifício de modo passivo ou como um destino fatal; certamente não esconde a sua profunda inquietação humana diante da morte violenta, mas se confia com plena confiança ao Pai. Jesus entregou-se voluntariamente à morte para corresponder ao amor de Deus Pai, em perfeita união com a sua vontade, para demonstrar o seu amor por nós. Na cruz Jesus “me amou e entregou a si mesmo” (Gal 2,20). Cada um de nós pode dizer: amou-me e entregou a si mesmo por mim. Cada um pode dizer este “por mim”.
O que significa tudo isto para nós? Significa que este é também o meu, o teu, o nosso caminho. Viver a Semana Santa seguindo Jesus não somente com a emoção do coração; viver a Semana Santa seguindo Jesus quer dizer aprender a sair de nós mesmos – como disse domingo passado – para ir ao encontro dos outros, para ir para as periferias da existência, mover-nos primeiro para os nossos irmãos e as nossas irmãs, sobretudo aqueles mais distantes, aqueles que são esquecidos, aqueles que tema mais necessidade de compreensão, de consolação, de ajuda. Há tanta necessidade de levar a presença viva de Jesus misericordioso e rico de amor!
Viver a Semana Santa é entrar sempre mais na lógica de Deus, na lógica da Cruz, que não é antes de tudo aquela da dor e da morte, mas aquela do amor e da doação de si que traz vida. É entrar na lógica do Evangelho. Seguir, acompanhar Cristo, permanecer com Ele exige um “sair”, sair. Sair de si mesmo, de um modo cansado e rotineiro de viver a fé, da tentação de fechar-se nos próprios padrões que terminam por fechar o horizonte da ação criativa de Deus. Deus saiu de si mesmo para vir em meio a nós, colocou a sua tenda entre nós para trazer-nos a sua misericórdia que salva e doa esperança. Também nós, se desejamos segui-Lo e permanecer com Ele, não devemos nos contentar em permanecer no recinto das 99 ovelhas, devemos “sair”, procurar com Ele a ovelha perdida, aquela mais distante. Lembrem-se bem: sair de nós mesmo, como Jesus, como Deus saiu de si mesmo em Jesus e Jesus saiu de si mesmo por todos nós.
Alguém poderia dizer-me: “Mas, padre, não tenho tempo”, “tenho tantas coisas a fazer”, “é difícil”, “o que posso fazer com as minhas poucas forças, também com o meu pecado, com tantas coisas?”. Sempre nos contentamos com alguma oração, com uma Missa dominical distraída e não constante, com qualquer gesto de caridade, mas não temos esta coragem de “sair” para levar Cristo. Somos um pouco como São Pedro. Assim que Jesus fala de paixão, morte e ressurreição, de doação de si, de amor para todos, o Apóstolo o leva para o lado e o repreende. Aquilo que diz Jesus perturba os seus planos, parece inaceitável, coloca em dificuldade as seguranças que se havia construído, a sua ideia de Messias. E Jesus olha para os discípulos e dirige a Pedro talvez uma das palavras mais duras dos Evangelhos: “Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens” (Mc 8, 33). Deus pensa sempre com misericórdia: não se esqueçam disso. Deus pensa sempre com misericórdia: é o Pai misericordioso! Deus pensa como o pai que espera o retorno do filho e vai ao seu encontro, vê-lo vir quando ainda é distante…O que isto significa? Que todos os dias ia ver se o filho retornava a casa: este é o nosso Pai misericordioso. É o sinal que o esperava de coração no terraço de sua casa. Deus pensa como o samaritano que não passa próximo à vítima olhando por outro lado, mas socorrendo-a sem pedir nada em troca; sem perguntar se era judeu, se era pagão, se era samaritano, se era rico, se era pobre: não pergunta nada. Não pergunta essas coisas, não pergunta nada. Vai em seu auxílio: assim é Deus. Deus pensa como o pastor que doa a sua vida para defender e salvar as ovelhas.
A Semana Santa é um tempo de graça que o Senhor nos doa para abrir as portas do nosso coração, da nossa vida, das nossas paróquias – que pena tantas paróquias fechadas! – dos movimentos, das associações, e “sair” de encontro aos outros, fazer-nos próximos para levar a luz e a alegria da nossa fé. Sair sempre! E isto com amor e com a ternura de Deus, no respeito e na paciência, sabendo que nós colocamos as nossas mãos, os nossos pés, o nosso coração, mas em seguida é Deus que os orienta e torna fecunda cada ação nossa.
Desejo a todos viver bem estes dias seguindo o Senhor com coragem, levando em nós mesmos um raio do seu amor a quantos encontrarmos.
Papa Francisco 

Fonte: CN

domingo, 24 de março de 2013

Domingo de Ramos: Papa fala sobre alegria, cruz e jovens


Reunido com os fiéis na Praça São Pedro, Papa Francisco celebrou na manhã deste domingo, 24, a Missa do Domingo de Ramos. Em sua homilia, o Santo Padre desenvolveu uma reflexão em torno de três palavras em especial: alegria, cruz e jovens. Antes da Missa, houve o rito da Procissão de Ramos, que faz memória da entrada triunfante de Jesus em Jerusalém

HOMILIA
Celebração do Domingo de Ramos
Praça São Pedro - Vaticano
Domingo, 24 de março de 2013

1. Jesus entra em Jerusalém. A multidão dos discípulos acompanha-O em festa, os mantos são estendidos diante d’Ele, fala-se dos prodígios que realizou, ergue-se um grito de louvor: “Bendito seja aquele que vem, o rei, em nome do Senhor! Paz no céu e glória no mais alto dos céus!” (Lc 19, 38).
Multidão, festa, louvor, bênção, paz: respira-se um clima de alegria. Jesus despertou tantas esperanças no coração, especialmente das pessoas humildes, simples, pobres, abandonadas, pessoas que não contam aos olhos do mundo. Ele soube compreender as misérias humanas, mostrou o rosto misericordioso de Deus, inclinou-Se para curar o corpo e a alma.
Este é Jesus. Este é o seu coração que olha para todos nós, que olha as nossas doenças, os nossos pecados. É grande o amor de Jesus. E assim entra em Jerusalém com este amor, e olha para todos nós. É uma cena bela: cheia de luz – a luz do amor de Jesus, aquele do seu coração – de alegria, de festa.
No início da Missa, também nós o repetimos. Agitamos os nossos ramos de palmeira e de oliveira. Também nós acolhemos Jesus; também nós expressamos a alegria de acompanhá-Lo, de senti-Lo perto de nós, presente em nós e em meio a nós, como um amigo, como um irmão, também como rei, isto é, como farol luminoso da nossa vida. Jesus é Deus, mas se abaixou para caminhar conosco. É o nosso amigo, o nosso irmão. Quem nos ilumina no caminho. E assim O acolhemos. E esta é a primeira palavra que gostaria de dizer a vocês: alegria! Nunca sejam homens e mulheres tristes: um cristão não pode nunca sê-lo! Não vos deixeis invadir pelo desânimo! A nossa não é uma alegria que nasce do fato de possuirmos muitas coisas, mas de termos encontrado uma Pessoa: Jesus, que está em meio a nós; nasce do saber que com Ele nunca estamos sozinhos, mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando o caminho da vida é confrontado com problemas e obstáculos que parecem insuperáveis, e há tantos! E neste momento vem o inimigo, vem o diabo, disfarçado como anjo muitas vezes, e insidiosamente nos diz a sua palavra. Não o escuteis! Sigamos Jesus! Nós acompanhamos, seguimos Jesus, mas, sobretudo, sabemos que Ele nos acompanha e nos carrega aos seus ombros: aqui está a nossa alegria, a esperança que devemos levar a este nosso mundo. E, por favor, não deixem roubar a esperança! Não deixem roubar a esperança! Aquela que Jesus nos dá.
2. Mas nos perguntamos: Segunda palavra. Por que Jesus entra em Jerusalém, ou talvez melhor: como entra Jesus em Jerusalém? A multidão aclama-O como Rei. E Ele não Se opõe, não a manda calar (cf. Lc 19, 39-40). Mas, que tipo de Rei é Jesus? Vejamo-Lo: monta um jumentinho, não tem uma corte que o segue, não está rodeado de um exército símbolo de força. Quem O acolhe são pessoas humildes, simples, que têm o sentido de ver em Jesus algo mais; tem aquele sentido da fé, que diz: Este é o Salvador. Jesus não entra na Cidade Santa para receber as honras reservadas aos reis terrenos, a quem tem poder, a quem domina; entra para ser flagelado, insultado e ultrajado, como preanuncia Isaías na Primeira Leitura (cf. Is 50, 6); entra para receber uma coroa de espinhos, uma vara, um manto de púrpura, a sua realeza será objeto de escárnio; entra para subir ao Calvário carregado em uma madeira. E aqui temos a segunda palavra: Cruz. Jesus entra em Jerusalém para morrer na Cruz. E é precisamente aqui que brilha o seu ser Rei segundo Deus: o seu trono real é o madeiro da Cruz! Penso naquilo que Bento XVI dizia aos Cardeais: vós sois príncipes, mas de um Rei crucificado. Aquele é o trono de Jesus. Jesus toma sobre si… Por que a Cruz? Porque Jesus toma sobre si o mal, a sujeira, o pecado do mundo, também o nosso pecado, de todos nós, e o lava, o lava com o seu sangue, com a misericórdia, com o amor de Deus. Olhemos ao nosso redor: quantas feridas o mal inflige à humanidade! Guerras, violência, conflitos econômicos que afetam quem é mais vulnerável, sede de dinheiro, que depois ninguém pode levar consigo, deve deixá-lo. Minha avó dizia a nós crianças: a mortalha não tem bolsos. Amor ao dinheiro, poder, corrupção, divisões, crimes contra a vida humana e contra a criação! E também – cada um de nós o sabe e o conhece – e os nossos pecados pessoais: a falta de amor e de respeito com Deus, para com o próximo e para com toda a criação. Na cruz, Jesus sente todo o peso do mal e, com a força do amor de Deus, vence-o, derrota-o na sua ressurreição. Este é o bem que Jesus faz a todos nós no trono da Cruz. A cruz de Cristo abraçada com amor nunca leva à tristeza, mas à alegria, à alegria de ser salvos e de fazer um pouquinho daquilo que fez Ele naquele dia de sua morte.
3. Hoje, nesta Praça, há tantos jovens: há 28 anos o Domingo de Ramos é o Dia da Juventude! E aqui aparece a terceira palavra: jovens! Queridos jovens, eu os vi na procissão, quando vocês entraram; imagino-vos fazendo festa ao redor de Jesus, agitando os ramos de oliveira; imagino-vos gritando o seu nome e expressando a vossa alegria por estardes com Ele! Vós tendes uma parte importante na festa da fé! Vós nos trazeis a alegria da fé e nos dizeis que devemos viver a fé com um coração jovem, sempre: um coração jovem, mesmo aos setenta, oitenta anos! Coração jovem! Com Cristo o coração não envelhece nunca! Entretanto, todos sabemos e vós o sabeis bem, que o Rei que seguimos e que nos acompanha é muito especial: é um Rei que ama até à cruz e nos ensina a servir, a amar. E vós não tendes vergonha da sua Cruz! Antes, abraçam a Cruz, porque compreendem que é na doação de si mesmo, na doação de si mesmo, no sair de si mesmo, que se alcança a verdadeira alegria e que com o amor de Deus Ele venceu o mal. Vós levais a Cruz peregrina por todos os continentes, pelas estradas do mundo! Vocês a levaram respondendo ao convite de Jesus “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (cf. Mt 28, 19), que é o tema da Jornada da Juventude deste ano. Vocês a levam para dizer a todos que, na cruz, Jesus abateu o muro da inimizade, que separa os homens e os povos, e trouxe a reconciliação e a paz. Queridos amigos, também eu me coloco em caminho com vocês, na esteira do Beato João Paulo II e de Bento XVI. Já estamos perto da próxima etapa desta grande peregrinação da Cruz. Olho com alegria para o próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro! Vinde! Encontramo-nos naquela grande cidade do Brasil! Preparai-vos bem, sobretudo espiritualmente, nas vossas comunidades, para que este Encontro seja um sinal de fé para o mundo inteiro. Os jovens devem dizer ao mundo: é bom seguir Jesus; é bom caminhar com Jesus; é boa a mensagem de Jesus; é bom sair de si mesmo, às periferias do mundo e da existência para levar Jesus! Três palavras: alegria, cruz, jovens.
Peçamos a intercessão da Virgem Maria. Que Ela nos ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O devemos contemplar ao pé da cruz, o entusiasmo do coração jovem com que O devemos seguir nesta Semana Santa e por toda a nossa vida. Assim seja.
Papa Francisco

Fonte: CN

sexta-feira, 22 de março de 2013

TROCAR O FUSÍVEL!

Neste início de Pontificado do Papa Francisco, nossa Administração Apostólica vem expressar seus cumprimentos, respeito, apoio, dedicação e inteira submissão ao Santo Padre, no qual vemos o sucessor de São Pedro, a pedra sobre a qual Nosso Senhor edificou a sua Igreja, o “princípio perpétuo e o fundamento visível da unidade na Fé e na Caridade da Igreja”.
Faço minhas as palavras de Dom Antônio de Castro Mayer, quando bispo diocesano de Campos, referindo-se ao Beato João Paulo II: “Como fiéis católicos, nas nossas relações com o Papa devemos nos conduzir por um vivo espírito de Fé. E ver no Papa sempre o Vigário de Cristo na terra, cujas palavras, no exercício de seu múnus, devem ser tomadas como palavras do mesmo Senhor. Por isso, ao Papa devemos respeito, veneração e dócil obediência, evitando todo espírito de crítica destrutiva. É preciso que nosso procedimento reflita a convicção de nossa Fé que nos aponta no Papa o Vigário do próprio Jesus Cristo” (Veritas, abril-maio de 1980).
            Sul-Americano, nascido em Buenos Aires, membro da Companhia de Jesus, com sua eleição, tornando-se agora o 265º sucessor de São Pedro, o Papa Francisco já não é mais argentino, nem jesuíta, nem americano, pois pelo seu ministério petrino, torna-se o pai comum de todos os católicos, de todos os países, cabeça visível de todos os membros do Corpo Místico de Cristo. Todo Papa é cosmopolita e sua condição transcende todas as suas individualidades. 
            O nome de Francisco nos faz lembrar a aparição de Jesus a São Francisco de Assis: “Vai, Francisco, e reconstrói a minha Igreja, que está em ruínas!” Ele o fez, pela sua santidade.
“Que o Senhor o conserve e sustente, não permitindo que caia nas mãos dos inimigos!”, diz a oração pelo Papa. Rezemos sempre por ele. São Pedro, afundando nas águas, mas levantado e sustentado por Jesus, simboliza a Igreja, nas suas fraquezas humanas, sustentada pelo divino Salvador, que nunca permitirá que as portas do Inferno prevaleçam contra ela.
            Creio que os Cardeais quiseram escolher um pastor prático, capaz de continuar a verdadeira reforma da Igreja, na linha doutrinária magisterial, que não muda. Por ser oriundo da Companhia de Jesus, fundada por Santo Inácio, cujas características sempre foram a boa formação intelectual e o espírito missionário, esperamos que o novo Papa desenvolva e implemente a nova Evangelização e a reforma, querida pelo Papa anterior e por toda a Igreja.
Os Jesuítas costumam ser práticos. Assim eles catequizaram e civilizaram nossos índios, ensinando-lhes com a religião, música, teatro, amor ao trabalho e previdência para o dia seguinte: comprovam-no as reduções jesuíticas do sul do Brasil, Paraguai e Argentina.
Nos meios clericais, conta-se a seguinte anedota: vários religiosos estavam à noite rezando em coro o Ofício Divino: um beneditino, um dominicano, um franciscano e um jesuíta. Em dado momento, faltou a luz. O beneditino continuou a rezar, pois sabe tudo de cor. O dominicano começou a pregar sobre a escuridão espiritual. O franciscano recitou uma poesia sobre a irmã, a noite. O jesuíta, bem, o jesuíta... foi trocar o fusível, para que a luz voltasse!

Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney  

quarta-feira, 20 de março de 2013

O caminho da Páscoa

Abre-se, então, a Semana Santa!
"Caminhar. 'Vinde, Casa de Jacó! Caminhemos à luz do Senhor' (Is 2,5). Trata-se da primeira coisa que Deus disse a Abraão: caminha na minha presença e sê irrepreensível. Caminhar: a nossa vida é um caminho e, quando nos detemos, está errado. Caminhar sempre, na presença do Senhor, à luz do Senhor, procurando viver com aquela irrepreensibilidade que Deus pedia a Abraão, na Sua promessa". Assim se pronunciou o Santo Padre, o Papa Francisco, em sua primeira homilia na Capela Sistina, quando celebrou a Santa Missa com os cardeais participantes do Conclave.

Na Igreja primitiva, o Cristianismo era chamado "Caminho" (cf. At 9,2; 19.9.23; 22,4; 24.14.22). A grande estrada percorrida por Jesus em direção a Jerusalém, onde consumou seu mistério de Páscoa, fez com que as multidões acorressem a Ele. Brotaram como ramos de oliveira os discípulos! Conversão, passagem, movimento, dinamismo para sair da escuridão para a luz, da tristeza à alegria, da morte à vida. E seus seguidores, no correr dos séculos, receberam a tarefa de espalhar as sementes da fé em todos os recantos da terra. Aos discípulos de hoje em caminho, é confiada a mesma tarefa.

No júbilo que contagiou a todos, a Igreja de Jesus Cristo conheceu o novo Sucessor de Pedro para estar à frente da Igreja de Roma, que preside à caridade. Os primeiros dias de seu pontificado testemunham o "norte" indicado pela bússola da fé, como a qual quer colocar-nos a caminho: "Cristo é o Pastor da Igreja, mas a Sua presença na história passa pela liberdade dos homens: um deles é escolhido para servir como seu Vigário, Sucessor do Apóstolo Pedro, mas Cristo é o centro. Não o Sucessor de Pedro, mas Cristo. Cristo é o centro. Cristo é o ponto fundamental de referência, o coração da Igreja. Sem Ele, Pedro e a Igreja não existiriam nem teriam razão de ser" (Encontro do Papa com os profissionais da Comunicação).
Se são imensas as multidões do tempo presente, multiplicadas pelo alcance dos meios de comunicação, maiores as responsabilidades de todos os cristãos. Com Papa Francisco à frente, apontando-nos Jesus Cristo como o único Senhor de nossas vidas, a Igreja se faça caminho, abra-se à missão, redescubra continuamente seu dinamismo interior e continue sua estrada para chegar aos confins da terra dos corações de todos os homens e mulheres, especialmente os mais pobres e os afastados de Deus. Ela não pode parar, mas há de caminhar sempre, uma Igreja em movimento. 
A sabedoria milenar da Igreja organizou o ano litúrgico de forma a proporcionar aos fiéis cristãos beberem na única fonte do Mistério Pascal de Cristo as diversas dimensões de sua fé. A Páscoa é a festa fundamental, celebrada a cada domingo, presente em todas as missas diárias, quando, do nascer ao pôr do sol, em toda parte, por Jesus Cristo e pela força do Espírito Santo, é oferecido ao Pai o sacrifício perfeito (Cf. Oração Eucarística III). Celebra-se também, após a intensa preparação quaresmal, a Páscoa anual, com a qual acompanhamos os passos de Nosso Senhor Jesus Cristo antes de Sua Paixão, para viver, no Tríduo Pascal, seu êxodo, mistério de entrega pela nossa salvação, ressuscitando com Ele! A delicadeza pedagógica da Igreja nos conduz, então, à renovação anual de nosso batismo na grande Vigília da Noite Santa e no Domingo de Páscoa. Em seguida, se quarenta dias foram dados para a preparação da Páscoa, cinquenta dias serão dedicados até a Solenidade de Pentecostes para aprofundar a vida nova recebida, acompanhados, de modo especial, pelos que renascerem nos sacramentos da iniciação cristã nestas solenidades pascais. 
Abre-se, então, a Semana Santa! O Domingo de Ramos e da Paixão começa com um convite a um caminho: "Vamos iniciar, com toda a Igreja, a celebração da Páscoa de nosso Senhor. Para realizar o mistério de sua morte e ressurreição, Cristo entrou em Jerusalém, sua cidade. Celebrando com fé e piedade a memória desta entrada, sigamos os passos de nosso Salvador para que, associados pela graça à sua cruz, participemos também de sua ressurreição e de sua vida". Na Quinta-feira Santa, Jesus vai ao encontro de seus discípulos, lava-lhes os pés, deixando o mandamento novo com o qual faremos continuamente o passagem do egoísmo para a comunhão e a partilha. Oferece-nos a Eucaristia, viático para a estrada da vida, Corpo e Sangue do Senhor oferecido aos fiéis, enquanto esperamos a Sua vinda. Sexta-feira Santa é dia de "Via Sacra", caminho para o Calvário! Dali para frente, a definitiva estrada que passa pela escuridão do túmulo para chegar à manhã jubilosa da Ressurreição. Depois, o Senhor marca encontro na Galileia, ordenando aos discípulos fazerem o caminho de volta ao cotidiano com a força do Ressuscitado. Quando "viaja" para o céu, começou para a Igreja a grande viagem missionária, que continuará até a volta do Senhor, no fim dos tempos, garantindo o cumprimento de Sua promessa com o penhor do Espírito Santo derramado sobre a Igreja. 
E retornamos a Papa Francisco em sua primeira homilia, que nos oferece um magnífico roteiro para a Semana Santa, a Páscoa e a vida: "Eu queria que todos nós tivéssemos a coragem, sim, de caminhar na presença do Senhor, com a Cruz do Senhor; de edificar a Igreja sobre o sangue do Senhor, que é derramado na cruz; e de confessar como nossa única glória Cristo Crucificado. E assim a Igreja vai para diante. Faço votos de que, pela intercessão de Maria, nossa Mãe, o Espírito Santo conceda a todos nós esta graça: caminhar, edificar, confessar Jesus Cristo Crucificado". 
Os cristãos e todas pessoas de boa vontade sejamos dignos das graças vividas na Igreja e com a Igreja durante este tempo! Os ramos da fé professada, erguidos no Domingo de Ramos, expressem o nosso júbilo.

Fonte: CN

terça-feira, 19 de março de 2013

Patrono Universal da Igreja

São José, depois de Maria, é o maior de todos os Santos
O Papa Pio XI, em 08 de dezembro de 1870, proclamou São José Patrono Universal da Igreja, disse: “Entre São José e Deus não vemos e não devemos ver senão Maria, por sua divina Maternidade”. “São José, depois de Maria, é o maior de todos os Santos”.
São Mateus afirma em seu Evangelho que São José “era um homem justo” (Mt 1,19). Isto, na linguagem bíblica, significa um homem repleto de todas as virtudes, de santidade completa, perfeito. Jesus quis ter um pai na terra: O anjo do Senhor, aparecendo-lhe em sonho, diz-lhe: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo” (Mt. 1,20).
Coube a São José a grande honra de dar o nome ao Filho de Deus humanado. O Anjo lhe disse: “Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo de seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor falou pelo profeta” (Mt 1, 21-22).
Em uma aparição a Santa Margarida de Cortona, disse Jesus: “Filha, se desejas fazer-me algo agradável, rogo-te não deixeis passar um dia sem render algum tributo de louvor e de bênção ao meu Pai adotivo São José, porque me é caríssimo”.
Santo Afonso de Ligório (†1787), doutor da Igreja, garantia que todo dom ou privilégio que Deus concedeu a outro Santo também o concedeu a São José.
São Francisco de Sales (†1655), doutor da Igreja, diz que “São José ultrapassou, na pureza, os Anjos da mais alta hierarquia”.
São Jerônimo (†420), doutor da Igreja, diz que: “José mereceu o nome de “Justo”, porque possuía de modo perfeito todas as virtudes”.
São Bernardo (†1153), doutor da Igreja: “De sua vocação, considerai a multiplicidade, a excelência, a sublimidade dos dons sobrenaturais com que foi enriquecido por Deus”.
Se São José foi escolhido para Esposo de Maria, a mais santa de todas as mulheres, é porque ele era o mais santo de todos os homens. Se houvesse alguém mais santo que José, certamente seria este escolhido por Jesus para Esposo de Sua Mãe Maria. Nós não pudemos escolher nosso pai e nossa mãe, mas Jesus pôde, então, escolheu os melhores que existiam.
São Francisco de Sales disse ainda: “Oh! que divina união entre Nossa Senhora e o glorioso São José; união que tornava José participante de todos os bens de sua cara Esposa e o fazia crescer maravilhosamente na perfeição, pela contínua comunicação com Ela, que possuía todas as virtudes em grau tão alto, que nenhuma criatura o pode atingir”.
Testemunho de Santa Teresa de Ávila (†1582), doutora da Igreja, devotíssima de São José. No “Livro da Vida”, sua autobiografia, ela escreveu:
“Tomei por advogado e senhor ao glorioso São José e muito me encomendei a ele. Claramente vi que dessa necessidade, como de outras maiores referentes à honra e à perda da alma, esse pai e senhor meu salvou-me com maior lucro do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo de lhe haver, até agora, suplicado graça que tenha deixado de obter. Coisa admirável são os grandes favores que Deus me tem feito por intermédio desse bem-aventurado santo, e os perigos de que me tem livrado, tanto do corpo como da alma. A outros santos parece o Senhor ter dado graça para socorrer numa determinada necessidade.”
“Ao glorioso São José tenho experiência de que socorre em todas. O Senhor quer dar a entender com isso como lhe foi submisso na terra, onde São José, como pai adotivo, o podia mandar, assim no céu atende a todos os seus pedidos. Por experiência, o mesmo viram outras pessoas a quem eu aconselhava encomendar-se a ele. A todos quisera persuadir que fossem devotos desse glorioso santo, pela experiência que tenho de quantos bens alcança de Deus…De alguns anos para cá, no dia de sua festa, sempre lhe peço algum favor especial. Nunca deixei de ser atendida”.
No Evangelho consta que São José era carpinteiro: “Não é este o filho do carpinteiro?”(Mt 13, 55). Mas a expressão é mais genérica, pois diz “filius fabri”, quer dizer, filho de artesão.
A vocação de São José foi a de representante do Pai Eterno junto a seu Filho Unigênito na terra. Por isso os autores místicos o chamam de “Sombra do Pai Celeste”; um privilégio especial só a ele concedido. Isto nos faz lembrar a palavra que diz: “Eu sou o Senhor, esse é meu nome, a ninguém cederei minha glória, nem a ídolos minha honra” (Is 42,8).
São Basílio Magno (330-369), doutor da Igreja, diz: “Ainda que José tratasse sua mulher com todo afeto e amor e com todo o cuidado próprio dos cônjuges, entretanto se abstiveram dos atos conjugais” (Tratado da Virgem Santíssima, BAC, Madri, 1952, p. 36).
Papa Leão XIII disse na Encíclica Quamquam pluries: “Muitos Padres da Igreja, de acordo com a Sagrada Liturgia, acreditam que o antigo José, filho do Patriarca Jacó, tenha figurado a pessoa e o ministério do nosso São José, e simbolizado, com o seu esplendor, a grandeza e a glória do futuro Custódio da Sagrada Família.”
Eis o que diz a respeito São Bernardo, doutor a Igreja: “Lembra-te do grande Patriarca vendido para o Egito, e sabe que ele não só lhe herdou o nome, mas imitou-lhe também a castidade, mereceu-lhe a inocência e a graça. E se aquele José, vendido por inveja dos irmãos e conduzido ao Egito, prefigurou a venda de Cristo, o nosso José, fugindo da inveja de Herodes, levou Cristo para o Egito”.
Papa João Paulo II: “Precisamente em vista da sua contribuição para o mistério da Encarnação do Verbo, José e Maria receberam a graça de viverem juntos o carisma da virgindade e o dom do matrimônio. A comunhão de amor virginal de Maria e José, embora constitua um caso muito especial, ligado à realização concreta do mistério da Encarnação, foi todavia um verdadeiro matrimônio” (cf Exort. Apost. Redemptoris custos, 7).
São José é o patrono da boa morte: Santa Teresa, narrando a morte de suas filhas, devotas do Santo, dizia:
“Tenho observado que, no momento de exalar o último suspiro, gozavam inefável paz e tranqüilidade; sua morte assemelhava-se ao doce repouso da oração. Nada indicava que estivessem interiormente agitadas por tentações. Essas divinas luzes me libertaram o coração do temor da morte. Morrer parece-me agora o que há de mais fácil para uma alma fiel”.
Por: Felipe Aquino

 A Festa de S. José, neste ano adquire um significado todo especial. S. José é o Protetor da Santa Igreja e hoje o novo Sucessor de S. Pedro, o Doce Cristo na Terra, o Papa Francisco inicia solenemente seu ministério, colocando-se sob a proteção de S. José e se propondo guiar a Igreja seguindo o exemplo do Santo Patriarca. Que S. José nos guarde a todos. Que ele nos abençoe nesta sua festa e nos conceda todos as graças de que precisamos em nossa vida. Um bom dia a todos os amigos. Deus nos abençoe a todos. (Padre Gaspar Pelegrini)

 

segunda-feira, 18 de março de 2013

Viver a pureza de coração

O mundo gira em um ritmo frenético e às vezes parece que até perdemos o fôlego no ter que dar conta de todas as demandas de nossa existência. Há tanta coisa por fazer que corremos o risco de nos perdemos de nós mesmos e esquecer do grande desejo de felicidade sincera que temos dentro do coração!
Viver se torna a tarefa mais linda e desafiante de todas, viver de verdade e não fingir que se vive. Ter uma vida sincera, com pureza de coração e esforço de vida...Isto sim nos torna felizes de verdade!
Mas parece que falar de pureza de coração se torna algo meio “retrô” meio “idade média”. Será que é?
Acredito que não! Pureza quer dizer a qualidade daquilo que é, daquilo que não foi alterado, misturado, diz de essência e não acidentes. Ser puro de coração é ser aquilo que se é sem as alterações que deturpam nossa essência.
Mas em um mundo que nos exige tanto e até parece que nos perdemos de nós mesmos, será possível sermos puros de coração?
Totalmente possível! Comparo a busca pela pureza de coração ao processo de reeducação alimentar. Precisamos tirar do nosso dia-a-dia alimentar tudo aquilo que nos prejudica. Não dá para abrir concessões precisamos tirar mesmo. O não que tem força de um sim. Não a isso que me faz mal e sim a aquilo que me faz bem, e me torna um bem.
Já pensou se uma pessoa que está vivendo um processo de reeducação alimentar e que ao ver na sobremesa um pedaço de bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro e recheio de doce de coco ela não consegue dizer não e parte para o ataque? Se não consegue dizer não ao bolo como poderá dizer não para um e-mail pedindo para olhar pornografia na Internet, ou um não para um convite a cheirar uma carreira de cocaína, ou um não a um namoro fora da castidade? O jejum é uma forma maravilhosa de crescer no domínio de nossas paixões. Se isso ainda não é parte da vida de uma pessoa, ela deve começar com um simples sacrifício que seja relativamente fácil de pôr em prática.
Quando os desejos surgem como um vulcão em erupção precisamos encará-los de frente em vez de reprimi-los, não dá para dizer: “só um pouquinho não faz mal”. Não dá, aquele pouquinho irá nos arrastar ao fundo do poço! Pureza de coração é você assumir em suas mãos aquele desejo e nesta hora oferecê-lo a Deus, a Jesus na Cruz, pois Ele levou sobre si nossas transgressões. Ao fazermos isso, "o Espírito do Senhor dá forma nova aos nossos desejos" (Catecismo da Igreja Católica, 2764).
A Jornada Mundial da Juventude nos oferece várias oportunidades de viver esta experiência. Um encontro com Jesus, com o outro e consigo mesmo. Em todos lugares você terá a oportunidade de viver esta pureza de coração! Saber curtir o melhor de sua jovialidade sem se perder de você mesmo!
Acredite seu sim e não determinará um coração puro! Seja você mesmo e deixe Deus ser tudo em você!
“Sem dúvida, a vida só pode valer se tiverdes a coragem da aventura, a confiança de que o Senhor nunca vos deixará sozinhos.” (Bento XVI, discurso 21 de março 2009)

Está a fim de se aventurar?

domingo, 17 de março de 2013

"Deus nunca se cansa de nos perdoar", disse o Papa Francisco

Com um sorriso largo e acolhedor,
Papa Francisco saudou fiéis na Praça São Pedro, em Roma
Uma multidão de pessoas, mais de 150 mil, lotaram a Praça São Pedro e todas as ruas vizinhas, para assistir e rezar junto com o Papa a sua primeira oração do Angelus. Às 12h deste domingo (8h de Brasília), Francisco apareceu na janela de seu apartamento para rezar e abençoar os fiéis, turistas e romanos.

Desde as primeiras horas do dia, o movimento já era grande. Toda a área foi interditada ao tráfico e ao estacionamento. Francisco fez um discurso informal, falando de improviso e apenas em italiano.

Ele saudou com as mãos e um grande sorriso, recebendo em troca aplausos e muito entusiasmo. A popularidade de Francisco tem aumentado a cada dia desde que se tornou, quarta-feira passada, o primeiro Papa latino-americano da história. Chegou ao balcão com o seu modo simples, os braços ao longo do corpo e a mão direita ao alto, saudando o povo. “Bom dia!” – foram as suas primeiras palavras.

Lembrando o episódio da mulher adúltera que Jesus salva da condenação, Francisco ressaltou o valor e a importância da misericórdia e do perdão nos dias de hoje: “Deus jamais se cansa de nos perdoar. Nós é que nos cansamos de pedir perdão. Temos de aprender a ser misericordiosos com todos”, afirmou.

Antes disso, Francisco disse que estava contente de estar com os fiéis domingo, “dia do Senhor, dia de se cumprimentar, de se encontrar e conversar, como aqui, agora, nesta Praça, uma praça que graças à mídia, é o tamanho do mundo!”.

A propósito da leitura evangélica, Francisco encorajou os fiéis citou a atitude de Jesus, que não desprezou nem condenou a adúltera, mas disse apenas palavras de amor e misericórdia, que convidavam à conversão.

“Vocês já pensaram na paciência que Deus tem com cada um de nós? É a sua misericórdia: Ele nos compreende, nos recebe, não se cansa de nos perdoar se soubermos voltar a Ele com o coração arrependido. É grande a misericórdia do Senhor!”.

Dando andamento ao discurso, o Papa citou um livro lido nestes dias sobre a misericórdia, de autoria do Cardeal Walter Kasper, “um ótimo teólogo”. “O livro faz entender que a palavra ‘misericórdia’ muda tudo; torna o mundo menos frio e mais justo” – disse, ressalvando que com isso “não quer fazer publicidade ao livro do cardeal”. Depois, completou lembrando o Profeta Isaias, que afirma que “ser nossos pecados forem vermelhos escarlate, o amor de Deus os tornará brancos como a neve”.

Sem ler um texto preparado, Francisco contou à multidão um fato de quando era bispo, em 1992, e uma senhora de mais de 80 anos, muito simples (uma ‘vovó’, ele disse, ndr) quis se confessar com ele. Diante de sua surpresa, a idosa lhe disse “Nós todos temos pecados! Se Deus não perdoasse tudo, o mundo não existiria...!”. De seu balcão, Francisco brincou com os fiéis arriscando que a senhora “havia estudado na Universidade Gregoriana de Roma”.

Telões foram montados em toda a área para transmitir as imagens do Papa e helicópteros sobrevoavam o centro de Roma enquanto o Papa continuava seu discurso:

“É, o problema é que nós nos cansamos de pedir perdão a Deus. Invoquemos a intercessão de Nossa Senhora, que teve em seus braços a misericórdia de Deus em pessoa, no menino Jesus”.

O bispo de Roma, que é argentino, lembrou ainda que as origens da sua família são italianas, sublinhando, no entanto, que “nós fazemos parte de uma família maior, a família da Igreja, que caminha unida no Evangelho”.

Despedindo-se dos fiéis, Francisco disse palavras ainda mais simples: “Bom domingo e bom almoço!”.
 


Fonte: CN

sábado, 16 de março de 2013

O que carregamos é um ideal pelo qual vale a pena dar tudo

“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16, 24). Nos dias atuais, parece que esse conselho evangélico se enfraquece cada vez mais. Sofremos constantemente a tentação de esfriarmos na luta para atingirmos nossos objetivos. Parece que existe um desejo de que as coisas as coisas aconteçam sem que tenhamos que fazer absolutamente nada.

Não percebemos, mas isso afeta também a nossa vivência da fé, nossa espiritualidade. Admiramos e veneramos os santos como, por exemplo, Beato João Paulo II, Beata Chiara Luce, Santa Terezinha, São Sebastião. Nos identificamos com eles, queremos fazer destes nossos “patronos” e "intercessores" de caminhada, mas acabamos esquecendo que todos eles, sem exceção, tiveram uma coisa em comum: acolheram e carregaram com alegria suas cruzes. Não esperaram as coisas acontecerem, mas fizeram elas acontecerem.

Tomar pra si a cruz é indispensável no seguimento de Cristo. Quanto a isso, Nosso Senhor foi muito claro: “se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”(Mt 16,24). É preciso tomá-la com alegria e com júbilo de quem sabe que encontrou um sentido para a sua vida, um motivo maior pelo qual vale a pena se esforçar.

Viver a castidade exige muito mais esforço do que se deixar levar. Estudar para uma prova difícil exige muito mais esforço e disciplina do que simplesmente colar de alguém que já tenha feito esse esforço. Rezar todo dia, oferecer cada momento do dia como uma oferta que seja agradável a Deus, é muito mais difícil do que viver levianamente fazendo o que “vier na cabeça”, sem pensar se minha atitude é cristã ou não.  Frequentar a igreja regularmente observando o 3° mandamento exige muito mais esforço do que ficar em casa sem nada pra fazer.

Nós, que estamos nos aproximando da JMJ Rio2013 precisamos nos preparar e mostrar com a nossa vida, mais do que com as palavras, que vale a pena seguir este a quem seguimos, vale a pena lutar pelos ideais que lutamos, ainda que exijam de nós uma renúncia muito maior do que simplesmente se deixar levar pelas tendências modernas. O encontro que fizemos com Aquele que mudou nossa vida e a vida dos santos que veneramos, nos mostra que, mais do que possível, é uma coisa que vale a pena ser feita.

Tomar sobre si a própria cruz, renunciar a si mesmo, é seguí-Lo com a fé e a esperança de quem encontrou o Tesouro mais valioso de todos. Por Ele vale a pena doar todo o nosso esforço, nossa vida, ainda que seja em uma cruz, vale a pena! Assim o que carregamos não é uma simples cruz, mas um ideal pelo qual vale a pena dar tudo!

sexta-feira, 15 de março de 2013

No combate da fé, a oração é uma arma vital

Tenho percebido, no meu dia-a-dia, que o que me sustenta é a oração. Falo isso não como uma mera transcrição de frase, e sim como uma experiência vivenciada.
O inimigo tem tentado nos derrubar, nos devorar. É bem verdade aquilo que São Pedro nos escreve em sua Primeira Carta: “Sede sóbrios e vigilantes. O vosso adversário, o diabo, anda em derredor como um leão que ruge, procurando a quem devorar”. E ele não descansa, não dorme. Poderia eu dormir, descansar, deixar de vigiar “uma hora” sequer?
Algo que tem sido de grande estímulo para me manter fiel à oração é o conhecimento de que o inimigo de Deus não descansa. Somos jovens, fortes e vigorosos, dispostos a lutar por um ideal. Ideal! Foi isso que moveu milhares de estudantes por todo o mundo na década de 80, principalmente. Eles lutavam, uniam-se, enfrentavam o inimigo e até morriam por um ideal: liberdade (libertar-se das ditaduras políticas).
As músicas naquele período tinham uma mensagem, uma informação e uma formação. E, hoje, quais as mensagens ou formações que temos? Posso afirmar, sem medo, são “deformações”. As músicas e a mídia (em sua maioria) têm retirado dos jovens os ideais, têm deformado a juventude, em consequência disso, a família e, por conseguinte, a humanidade.
Estamos sendo anestesiados. Basta! Tudo isso não é ação meramente humana, mas do inimigo. Lembram-se? “Vosso adversário, o diabo, anda em derredor como um leão que ruge, procurando a quem devorar.”
Vamos juntos construir uma nova história. Mas sabemos que para mudarmos o mundo precisamos mudar o nosso “metro quadrado”, ou seja, precisamos ser novas criaturas em nome de Jesus e pelo poder do Espírito Santo. As graças estão sendo derramadas abundantemente. Receba-as!
O nosso ideal é bem maior que o de antigamente. Antes lutávamos por uma liberdade política, hoje devemos lutar para manter a Liberdade do pecado, a qual nos foi garantida por Jesus. Não podemos entregar nossa alma ao inimigo, precisamos resgatar nosso ideal, unir forças (cristãos) e “Buscar as coisas do Alto”.
Vamos à luta, sem ter medo, pois o nosso General nos garante que já somos vitoriosos em Seu nome. Ele nos dá a força, a sabedoria, a coragem, a graça, mas espera de nós o esforço, espera que façamos a nossa parte. Ele é Jesus – o Vitorioso das batalhas – “Coragem, eu venci o mundo” (Jo16, 33) nos diz Ele, que também nos garante “Estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos”.
Como São Paulo nos afirma: “Não é contra homens de carne que temos de lutar, mas contra os principados e potestades”. Logo, a nossa arma é a ORAÇÃO. Pegue a sua!
Estamos unidos nessa arma.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Primeiro ato do Papa: flores para Nossa Senhora

Um bouquet de flores para a Virgem. Este foi o primeiro ato não oficial, fora da cidade do Vaticano, que o Papa Francisco realizou nesta manhã em Roma.
As flores foram colocadas aos pés de Santa Maria Salus Populi Romani (Saúde do povo Romano, sendo a palavra saúde entendida como protetora) também conhecida como a Virgem das Neves. O papa Francisco ficou de joelhos por cerca de dez minutos e terminou cantando a Salve Rainha juntamente com as pessoas que o acompanharam.
Foi em Santa MariaMaior, uma das quatro basílicas pontifícias situadasem Roma. Obouquet era simples, composto por uma orquídea lilás ao centro e outras flores coloridas ao redor.
Entrou aproximadamente as oito da manhã pela sacristia, atravessou a nave central desde o fundo até a frente. A Igreja estava vazia, as portas não estavam abertas ao público.
Rezou na capela chamada Paulina, ou Borghese, passou para outra capela, ainda fechada para o público por restauração. Permaneceu em oração por alguns minutos em frente ao túmulo do papa São Pio V, da batalha de Lepanto. Ao sair, cumprimentou as pessoas que trabalham na Basílica, religiosos, religiosas, seguranças e outros. Um por um! “Sou mexicana” disse uma religiosa, e o Papa respondeu: “Eu também ‘guadalupano’, certo?”
“Eu também o cumprimentei” – disse outra religiosa mexicana ali presente – e acrescentou: sou mexicana, guadalupana, e o Papa lhe retribuiu com um sorriso. “Não me lembro o que ele disse, pois estava muito emocionada”.
O ícone da Virgem Salus Populi Romani, segundo a tradição, “foi pintado por São Lucas”, embora os estudiosos de arte o situem no século VII, e referem-se às procissões realizadas ao tempo com um ícone da Virgem. Certamente foi repintado no século XII. Ela foi coroada pelo Papa Pio XII em 1954, e em várias ocasiões prestou-lhe homenagem Bento XVI.
O conhecido ícone mariano da Jornada Mundial da Juventude é uma cópia da Salus Populi Romani, e por vontade de João Paulo II acompanha os jovens universitários em peregrinação por todo o mundo, mas com a invocação de Sedes Sapientiae.
Segundo fontes não oficiais, Francisco irá visitar Bento XVIem Castel Gandolfo.Jána programação oficial, à tarde, celebrará missa na Capela Sistina com os cardais eleitores.


Fonte: ZENIT

quarta-feira, 13 de março de 2013

Habemus Papam

Temos um novo Papa 


A Igreja já tem um novo Papa. O sinal de fumaça branca que saiu da chaminé da Capela Sistina agora há pouco, indica que os cardeais reunidos no Conclave desde a última terça-feira, 12, elegeram o sucessor de Bento XVI.
Essa foi a terceira fumaça. Segundo dia do Conclave.

Papa Francisco, o novo pastor da Igreja Católica

Cardeal Jorge Mario Bergoglio, SJ, arcebispo de Buenos Aires, Argentina, nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires. Ele foi ordenado pelos jesuítas, em 13 de dezembro de 1969, durante os estudos teológicos na Faculdade de Teologia de San Miguel.
Ele era noviço-mestre em São Miguel, onde também ensinou teologia. Foi Provincial da Argentina (1973-1979) e reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel (1980-1986). Depois de completar sua tese de doutorado na Alemanha, serviu como confessor e diretor espiritual em Córdoba.
Em 20 de maio de 1992, Bergoglio foi nomeado bispo titular de Auca e Auxiliar de Buenos Aires; recebeu a consagração episcopal em 27 de junho do mesmo ano.
Em 3 de junho de 1997, foi nomeado Arcebispo Coadjutor de Buenos Aires e sucedeu o Cardeal Antonio Quarracino, em 28 de fevereiro de 1998. Foi Relator-Geral Adjunto da Assembleia Ordinária da 10º Sínodo Geral dos Bispos, em outubro de 2001.
Bergoglio atuou como presidente da Conferência Episcopal da Argentina a partir de 8 de novembro de 2005 até 8 de novembro de 2011.
Criado e proclamado cardeal pelo beato João Paulo II, no Consistório de 21 de fevereiro de 2001, com o título de S. Roberto Bellarmino (Santo Roberto Belarmino).
Membro de:
- Congregações para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, para o Clero, para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica;
- Conselho Pontifício para a Família;
- Pontifícia Comissão para a América Latina;

Primeiras Palavras do Papa Francisco


Antes de conceder a benção novo Papa pede aos fiéis que rezem por ele.
“Irmãos e irmãs, boa noite.
Vocês sabem que o Conclave concede um bispo a Roma, parece que os meus irmãos cardeais foram escolher um lá no fim do mundo, mas estamos aqui. Agradeço pelo acolhimento, à comunidade diocesena de Roma, obrigado. E antes de tudo, gostaria de fazer uma oração pelo nosso bispo emérito Bento XVI, rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o proteja (oração do Pai Nosso, Ave Maria e Glória).
E agora, começamos esse caminho bispo e povo, bispo e povo. O caminho da Igreja de Roma, àquela que preside na caridade todas as Igrejas, num caminho de fraternidade, de amor e de confiança entre nós. Rezemos sempre por nós, uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade, e eu desejo que este caminho de Igreja, que hoje começamos, eu tenho o meu cardeal vigário aqui presente, seja frutuoso para a evangelização desta grande e bela cidade.
Eu gostaria de dar a benção, mas antes peço um favor. Antes que o bispo abençoe o povo, eu peço que vocês rezem ao Senhor para que o Senhor me abençoe, a oração do povo pedindo ao Senhor que abençoe seu bispo. Façamos em silêncio, esta oração de vocês sobre mim (e inclinou-se para receber a oração em silêncio)”.
Após a benção, Papa Francisco disse ainda:
‘Irmãos e irmãs, vos deixo, obrigado pelo acolhimento, rezem por mim e até logo. Amanhã eu quero ir rezar, pedir a Nossa Senhora para que proteja toda a Roma. Boa noite e bom descanso”.

terça-feira, 12 de março de 2013

Sai a primeira fumaça preta deste Conclave


Os cardeais reunidos no Conclave na Capela Sistina, no Vaticano, não conseguiram escolher o novo Papa, na primeira votação realizada nesta terça-feira (12).
A fumaça preta se ergueu da chaminé da Capela Sistina por volta das 19h40 locais (15h40 de Brasília), indicando que não houve a maioria de dois terços dos votos necessárias para eleger o novo pontífice.
O público que estava na Praça de São Pedro, sob chuva e frio, e que esperava a fumaça branca que indicaria a escolha de um novo Papa, recebeu a fumaça negra com lamentações.
Com isso, o conclave para eleger o sucessor de Bento XVI deve prosseguir nesta quarta, com duas votações pela manhã, e outras duas à tarde, até que um dos cardeais obtenha os votos necessários.

Continuemos em Oração pelo Conclave...

segunda-feira, 11 de março de 2013

Sacada do “Habemus Papam” está pronta para receber Sucessor de Pedro


A Sacada Central da Basílica de São Pedro, que dentro de poucos dias receberá o Papa eleito em Conclave, já está pronta para o momento do “Habemus Papam”.
Por volta das 10h (6h em Brasília), os funcionários do Vaticano colocaram, através de um guindaste, as enormes cortinas no local onde o novo Sumo Pontífice fará sua primeira aparição pública.
Ainda no local, o Papa faz o seu primeiro pronunciamento e concede a benção Urbi et Orbi (de Roma para o mundo), através da qual também é concedida a indulgência plenária a todos os fiéis.
Relembrando o momento do Habemus Papam
Sacada central da
Basílica de São Pedro
está pronta para receber o novo Papa
Após a fumaça branca que sai da chaminé da Capela Sistina e o cumprimento de todo o rito da eleição, o cardeal protodiácono – ou seja, o primeiro cardeal criado na ordem dos cardeais diáconos -, se aproxima da fachada e diz, em latim: “Annutio vobis gaudium magnum: Habemus Papam (…)”. Logo em seguida é anunciado o cardeal e o nome pontifício adotado por ele.

Entre a fumaça branca e o a aparição na sacada – que dura de 40 minutos a uma hora – os fiéis de Roma e peregrinos que aguardam ansiosamente o momento do anúncio reúnem-se na Praça de São Pedro para conhecerem o novo Sumo Pontífice.
Eleição de 2005
Após 36 horas votação, o Santo Padre Bento XVI foi eleito em um dos conclaves mais rápidos dos últimos 150 anos. Após 56 minutos da fumaça branca, ele aproximou-se da sacada e proferiu o seguinte discurso:
“Queridos irmãos e irmãs, depois do grande Papa João Paulo II, os senhores cardeais me elegeram, um simples e humilde trabalhador da vinha do Senhor. Me consola o fato que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes e sobretudo me confio às vossas orações. Na alegria do Senhor ressuscitado, confiantes no seu auxílio permanente, vamos adiante. O Senhor nos ajudará e Maria, Sua Mãe Santíssima, estará conosco. Obrigado!”

Fonte: CN
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