Estamos no mês de Junho, dedicado ao
Sagrado Coração de Jesus. Por isso, quero neste mês compartilhar algumas
reflexões sobre este Sacratíssimo Coração.
Jesus é nosso modelo perfeito.
Somos convidados continuamente pela
Palavra de Deus a seguirmos seus exemplos: “Tende em vós os mesmos
sentimentos que havia em Jesus Cristo, diz-nos São Paulo em Fl 2,5. E
São Pedro nos diz que Cristo deixou-nos o exemplo para que sigamos suas
pegadas (1 Pd 2, 21).
Muito além destes conselhos, temos a palavra do próprio Jesus: “Aprendei de mim”. Jesus se apresenta a nós como Mestre e modelo, que devemos seguir e imitar.
O interessante é que Jesus, podendo
apresentar-se a nós como modelo de todas as virtudes, mencionou apenas
duas, para que o imitássemos nelas, garantindo-nos que se o fizermos,
encontraremos paz e descanso para o nosso espírito. E que virtudes são
estas? Ouçamos suas palavras: “Aprendei de mim que sou manso e humilde
de Coração” (MT 11, 29). Ei-las: mansidão e humildade. Os alicerces do
cristianismo, as características fundamentais da Caridade e, por isso
mesmo, do Coração de Cristo.
Hoje vamos falar da mansidão.
Mansidão é a virtude que nos leva a
conservar a mesma serenidade em todas as ocasiões e situações. Ser manso
é um grande desafio. São muitas as situações que querem nos “tirar do
sério”. Mas então entra a mansidão.
Uma coisa importante e característica de
todas as virtudes é que elas nos ensinam que não devemos agir só por
motivos e critérios humanos. E isto muda completamente nosso
comportamento.
É o que Jesus nos ensina quando diz “Aprende de Mim”. Ele é nosso critério, pois Ele é a Verdade.
Mas aprender de Jesus implica conhecê-lo
de perto, o que só se alcança convivendo com Ele. Temos que imitar
Jesus, mas não como um gravador, mas como os filhos que no contato
diário de toda uma vida, naturalmente terminam imitando seus pais, no
modo de falar, de andar, etc. Temos que ser íntimos de Jesus para
podermos imitá-lo.
Jesus diz que é manso de Coração. A virtude é algo profundo, age de dentro para fora. Não é só uma casquinha, uma aparência.
Para ser manso de verdade não basta não
brigar exteriormente. É preciso ter o coração em paz. Às vezes por fora
estamos calados, mas em nosso interior estamos murmurando, revoltados,
insatisfeitos, descontentes.
Vejamos algumas situações concretas em que somos convidados a aprender de Jesus que é manso de Coração.
Quando devemos ser mansos, ou seja,
conservar a serenidade e a paz em nosso coração, não nos alterar, não
gritar, não ofender, etc?
Quando alguém nos ofende ou nos faz raiva.
Quando as coisas não saem como gostaríamos.
Quando alguém nos faz uma correção e nos mostra um defeito ou falha que não tínhamos percebido antes.
Quando percebemos de perto nossa
fraqueza, nossas limitações e temos a tendência de nos revoltarmos
contra nós mesmos em vez de nos aceitarmos e nos corrigirmos.
Quando faz calor, ou quando faz frio.
Quando o computador trava ou a internet não funciona.
Quando não podemos ter algo que gostaríamos.
Quando estamos com pressa e o trânsito não anda.
Quando lidamos com uma pessoa que é muito lenta.
Quando estamos doentes, quando sentimos alguma dor.
Quando ao nosso lado temos uma pessoa “insuportável” (segundo nosso critério).
Enfim, esta lista não vai acabar. Então
paremos por aqui lembrando o grande resultado prometido pelo nosso
Modelo divino de mansidão, para quem procurar aprender dEle: “Encontreis
descanso para vossas almas”.
Dai-me, Senhor, a força de lutar pela
mansidão para que eu possa alcançar este descanso, esta paz inalterável
em minha vida, mesmo que por fora tudo conspire contra esta paz. Amém.
Pe. Gaspar S. C. Pelegrini é Reitor do Seminário da Imaculada Conceição
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