O Brasil terá uma nova beata no
dia 4 de maio. Francisca de Paula de Jesus, conhecida como Nhá Chica,
será a terceira brasileira a ser beatificada, último passo antes de se
tornar santa.
A
espiritualidade, da humilde ex-escrava, ultrapassou as fronteiras da
pequena cidade mineira em que viveu, Baependi (MG), e chama a atenção do
postulador da causa de beatificação, que chegou a compará-la com a
espiritualidade do Santuário Mariano de Fátima, em Portugal. “Eu fui em
Baependi e fiquei impressionado com a espiritualidade do lugar, a mesma
coisa provei no Santuário de Fátima, muito espiritual, sempre tinha uma
pessoa a rezar, ou um menino, uma família,” conta Paollo Villotta.
Essa
espiritualidade deu a Nhá Chica, ainda em vida, fama de santidade. Fama
que se espalhou, de maneira que, pessoas de lugares distantes começaram
a visitar Baependi para conhecê-la. Para Paollo Villotta isso se deu
porque sua vida foi toda cristã. “Foi uma pessoa para todos. Acolhia a
pessoa pobre, o rico, o doente. Ela falava com o governador do Rio de
Janeiro na época, com todo mundo, jornalistas”.
O
postulador considera a historicidade um ponto importante no processo
que a levou à beatificação. Ele explica que os estudiosos que analisaram
a vida de Nhá Chica destacam a tradição oral, ou seja, a maneira como
uma pessoa passava para a outra a história e o testemunho da futura
beata. “Essa tradição, era a fama de santidade, que foi transmitida da
morte até hoje, todo mundo sempre falava sobre a história de Nhá Chica”.
Para
Villotta duas atitudes a tornaram santa: a dedicação da sua vida ao
amor a Deus e ao próximo e sua humildade. “Uma mulher negra que fez um
voto interior, não um voto religioso. Dedicou toda vida para o amor de
Deus, e seu amor a Deus foi transmitido para os outros. Depois, na sua
simplicidade e humildade, ela foi heroica extraordinária, pode dar um
contributo de esperança de ensinamento para todo mundo, do maior ao
menor.”
O
postulador defende que essa experiência de santidade é atual e pode ser
vivida por todo mundo. “Essa santidade é para cada pessoa que queira
amar a Deus. Quando se ama a Deus, pode se fazer uma vida como fez Nhá
Chica, de renúncia e ajuda ao próximo”.
Processo de Beatificação e Canonização
A
cura aceita pela Comissão de Médicos do Vaticano, que tornou possível a
Beatificação de Nhá Chica, aconteceu em 1995. Uma professora aposentada
de Caxambu (MG), tinha um problema congênito no coração e foi curada
sem necessitar de cirurgia. “Para a canonização precisa de outro
milagre”, explica o postulador.
Ao
recordar as inúmeras etapas pelas quais um processo de beatificação
deve passar, Paollo Villotta fez questão de destacar a etapa jurídica do
processo que teve como responsáveis, Frei Paolo Lombardo e Irmã Célia
Cadorin, a mesma postuladora da canonização de Frei Galvão. “Eles
fizeram um ótimo trabalho.”
Cerimônia de Beatificação
A
Missa de Beatificação de Nhá Chica, será no dia 4 de maio, às 15 horas,
em Baependi (MG). A
celebração será presidida pelo Cardeal Angelo Amato, Prefeito da
Congregação para a Causa dos Santos e Delegado do Papa Francisco.
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