Todo o inferno está nesta palavra de Jesus Cristo: “Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno“.
1º O inferno é a separação, a perda de Deus. “Afasta-te de mim, pecador“. É assim que Deus repele para longe de si a alma pecadora. É a perda de Deus, a perda da suma beleza, da suma bondade, do sumo bem. Enquanto nossa alma estiver presa no cárcere da carne, não poderá nunca compreender a imensidade desta desgraça que, na frase dos santos, constitui o inferno dos infernos.
2º O inferno é a maldição de Deus. Afasta-te, pecador maldito. A maldição eficaz de um Deus todo-poderoso. Se é terrível a maldição de um pai, de uma mãe, que será a maldição de Deus? Pecador maldito, maldito no corpo, maldito na alma. Olhos, língua, mãos, pés, inteligência, coração, vontade, tudo é maldito, porque tudo serviu de instrumento ao pecado.
Dante e Virgílio no lago Cócito, que segundo a obra de Dante Alighieri, seria o lugar mais profundo do inferno, estuário onde chegam as águas, a lama e o sangue dos demais rios infernais, e de superfície congelada. A gravura acima é de um trecho do lago chamado Caína, inspirado em Caim, reservado aos traidores dos próprios familiares. Gravura de Gustave Doré (século XIX).
3º O inferno é o fogo. Afasta-te de mim, pecador maldito, para o fogo. Quando os profetas falam do inferno, logo se lhes apresenta à imaginação o mar, o mar sem limites e sem fundo, e os condenados nadando e mergulhando neste abismo de fogo. O fogo os envolve, penetra-os, circula em suas veias, insinua-se até à medula dos ossos.
O barqueiro Flégias transportando Dante e Virgílio através do rio estige, onde chafurdam as almas dos soberbos, dos que foram condenados pela ira, e dos invejosos. Gravura de Gustave Doré (século XIX) para ilustrar a obra “A Divina Comédia” de Dante Alighieri
4º O inferno é a eternidade. Afasta-te, pecador maldito, para o fogo eterno. A eternidade… quem pode compreendê-la! É um tempo que não acaba. Mil anos, milhões de anos, mil milhões de anos. Contai as gotas de água do oceano, os grãos de areia das praias, as folhas das árvores… a eternidade tem mais anos, mais séculos. Sempre! Nunca! Sempre queimar, sempre sofrer! Nunca o menor alívio, a menor esperança.
Se os condenados que estão no inferno pudessem voltar à terra, que fariam? Procurariam outra vez a ocasião do pecado, as danças, os espetáculos, as tavernas, as casas de perdição? Não! Correriam para a igreja, ao pé do altar do Santíssimo Sacramento, de Nossa Senhora, ao pé do confessor principalmente, para alcançar o perdão de seus pecados. O que os condenados não podem mais, vós o podeis. Não estais no inferno, mas talvez estejais no caminho do inferno. Quanto antes, voltai para trás; talvez amanhã seja tarde.
O mais profundo setor do rio Cócito: a Judeca, cujo nome se deve a Judas Iscariotes. Aqui, as almas quedam completamente submersas, “como palhinhas no vidro”: umas na vertical, outras jacentes na horizontal, de cabeça para cima ou para baixo, outras dobradas. Judeca é o depósito das almas dos traidores de seus benfeitores, na presença do próprio Lúcifer: é seu bater de asas que produz um vento glacial, que congela as águas do Cócito. Lúcifer está preso ao gelo da metade do peito para cima, e tem uma cabeça de três rostos – cada qual com seu par de asas –: a da frente vermelha, uma amarelada à direita e a da esquerda negra. Pelos seis olhos ele chora, dali escorrendo lágrimas que se juntam a uma baba de sangue. Cada boca morde um infeliz perpetuamente: a central mastiga, e esfola, Judas; a esquerda masca Brutus. Cassius está sendo devorado pela boca destra. Gravura de Gustave Doré (século XIX)
Fonte:http://tridentina.blog.com/page/5/
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