Vamos preparar os nossos jovens para a justiça e a paz
Com este tema o Papa Bento XVI deixou-nos
uma profunda mensagem para o Dia Mundial da Paz, centrando seu
pensamento nos jovens e sua educação. Diante das sombras que pairam
sobre o mundo, educar os jovens é a saída e a esperança; mas para isso é
preciso formá-los no conhecimento da verdade e nas virtudes. E o Papa
traça o itinerário a ser percorrido: educar os jovens para a compaixão, a
solidariedade, a colaboração, a fraternidade, porque a crise que aflige
a sociedade, mais do que financeira é uma crise cujas raízes são
culturais e humanas.
Como os jovens são o futuro do mundo,
então é preciso educá-los na esperança, fazendo-os ter apreço pelo valor
da vida, sem medo de formar uma família e serem preparados para ter a
capacidade de intervir no mundo da política, da cultura e da economia,
contribuindo para a construção de uma sociedade melhor para todos.
O Papa insiste que a Igreja olha para os
jovens com esperança, e encoraja-os a procurar a verdade e a defender o
bem comum. Para isso é preciso dar-lhes uma educação integral, que não
se limite ao corpo e ao intelecto, mas que atinja também a dimensão
transcende, a vida espiritual. Ele relembra-nos que a educação é “a
aventura mais fascinante e difícil da vida” que significa fazer crescer a
pessoa de forma integral sem perder de vista a dimensão moral e
espiritual do seu ser e o seu fim último que é Deus e o bem da
sociedade.
Para que o jovem seja educado
adequadamente, deverá antes de tudo receber na família, onde os pais são
os primeiros educadores, as lições das virtudes e aprender a colocar a
esperança antes de tudo em Deus. Que cada ambiente educativo seja aberto
ao transcendente, e não se perca no materialismo e no consumismo
alienante. Que os jovens sejam levados a apreciar e valorizar os irmãos,
fugindo do egoísmo vazio. Que as instituições, especialmente o Estado,
cooperem com a família e respeite os valores morais e religiosos dos
pais, sem intervir neste espaço sagrado. Que os políticos deem aos
jovens um exemplo transparente na política, como verdadeiro serviço para
o bem de todos, sem politicagem, corrupção, e outros maus exemplos aos
jovens. Que os meios de comunicação de massa informem segundo a verdade e
a responsabilidade, com ética e respeito. Que se ensine aos jovens
fazer uso bom e consciente da liberdade.
Sobre este aspecto da liberdade o
Papa insiste na necessidade de educar para a verdade e para a liberdade
porque o jovem traz no coração uma sede de infinito, que é também uma
sede de verdade plena, capaz de explicar o sentido da vida: ele foi
criado à imagem e semelhança de Deus. Não é possível educar o jovem sem
leva-lo a reconhecer em si e nos outros a imagem de Deus, e assim ter um
profundo respeito por cada ser humano. Sem a relação com Deus o homem
não pode compreender o significado da sua liberdade. Sem isso ele se
acha um ser absoluto, independente de tudo e de todos, podendo fazer
tudo o que quer, acabando por anular a verdade sobre si mesmo e
perdendo a verdadeira liberdade. Isso leva-o a viver numa terrível
prisão fechado dentro do próprio “eu”.
O Papa denuncia em sua mensagem certa
cultura moderna, baseada em princípios económicos racionalistas e
individualistas, e que desvirtuam o conceito de justiça, separando-o da
caridade e da fraternidade. E mais uma vez lembra o perigo do
relativismo, que ele tem chamado de uma ditadura, que nada reconhece
como definitivo, e que deixa apenas o eu como última medida. Isto gera
uma falsa e perigosa liberdade. Dentro de um horizonte relativista como
este, não é possível uma verdadeira educação, porque sem a luz da
verdade a pessoa está condenada a duvidar da bondade da sua própria vida
e da possibilidade de construir com os outros algo em comum.
Por fim o Papa lembra que para os
cristãos, Cristo é a nossa verdadeira paz: n’Ele, na sua Cruz. Insiste
que não são as ideologias que salvam o mundo – elas geraram muitas
mortes – mas a fé no Deus vivo é que garante a nossa liberdade, o que é
bom e verdadeiro.
Aos jovens pede que fujam das “soluções
fáceis para problemas difíceis”, como já tinha dito Paulo VI, e que
destrói o mundo. Não se iludam com soluções fáceis para resolver os
problemas. E que cientes dos seus talentos e potencialidades, nunca se
fechem em si mesmos, mas que trabalhem por um mundo melhor para todos.
Fonte: Prof. Felipe Aquino
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