quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Dom Bosco, apóstolo da juventude

Hoje, 31, a Igreja celebra com grande alegria a festa de São João Bosco, um servo de Deus que dedicou sua vida a ensinar os jovens sobre a importância de evangelizar.
Nasceu perto de Turim, na Itália, em 1815. Muito cedo conheceu o que significava a palavra sofrimento, pois perdeu o pai tendo apenas dois anos. Sofreu incompreensões por causa de um irmão muito violento que teve. Dom Bosco quis ser sacerdote, mas sua mãe o alertava: "Se você quer ser padre para ser rico, eu não vou visitá-lo, porque nasci na pobreza e quero morrer nela".

Logo, Dom Bosco foi crescendo diante do testemunho de sua mãe Margarida, uma mulher de oração e discernimento. Ele teve que sair muito cedo de casa, mas aquele seu desejo de ser padre o acompanhou. Com 26 anos de idade, ele recebeu a graça da ordenação sacerdotal. Um homem carismático, Dom Bosco sofreu. Desde cedo, ele foi visitado por sonhos proféticos que só vieram a se realizar ao longo dos anos. Um homem sensível, de caridade com os jovens, se fez tudo para todos. Dom Bosco foi ao encontro da necessidade e da realidade daqueles jovens que não tinham onde viver, necessitavam de uma nova evangelização, de acolhimento. Um sacerdote corajoso, mas muito incompreendido. Foi chamado de louco por muitos devido à sua ousadia e à sua docilidade ao Divino Espírito Santo.

Dom Bosco difundiu amplamente os chamados "Oratórios". Catequeses e orientações profissionais foram surgindo para os jovens a partir de então. Enfim, Dom Bosco era um homem voltado para o céu e, por isso, enraizado com o sofrimento humano, especialmente, dos jovens. Grande devoto da Santíssima Virgem Auxiliadora, foi um homem de trabalho e oração. Exemplo para os jovens, foi pai e mestre, como encontramos citado na liturgia de hoje. São João Bosco foi modelo, mas também soube observar tantos outros exemplos. Fundou a Congregação dos Salesianos dedicada à proteção de São Francisco de Sales, que foi o santo da mansidão. Isso que Dom Bosco foi também para aqueles jovens e para muitos, inclusive aqueles que não o compreendiam.
Para a Igreja e para todos nós, é um grande intercessor, porque viveu a intimidade com Nosso Senhor. Homem orante, de um trabalho santificado, em tudo viveu a inspiração de Deus. Deixou uma grande família, um grande exemplo de como viver na graça, fiel a Nosso Senhor Jesus Cristo.

Em 31 de janeiro de 1888, tendo se desgastado por amor a Deus e pela salvação das almas, ele partiu. Mas está conosco no seu testemunho e na sua intercessão.

São João Bosco, rogai por nós!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

O que significa dizer "Eu creio em Deus"? Papa explica na catequese




Na catequese de quarta-feira, 23, o Papa Bento XVI começou uma reflexão sobre o Credo, a profissão de fé, dando continuidade ao ciclo de catequeses dedicadas ao Ano da Fé.
  
Catequese de Bento XVI: reflexão sobre o Credo  


Queridos irmãos e irmãs,gostaria de iniciar hoje a refletir convosco sobre o Credo, isso é, sobre a solene profissão de fé que acompanha a nossa vida de crentes. O Credo começa assim: "Eu creio em Deus". É uma afirmação fundamental aparentemente simples na sua essencialidade, mas que abre ao infinito mundo do relacionamento com o Senhor e com o seu mistério. Crer em Deus implica adesão a Ele, acolhimento da sua Palavra e obediência alegre à sua revelação. Como ensina o Catecismo da Igreja Católica, " a fé é um ato pessoal: é a livre resposta do homem à iniciativa de Deus que se revela" (n. 166). Poder dizer acreditar em Deus é também um dom - Deus se revela, vem ao nosso encontro - e um empenho, é graça divina e responsabilidade humana, em uma experiência de diálogo com Deus que, por amor, "fala aos homens como aos amigos" (Dei Verbum, 2), fala a nós a fim de que, na fé e com a fé, possamos entrar em comunhão com Ele.
Onde podemos escutar Deus e a sua Palavra? Fundamental é a Sagrada Escritura, na qual a Palavra de Deus se faz escutável para nós e alimenta a nossa vida de "amigos" de Deus. Toda a Bíblia narra o revelar-se de Deus à humanidade; toda a Bíblia fala de fé e nos ensina a fé narrando uma história na qual Deus leva adiante o seu projeto de redenção e se faz próximo a nós homens, através de tantas luminosas figuras de pessoas que acreditam Nele e Nele confiam, até a plenitude da revelação no Senhor Jesus.
Muito belo, a este respeito, é o capítulo 11 da Carta aos Hebreus, que escutamos há pouco. Aqui se fala da fé e se colocam à luz grandes figuras bíblicas que a viveram, transformando-se modelo para todos os crentes. Diz o texto no primeiro versículo: "A fé é fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê" (11, 1). Os olhos da fé são, portanto, capazes de ver o invisível e o coração do crente pode esperar além de toda a esperança, propriamente como Abraão, do qual Paulo diz na Carta aos Romanos que “acreditou, esperando contra toda a esperança” (4,18).
E é propriamente sobre Abraão que gostaria de concentrar-me e concentrar a nossa atenção, porque é ele a primeira grande figura de referência para falar de fé em Deus: Abraão o grande patriarca, modelo exemplar, pai de todos os crentes (cfr Rm 4, 11-12). A Carta aos Hebreus o apresenta assim: "Foi pela fé que Abraão, obedecendo ao apelo divino, partiu para uma terra que devia receber em herança. E partiu não sabendo para onde ia. Foi pela fé que ele habitou na terra prometida, como em terra estrangeira, habitando aí em tendas com Isaac e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa. Por que tinha a esperança fixa na cidade assentada sobre os fundamentos (eternos), cujo arquiteto e construtor é Deus” (11,8-10).
O autor da Carta aos Hebreus faz também referência ao chamado de Abraão, narrado no Livro de Gênesis, o primeiro livro da Bíblia. O que pede Deus a este patriarca? Pede-lhe para partir abandonando a própria terra para ir para o país que lhe mostraria, "Deixa tua terra, tua família e a casa de teu pai, e vai para a terra que eu te mostrar" (Gen 12, 1). Como respondemos nós a um convite similar? Trata-se, na verdade, de uma partida à escuridão, sem saber onde Deus o conduzirá; é um caminho que pede uma obediência e uma confiança radical, ao qual só a fé concede o acesso. Mas a escuridão do desconhecido – onde Abraão deve ir – é iluminada pela luz de uma promessa; Deus acrescenta ao comando uma palavra tranquilizante que abre diante de Abraão um futuro de vida em plenitude: “farei de ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu nome...e todas as famílias da terra serão benditas em ti” (Gen 12, 2.3). 

A benção, na Sagrada Escritura está ligada primeiramente ao dom da vida que vem de Deus e se manifesta antes de tudo na fecundidade, em uma vida que se multiplica, passando de geração em geração. E à benção está ligada também a experiência da posse de uma terra, de um lugar estável no qual viver e crescer em liberdade e segurança, temendo a Deus e construindo uma sociedade de homens fiéis à Aliança, “reino de sacerdotes e nação santa” (cfr Es 19, 6). 
Por isso Abraão, no projeto divino, está destinado a transformar-se “pai de  uma multidão de povos” (Gen 17, 5; cfr Rm 4, 17-18) e a entrar em uma nova terra onde habitar. Porém, Sara, sua esposa, é estéril, não pode ter filhos; e o país para o qual Deus o conduz é distante da sua terra de origem, já está habitado por outras populações, e não lhe pertencerá mais verdadeiramente. O narrador bíblico o enfatiza, com muita discrição: quando Abraão chega ao lugar da promessa de Deus: “os cananeus estavam então naquela terra” (Gen 12, 6). A terra que Deus doa a Abraão não lhe pertence, ele é um estrangeiro e como tal permanecerá para sempre, com tudo aquilo que isto comporta: não ter ambição de propriedade, sentir sempre a própria pobreza, ver tudo como presente. Esta é também a condição espiritual de quem aceita seguir o Senhor, de quem decide partir acolhendo o seu chamado, sob o sinal de sua invisível mas poderosa benção. E Abraão, “pai dos crentes”, aceita este chamado, na fé. Escreve São Paulo na Carta aos Romanos: “Ele acreditou, esperando contra toda a esperança e assim e se tornou pai de muitas nações, segundo o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência. Ele não vacilou na fé, embora reconhecendo o seu próprio corpo sem vigor – pois tinha quase cem anos – e o seio de Sara igualmente amortecido. Ante a promessa de Deus, não vacilou, não desconfiou, mas conservou-se forte na fé deu glória a Deus. Estava plenamente convencido de que Deus era poderoso para cumprir o que prometera” (Rm 4, 18-21). 
A fé conduz Abraão a percorrer um caminho paradoxal. Ele será bendito, mas sem os sinais visíveis da benção: recebe a promessa de formar grande povo, mas com uma vida marcada pela esterilidade de sua esposa Sara; é conduzido em uma nova pátria, mas deverá viver como estrangeiro; e a única posse de terra que lhe será concedida será aquela de um pedaço de terreno para enterrar Sara (cfr Gen 23, 1-20). Abraão é bendito porque, na fé, sabe discernir a benção divina indo além das aparências, confiando na presença de Deus também quando os seus caminhos lhe parecem misteriosos. 
O que significa isto para nós? Quando afirmamos: “Eu creio em Deus”, dizemos como Abraão: “Confio em ti, confio-me a ti, Senhor”, mas não como a Qualquer um a quem recorrer somente nos momentos de dificuldade ou a quem dedicar qualquer momento do dia ou da semana. Dizer “Eu creio em Deus” significa fundar sobre Ele a minha vida, deixar que a sua Palavra a oriente a cada dia, nas escolhas concretas, sem medo de perder algo de mim mesmo. Quando, no Rito do Batismo, por três vezes pergunto: “Crês?” em Deus, em Jesus Cristo, no Espírito Santo, a santa Igreja Católica e as outras verdades de fé, a tríplice resposta é no singular: “Creio”, porque é a minha existência pessoal que deve receber um avanço com o dom da fé, é a minha existência que deve mudar, converter-se. Cada vez que participamos de um Batismo devemos perguntar-nos como vivemos cotidianamente o grande dom da fé. 
Abraão, o crente, ensina-nos a fé; e, como estrangeiro na terra, nos indica a verdadeira pátria. A fé nos torna peregrinos na terra, inseridos no mundo e na história, mas em caminho para a pátria celeste. Crer em Deus nos torna, portanto, portadores de valores que frequentemente não coincidem com a moda e a opinião do momento, pede-nos para adotar critérios e assumir comportamentos que não pertencem ao modo comum de pensar. O cristão não deve ter temor de ir “contra a corrente” para viver a própria fé, resistindo a tentação da “uniformidade”. Em tantas de nossas sociedades Deus se tornou o “grande ausente” e no seu lugar estão muitos ídolos, diversos ídolos e sobretudo a posse e o “eu” autônomo. E também os significativos e positivos progressos da ciência e da técnica têm levado o homem à ilusão de onipotência e de auto-suficiência, e um crescente egocentrismo criou não poucos desequilíbrios dentro dos relacionamentos interpessoais e dos comportamentos sociais. 
No entanto, a sede de Deus (cfr Sal 63, 2) não foi extinta e a mensagem evangélica continua a ecoar através das palavras e obras de tantos homens e mulheres de fé. Abraão, o pai dos crentes, continua a ser pai de muitos filhos que aceitam caminhar sob seus passos e se colocam em caminho, em obediência à vocação divina, confiando na presença benevolente do Senhor e acolhendo a sua benção para fazer-se benção para todos. É o mundo abençoado da fé ao qual todos somos chamados, para caminhar sem medo seguindo o Senhor Jesus Cristo. E é um caminho às vezes difícil, que conhece também o julgamento e a morte, mas que abre a vida, em uma transformação radical da realidade que somente os olhos da fé são capazes de ver e desfrutar em plenitude. 
Afirmar “Eu creio em Deus” leva-nos, então, a partir, a sair continuamente de nós mesmos, como Abraão, para levar na realidade cotidiana na qual vivemos a certeza  que nos vem da fé: a certeza, isso é, da presença de Deus na história, também hoje; uma presença que leva vida e salvação, e nos abre a um futuro com Ele para uma plenitude de vida que não conhecerá nunca o pôr do sol. 

Na íntegra:

O agir de Deus não se limita às palavras - Catequese de Bento XVI sobre a Encarnação realizada durante a Audiência Geral de quarta-feira [09-01-2013]

É possível ver a Deus - Catequese de Bento XVI na Audiência Geral de quarta-feira [16-01-2013]

Fonte: Zenit.org 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Beata Laura Vicuña - Mártir da pureza

 Beata Laura Vicuña
  Intercessora da JMJ RIO 2013

Corria o ano de 1891 e a cidade de Santiago, capital do Chile, estava sendo o palco da sangrenta e terrível guerra civil.
Foi, justamente, neste cenário que veio ao mundo uma bela menina, filha do soldado José Domingos Vicuña e de Mercedes Pinto, era o dia 05 de abril de 1891, exatamente a 3 meses do início da guerra.
O pai de Laura estava nos campos de batalha quando sua esposa foi obrigada a fugir do Chile, indo se alojar no outro lado dos Andes em La Lajas na Argentina. Lá, no outro lado, a mãe e filha estariam protegidas.
Em pouco tempo, dona Mercedes receberia a triste notícia da morte de seu esposo. A notícia veio acompanhada de preocupações, afinal, como sobreviveriam?
Não se sabe por que razão, talvez pela necessidade ou outro motivo qualquer, o fato é que dona Mercedes torna-se amante de um argentino chamado Manuel Mora.
No ano de 1900 a pequena Laura inicia os seus estudos no colégio das irmãs Salesianas, filhas de Maria Auxiliadora. Foi com certeza, o tempo mais feliz de sua vida.
Foi com a mesma felicidade que no dia 02 de junho de 1901, recebeu Jesus Eucarístico pela primeira vez. O dia de sua primeira comunhão marcou de tal forma a sua vida que escreveu, em um pequeno caderno, o seu propósito de vida: “Oh meu Jesus, eu quero te amar e te servir por toda a minha vida.”
Quando completou 10 anos de idade manifestou, para as filhas de Maria Auxiliadora, o desejo de se tornar uma religiosa, uma irmã Salesiana. Feito o pedido, o senhor Bispo pediu que ela aguardasse um pouco mais.
Laura era uma menina meiga e graciosa, e numa de suas férias em casa da mãe e do padrasto, percebe o olhar malicioso do mesmo e por várias vezes teve que repelir suas investidas.
Com o tempo percebe que sua mãe sofre maus tratos do padrasto e cada vez mais deseja se tornar religiosa e servir e amar unicamente a Jesus. Na solenidade da Imaculada Conceição, em 08 de dezembro de 1901, recebe a fita de admissão como Filha de Maria. Estava a um passo de entrar para a congregação Salesiana.
Quando a pequena Laura percebeu que sua mãe, que ela amava muito, vivia em situação de pecado, ofereceu-se a Deus pela conversão dela, Intensificou sua vida de oração e suas penitencias.
Já no final do ano de 1903, Laura é obrigada a voltar para a casa, pois estava muito doente, sua mãe era só cuidados com a filha.
No dia 14 de janeiro de 1904, Manuel Mora, chegou bêbado em casa e com palavrões e ofensas parte para cima da mãe e da filha. Apesar da fraqueza, Laura tentou fugir de casa, porém seu padrasto a agarrou e começou a espancá-la, sem dó nem piedade, Laura caiu inconsciente.
A jovem Laura Vicuña, vendo que seus dias estavam para terminar, chama a sua mãe, e segurando em suas mãos; exclama: “Mãe, eu estou morrendo! Pedi a Jesus e faz tempo, oferecendo-lhe a minha vida por ti, para obter a tua conversão e a tua volta para Deus… mamãe, antes da morte não terei a alegria de ver-te arrependida?” Dona Mercedes, em lágrimas, beija as mãos da filha e promete mudar de vida, e voltar para Deus.
Com esta alegria entregou sua alma ao Senhor, era a noite de 22 de Janeiro de 1904, Laura estava com 13 anos.
Seus restos mortais encontram-se na Capela das Filhas de Maria Auxiliadora em Bahia Blanca na Argentina.
Foi beatificada pelo Papa João Paulo II, em 1988. Laura Vicuña é invocada como padroeira das pessoas que são vítimas de maus tratos pelos parentes.
Laura Vicunã, carta de amor e de sacrifício, ternura de Deus e modelo para os nossos adolescentes e jovens.

Oração
Obtende as graças de que necessito e ajudai-me a aderir com o coração puro e doce à vontade do Pai. Amém.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Santa Inês e São Sebastião

Virgem e mártir, Santa Inês se deixou transformar pelo amor de Deus que é santo. Seu nome vem do grego, que significa pura. Ela pertenceu a uma família romana e, segundo os costumes do seu tempo, foi cuidada por uma aia (uma babá) que só a deixaria após o casamento.
Santa Inês tiva cerca de 12 anos quando um pretendente se aproximou dela; segundo a tradição, era filho do prefeito de Roma e estava encantado pela beleza física de Inês. Mas sua beleza principal é aquela que não passa: a comunhão com Deus. De maneira secreta, ela tinha feito uma descoberta vocacional, era chamada a ser uma das virgens consagradas do Senhor; e fez este compromisso. O jovem não sabia e, diante de tantas propostas, ela sempre dizia 'não'. Até que ele denunciou Inês para as autoridades, porque sob o império de Diocleciano, era correr risco de vida. Quem renunciasse Jesus ficava com a própria vida; caso contrário, se tornava um mártir. Foi o que aconteceu com esta jovem de cerca de 12 ou 13 anos.
Tão conhecida e citada pelos santos padres, Santa Inês é modelo de uma pureza à prova de fogo, pois diante das autoridades e do imperador, ela se disse cristã. Eles começaram pelo diálogo, depois as diversas ameaças com fogo e tortura, mas em nada ela renunciava o seu Divino Esposo. Até que pegaram-na e a levaram para um lugar em Roma próprio da prostituição, mas ela deixou claro que Jesus Cristo, seu Divino Esposo, não abandona os seus. De fato, ela não foi manchada pelo pecado.

Auxiliada pelo Espírito Santo, com muita sabedoria, ela permaneceu fiel ao seu voto e ao seu compromisso; até que as autoridades, vendo que não podiam vencê-la pela ignorância, mandaram, então, degolar a jovem cristã. Ela perdeu a cabeça, mas não o coração, que ficou para sempre em Cristo.
Santa Inês tem uma basílica que foi consagrada a ela no lugar onde foi enterrada.

Santa Inês, rogai por nós!


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Ontem, dia 20, celebramos a festa do Glorioso Mártir São Sebastião, patrono da JMJ RIO 2013
Saiba um pouco de sua história
São Sebastião

Soldado e mártir da fé 

Sebastião era capitão da guarda pretoriana, no governo do sádico Imperador Diocleciano, em Milão, nos primeiros tempos do cristianismo. Sua origem é discutida, teria nascido em Narbona ou Milão, segundo alguns escritos que se contradizem, mas é certo que seu posto no exército permitia que acolhesse e protegesse cristãos perseguidos. E o fez sem temor até ser denunciado.

Levado à presença do Imperador, Sebastião não negou sua fé. Ainda foi lhe dada a chance para que escolhesse entre Cristo e o exército. Ele não titubeou e a sentença foi imediata: deveria ser amarrado a uma árvore e executado a flechadas. Após a ordem ser executada, Sebastião foi dado como morto e ali mesmo abandonado. Mas, quando uma cristã foi até o local à noite, pretendendo dar-lhe um túmulo digno encontrou-o vivo! Levou-o para casa, tratou de suas feridas e o santo se recuperou.

Cumprindo o que lhe vinha da alma, procurou ele mesmo o Imperador, que mal acreditou em vê-lo forte e saudável e, ainda por cima, pedindo-lhe que parasse de perseguir cristãos. Irado, Diocleciano condenou-o desta vez a ser massacrado no Circo. São Sebastião foi executado então com pauladas e boladas de chumbo. Era o ano de 303.

No local onde sofreu o martírio foi erguida uma basílica. Seu culto se espalhou pelo mundo, com milhares de devotos e com centenas de igrejas em sua homenagem.



Oração

Que vossa intercessão alcance-me a graça de obedecer mais a Deus do que aos homens, tornando-me um soldado de Cristo. Amém.

Glorioso Mártir São Sebastião, rogai por nós!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

11 anos de nossa querida Administração Apostólica Pessoal S. J. M. Vianney

 

Para recordar, ao celebrarmos mais um aniversário!
"Misericordias Domini in ataernum cantabo!" Compartilhe também este hino à Misericórdia do Pai.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

A alegria no dia-a-dia

Um assunto “muito sério”: alegria e bom humor.

Depois do barulho, da festa e dos encontros natalinos, voltamos à vida normal, com seus horários, obrigações e afazeres. Para o homem e a mulher que vivem submersos no niilismo da cultura atual, a volta à rotina provoca horror, estresse e muitas hipocondrias. Esse fenômeno revela a enfermidade do nosso tempo: a solidão da pessoa e a cegueira existencial que impede a apreciação da beleza da vida diária.
O descanso nos é pedido pelo Criador (cf. Gn 2, 1-3). A festa é expressão, privilegiada, da necessidade que o ser humano tem da alegria para uma existência bem vivida. Ao mesmo tempo, ela tem que ser um estímulo para encararmos com energia renovada cada nova semana e cada período pós-férias.
O insuportável do viver de cada dia vem da carência de alegria nas coisas que fazemos, experimentamos ou vivemos. Isto acontece, entre outros motivos, por causa da falta de realismo na nossa visão de vida pessoal, social e profissional, ou, simplesmente, porque nos sobra irritação, coisa que deteriora o clima familiar e geral.
Vamos começar este inquietante 2013 com o firme propósito de redescobrir a beleza e a alegria da nossa rotina? Eu proponho o remédio do bom humor, da gentileza e da compreensão. Quantos problemas se solucionariam se evitássemos os maus modos e exercitássemos o apostolado do sorriso!
O humor tem sido objeto de estudo desde a filosofia antiga, passando pela teologia, até a psicologia moderna. Não faltam exemplos de santos, como Felipe Neri e João Bosco, que fizeram do regozijo e do júbilo os veículos da sua pastoral e do seu contato com os outros.
Podemos falar do humor de muitos pontos de vista. Para alguns, ele é um dispositivo de liberação de tensões. Para outros, a reação espontânea diante de uma situação cômica. Há quem o experimente como consequência da incongruência entre diversas ideias ou situações desiguais. Mas todas essas teorias fazem do humor algo que vem de fora, como um componente psicológico que define certo comportamento. As brincadeiras e as piadas fazem parte de jogadas entre o cômico e o irônico. É evidente que nem tudo o que é humorístico termina em risadas; há risos que não nascem do humor, mas de um mecanismo de defesa.
Eu quero me referir ao humor não como atitude jocosa, mas como “coisa séria”, como pretensão de sentido, de delicadeza e de humanidade. O bom humor é a capacidade de carregar serena e valentemente as cargas da vida. É saber achar em cada instante o lado amável da cotidianidade. Isso é muito importante para a maturidade pessoal e para a vida de fé. A este respeito, Xavier Zubiri dizia que a pessoa tem que “esculpir a sua própria estátua”. Isto pode se realizar de diversas formas: sendo-se muito estrito em tudo e vivendo-se de mau humor, de angústia, de sofrimento; outra maneira é empenhar-se no voluntarismo que endurece o coração e o caráter; mas há uma terceira via, que é a integração e a superação das dificuldades da vida, e é nisto que se baseia o segredo do bom temperamento. Sem ele, a pessoa fica propensa às enfermidades da alma, que, com tanta frequência, atacam a nossa sociedade.
O bom humor nos faz ver a realidade do dia-a-dia com um sereno distanciamento. É a atitude de colocar as coisas no seu lugar, de relativizar o que achávamos absoluto, de nos livrarmos dos falsos ídolos, de rir das nossas próprias conquistas e de nós mesmos. Para isso, é preciso ter muita simplicidade e humildade de espírito. Só é alegre –e não simplesmente contente- quem reconhece a sua finitude, se abre para os outros e não fica encerrado na autossuficiência.
O humor é também a capacidade de compreender o ponto de vista do outro e, ao mesmo tempo, de ter criatividade diante dos choques inevitáveis: é saber sair de situações difíceis. Isto impede o ressentimento e o isolamento, através de atitudes como medir as palavras, controlar os silêncios, possuir elementos positivos no próprio interior e comandar as rédeas de si mesmo.
Destaco, para terminar, que o bom caráter implica a afirmação da liberdade pessoal, a negação de determinismos cegos e a admissão de um sentido profundo da vida. No caso cristão, tudo isto surge da fé em um Deus que é Amor, que nos deu a salvação eterna em seu Filho e que nos sustenta com a ajuda do Espírito Santo. Deus não é uma alternativa que exclui o bom humor! Como diz Bento XVI, “Deus não estorva a nossa vida cotidiana” (A infância de Jesus, p. 109).

*Dom Juan del Río Martín, arcebispo castrense da Espanha

Fonte: Zenit.org

sábado, 12 de janeiro de 2013

João Paulo II: canonização iminente

Cerimônia deverá acontecer neste ano ou em 2014

O momento esperado pelos milhões de fiéis que em 2005 já proclamavam a santidade de João Paulo II é iminente. O papa polonês será proclamado santo em 2014 ou ainda neste ano, de acordo com o cardeal Giovanni Battista Re, um dos mais estreitos colaboradores de Wojtyla.
O prefeito emérito da Congregação para os Bispos deu a notícia na apresentação “O papa e o poeta”, escrito pelo vaticanista Mimmo Muolo, evento ocorrido ontem à noite no auditório da Conciliação, de Roma.
“Se não for neste ano, será no próximo”, afirmou o purpurado, explicando que, “como ele realizou mais de um milagre, com certeza ao menos um é válido para a canonização”.
Falta apenas o reconhecimento de um desses milagres pelos médicos da Congregação para as Causas dos Santos. “Os tempos podem ser muito breves”, prosseguiu o cardeal, que obteve as informações faz alguns meses, quando, “diante das curas cientificamente inexplicáveis” que foram atribuídas à intercessão do papa, a congregação vaticana estudava três ou quatro delas “para avaliar a mais sólida e mais acorde com os critérios de julgamento”.
“As curas são avaliadas por uma junta de sete médicos, membros de um organismo científico interno, severo, que tem a tarefa de examinar cada detalhe. Eles são tão rígidos e meticulosos que, por exemplo, nem se pronunciam se uma doença tiver sido curada com terapias que, em casos parecidos, se mostraram efetivas”.
“Os sete médicos da junta têm que estar de acordo no reconhecimento de que o fato é inexplicável do ponto de vista humano e científico”. É a equipe médica quem decide se houve um milagre ou não, afirmou Re.
Depois desta avaliação, a comissão de cardeais e bispos julga “apenas se o milagre foi obtido pela intercessão” do candidato à glória dos altares. É necessária a aprovação definitiva do papa “para definir a data e o período mais adequado”, concluiu.

Fonte: Zenit.org

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Processo de beatificação de Odetinha será aberto no Rio de Janeiro

A partir do dia 18 de janeiro a menina carioca ‘Odetinha’ que morreu aos nove anos já poderá ser chamada de ‘Serva de Deus’, pois a Arquidiocese do Rio dará inicio oficialmente ao processo de beatificação de Odette Vidal de Oliveira, conhecida como ‘Odetinha’.

A menina que morreu vítima de meningite em 1939, é considerada desde o seu falecimento uma intercessora dos católicos que desejam alcançar graças pedidas em oração.

O processo de beatificação será iniciado durante a trezena da festa do padroeiro do Rio de Janeiro, São Sebastião.

Para sse tornar beata da Igreja católica é necessário que a comissão que cuida do processo organize documentos que comprovem um milagre atribuído à intercessão de Odetinha.

Segundo padre João Cláudio Loureiro do Nascimento, membro de uma comissão da Arquidiocese do Rio, já existem testemunhos, mas falta comprovar os milagres.

"Já identificamos centenas de graças alcançadas por fiéis que pediram a intercessão de Odetinha. Mas agora precisamos comprovar de fato um milagre”, afirma.

O processo já foi montado e agora já tem autorização do Vaticano para dar prosseguimento obtendo as provas documentais que irão comprovar o primeiro milagre.

Após as festividades e programação de São Sebastião em que o processo pela causa da beatificação de Odetinha faz parte, uma urna com as relíquias da potencial beata carioca ficarão depositadas na Basílica da Imaculada Conceição, em Botafogo no Rio de Janeiro durante toda a tramitação do processo.

 
Fonte: A12

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Carta de um condenado

O inferno do ponto de vista de um condenado

“Meu nome é Fulano de Tal. Estou no inferno, ou melhor, sou no inferno, porque se trata de uma condição permanente. Que horror! Não adianta rezar por mim. Na situação perene em que me encontro, não há mais esperança. A propósito, vi uma placa na porta do inferno, com os seguintes dizeres escabrosos, escritos em italiano: “Lasciate ogne speranza, voi ch’ intrate!”: “Deixai toda esperança, vós que entrais!” (Divina Comédia, canto III, 9).
Os que padecemos neste estado não podemos nos comunicar com os que  padecem no purgatório ou com os que ainda vivem (Lc 16,26). Mandei esta carta, sub-repticiamente, por um foguete.
Ouço choro e ranger de dentes o “tempo”*  todo (Mt 8,12). Mas, o que mais me atormenta é a saudade de Deus, por este motivo, também choro e ranjo meus dentes. Vêm-me à mente as palavras de santo Agostinho: “Fizeste-nos para ti, Senhor, e nosso coração estará inquieto, enquanto não encontrar em ti descanso.” (Confissões, livro I, cap. 1). O inferno é a angústia da ausência de Deus.
Nem sequer posso me arrepender, pois, no momento de minha morte, minha vontade petrificou-se no mal, no pecado. Os anjos que nos atenazam, conhecidos como demônios, são milhões, bilhões, talvez.
Há um fogo inexaurível que nos queima a todos os réprobos ininterruptamente. Não é um fogo simbólico ou imaterial; é um fogo mesmo, que incinera, porém, não aniquila o corpo.
Percebo que o estado de inferno não começou com meu óbito. Ainda quando estava vivo, o inferno se instalou no meu dia a dia, muito mais do que o céu ou o purgatório. Tolamente, acreditava que só se pecava por ação: matando alguém, roubando, ferindo etc. Dizia a mim mesmo e aos meus contemporâneos: não faço mal a ninguém. Que engano ledo, mas catastrófico! Mea culpa! Se sou torturado neste estado horripilante, isto se deve igualmente ao bem que eu não fiz. Jesus estava na prisão; não o visitei. Ele estava doente; não fui ao hospital para confortá-lo. Deparou-se-me completamente nu na minha frente; entretanto, não o vesti. Esteve com fome, com sede; contudo, eu não o alimentei. Era um imigrante; não o acolhi (Mt 25, 31-46). Não imaginava que minha omissão fosse já o inferno na terra, malgrado eu vivesse bastante infeliz, cerrado no meu egoísmo.
A Igreja sempre me ensinou o caminho do céu. Desafortunadamente, fiz ouvidos moucos ao magistério dos papas e dos bispos. Que pena! E é propriamente uma pena o que sofro neste estado sem fim.”

Por: Edson Sampel
Edson Luiz Sampel é Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano. Membro da União dos Juristas Católicas de São Paulo (Ujucasp).

Fonte: Zenit.org

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Deus se faz homem: anúncio que soa sempre novo

Catequese de Bento XVI na primeira Audiência Geral de 2013

CIDADE DO VATICANO, Quarta-feira, 2 de Janeiro de 2013 .
A Audiência Geral desta manhã ocorreu às 10h30 na Sala Paulo VI, onde o Santo Padre se encontrou com grupos de fiéis e peregrinos de todo o mundo. O Papa voltou a falar sobre o tempo litúrgico do Natal e do mistério de Deus feito homem. A Audiência Geral terminou com o canto do Pater Noster e a Benção Apostólica.

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Foi concebido por obra do Espírito Santo
Queridos irmãos e irmãs
O Natal do Senhor ilumina mais uma vez com a sua luz as trevas que muitas vezes cobrem o nosso mundo e o nosso coração, e traz esperança e alegria. De onde vem esta luz? Da Gruta de Belém, onde os pastores encontraram “Maria e José e o menino, deitado em uma manjedoura” (Lc2,16). Diante desta Sagrada Família surge outra pergunta e mais profunda: como pode aquele pequeno e frágil Menino ter trazido uma novidade tão radical ao mundo a ponto de mudar o rumo da história? Não há talvez algo de misterioso na sua origem que vai além daquela gruta?
Novamente emerge a pergunta sobre a origem de Jesus, a mesma que propõe o Procurador Pôncio Pilatos durante o processo: “De onde és tu?” (João19,29). No entanto, trata-se de uma origem bem clara. No Evangelho de João, quando o Senhor afirma “Eu sou o pão descido do céu”, os judeus regem murmurando: “Não é este Jesus, o filho de José? Dele não conhecemos o pai e a mãe? Como então pode dizer: “Sou descido do céu? (João 6,42). E mais tarde, os cidadãos de Jerusalém se opõem fortemente à provável messianidade de Jesus, afirmando que sabem bem “de onde é; o Cristo, em vez disso, quando vier, ninguém saberá de onde é (João 7,27). Jesus mesmo faz notar o quanto é inadequado a pretensão deles de conhecer a sua origem, mas quem me mandou é verdadeiro, e vós não o conheceis (João7,28). Certamente, Jesus é originário de Nazaré, nasceu em Belém, mas o que se sabe sobre a sua verdadeira origem?
Nos quatro Evangelhos emerge claramente a resposta à pergunta “de onde vem” Jesus: a sua verdadeira origem é o Pai, Deus; Ele vem totalmente Dele, mas de modo diverso de qualquer profeta enviado por Deus que o precederam. Esta origem do mistério de Deus, “que ninguém conhece”, está contida nas narrações sobre a infância de Jesus nos Evangelhos de Mateus e Lucas, que estamos lendo neste tempo natalício. O anjo Gabriel anuncia: “O Espírito Santo descerá sobre ti, o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso aquele que nascerá será santo e chamado Filho de Deus” (Lc1,35). Repetimos estas palavras cada vez que recitamos o Credo, a Profissão de fé: «et incarnatus est de Spiritu Sancto, ex Maria Virgine», “ por obra do Espirito Santo encarnou-se no seio da Virgem Maria”. Nesta frase nos ajoelhamos porque o véu que escondia Deus, vem, por assim dizer, aberto e seu mistério insondável e inacessível nos toca: Deus se torna o Emanuel, “Deus conosco”.
Quando escutamos as Missas compostas por grandes maestros da música sacra, penso, por exemplo, na Missa de Coroação de Mozart, notamos imediatamente como se detêm de modo particular nesta frase, como querendo expressar com a linguagem universal da música o que as palavras não podem manifestar: o grande mistério de Deus que se encarna, se faz homem.
Se considerarmos com atenção a expressão “por obra do Espírito Santo encarnou-se no seio da Virgem Maria”, encontramos nela quatro sujeitos ativos. De modo explícito são mencionados o Espírito Santo e Maria, mas é subentendido “Ele”, isso é, o Filho, que se fez carne no seio da Virgem. Na Profissão de fé, o Credo, Jesus é definido com diversos apelativos: “Senhor,... Cristo, Filho unigênito de Deus,... Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,... consubstancial ao Pai” (Credo niceno-costantinopolitano). Vemos portanto que “Ele” refere-se a uma outra pessoa, a do Pai. O primeiro sujeito desta frase é então o Pai que, com o Filho e o Espírito Santo, é o único Deus.
Esta afirmação do Credo não diz respeito ao ser eterno de Deus, mas, sobretudo, nos fala de uma ação da qual fazem parte as três Pessoas divinas e que se realiza «ex Maria Virgine». Sem ela o ingresso de Deus na história da humanidade não teria chegado ao seu fim e não teria tido lugar o que é central na nossa Profissão de fé: Deus é um Deus conosco. Assim Maria pertence de modo irrenunciável à nossa fé em Deus que age, que entra na história. Ela coloca à disposição toda a sua pessoa, “aceita” tornar-se lugar da morada de Deus.
As vezes, também no caminho e na vida de fé podemos constatar a nossa pobreza, a nossa inadequação diante do testemunho a oferecer ao mundo.  Mas Deus escolheu justamente uma mulher humilde, em um vilarejo desconhecido, em uma das cidades mais distantes do grande império romano. Sempre, mesmo diante das dificuldades mais árduas a serem enfrentadas, devemos confiar em Deus, renovando a nossa fé na sua presença e ação na nossa história, como naquela de Maria. Nada é impossível para Deus! Com Ele a nossa existência caminha sempre em um terreno seguro e está aberta a um futuro de firme esperança.
Professando no Credo: “por obra do Espírito Santo encarnou-se no seio da Virgem Maria”, afirmamos que o Espírito Santo, como força de Deus Altíssimo, operou de modo misterioso na Virgem Maria a concepção do Filho de Deus. O evangelista Lucas narra as palavras do arcanjo Gabriel: O Espírito descerá sobre ti e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra” (1,35). Duas referências são evidentes: a primeira é o momento da criação. No início do Livro do Gênesis lemos que: “o espírito de Deus pairava sobre as águas” (1,2); é o Espírito criador que deu vida a todas as coisas e ao ser humano. Isso acontece em Maria, através da ação do mesmo Espírito divino, é uma nova criação: Deus, que chamou o ser do nada, com a Encarnação dá vida a um novo inicio para a humanidade. Os Padres da Igreja muitas vezes falam de Cristo como o novo Adão, para marcar o início da nova criação a partir do nascimento do Filho de Deus no seio da Virgem Maria. Isto nos faz refletir sobre como a fé traz também em nós uma novidade tão forte capaz de produzir um segundo nascimento. De fato, no início do ser cristão há o Batismo que nos faz renascer como filhos de Deus, nos faz participantes na relação filial que Jesus tem com o Pai. E gostaria de destacar como o Batismo se recebe, nós “somos batizados” – é passivo- porque ninguém é capaz de tornar-se filho de Deus por si mesmo: é um dom que vem conferido gratuitamente.
São Paulo recorda essa filiação adotiva dos cristãos em uma passagem central da sua Carta aos Romanos, onde escreve: “todos aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus, estes são filhos de Deus. E vós não recebestes um espírito da escravidão para cair novamente no medo, mas recebestes o Espírito que torna filhos adotivos, por meio do qual clamamos: “Abá! Pai!”. O próprio Espírito, junto ao nosso espírito, atesta que somos filhos de Deus” (8,14-16), não servos.
Somente se nos abrimos à ação de Deus, como Maria, somente se confiamos a nossa vida ao Senhor como a um amigo no qual confiamos totalmente, tudo muda, a nossa vida adquire um novo sentido e uma nova face: de filhos de um Pai que nos ama e nunca nos abandona.
Falamos de dois elementos: o primeiro elemento o Espírito sobre a água, o Espírito Criador; há outro elemento nas palavras da Anunciação.
O anjo diz a Maria: “O poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra”. Isto recorda a nuvem santa que, durante o caminho do êxodo, parava sobre a tenda do encontro, sobre a arca da aliança, que o povo de Israel levava consigo, e indicava a presença de Deus (cf Ex 40,34-38). Maria, então, é a nova tenda santa, a nova arca da aliança: com o seu “sim” às palavras do arcanjo, Deus recebe uma morada neste mundo, Aquele que o universo não pode deter toma lugar no ventre de uma virgem.
Retornemos à questão com a qual iniciamos, aquela sobre a origem de Jesus, sintetizada pela pergunta de Pilatos: “De onde és tu?”. Das nossas reflexões parece claro, desde o início dos Evangelhos, qual é a verdadeira origem de Jesus: Ele é Filho unigênito do Pai, vem de Deus. Estamos diante do grande e desconcertante mistério que celebramos neste tempo de Natal: o Filho de Deus, por obra do Espírito Santo, encarnou-se no seio da Virgem Maria. E este é um anúncio que soa sempre novo e que traz em si esperança e alegria ao nosso coração, porque nos doa toda vez a certeza de que, mesmo se muitas vezes nos sentimos fracos, pobres, incapazes diante das dificuldades e do mal do mundo, o poder de Deus age sempre e opera maravilhas propriamente na fraqueza. A sua graça é a nossa força (cf 2 Cor 12, 9-10). Obrigado.
Após a catequese Bento XVI dirigiu a seguinte saudação em português:
A minha saudação amiga para todos os peregrinos de língua portuguesa, desejando que a luz do Salvador divino resplandeça intensamente nos vossos corações, para serdes semeadores de esperança e construtores de paz nas vossas famílias e comunidades. Com estes votos de um Ano Novo sereno e feliz para todos, de coração vos abençoo.

Fonte: Zenit.org
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