“Princípios e Atitudes” – Dom Fernando Rifan

A vida humana deve ser respeitada e
protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção até o seu
fim natural. Desde o primeiro momento da sua existência, o ser humano
deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o
direito inviolável de todo ser inocente à vida (cf. CIC 2270 – Donum vitae,
I,1). Esses direitos inalienáveis da pessoa devem ser reconhecidos e
respeitados pela sociedade civil e pela autoridade política, não
dependem nem dos indivíduos, nem dos pais, pertencem à natureza humana e
são inerentes à pessoa em razão do ato criador do qual esta se origina
(cf. CIC 2272 – Donum vitae, 3).
A criança anencélafa é uma pessoa viva. A
sua reduzida expectativa de vida não limita seus direitos e sua
dignidade. Por isso, o aborto direto provocado, quer dizer, querido como
um fim ou como um meio, em qualquer circunstância, é gravemente
contrário à lei moral, pois se trata de tirar diretamente a vida de um
ser humano inocente, o que nada pode justificar (cf. CIC 2271). Desde o
início, o nascituro é uma pessoa própria, cujo círculo de direitos
ninguém deve violentar, nem o Estado, nem o médico, nem mesmo a mãe. Se
uma pessoa já não está segura no seio de sua mãe, onde então estará ela
ainda segura neste mundo? Proteger a vida inocente pertence às mais
nobres tarefas do Estado; se ele se furtar a esta missão, destrói ele
próprio os alicerces do Estado de direito (cf. Youcat, 384).
Nem ele pode se sujeitar a pressões de quaisquer organismos
internacionais. Isso seria contra a sua soberania e o seu dever.
Por isso também, a eutanásia direta, que
consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes ou de moribundos,
sejam quais forem os motivos e os meios, é moralmente inadmissível (cf.
CIC 2277).
Tais princípios e atitudes deles
decorrentes provêm não só da doutrina católica, mas do próprio direito
natural, da lei natural que obriga a todos os homens, em razão da sua
natureza. Assim sendo, exortamos aos católicos, aos nossos políticos e a
todas as pessoas de boa vontade e de influência na sociedade que se
manifestem aos ministros do Supremo Tribunal Federal em favor da vida e
contra qualquer decisão que possa acarretar a liberação do aborto. Se
acontecer o mal, não o será com a nossa colaboração ou por causa da
nossa omissão.
* Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
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