Dom Fernando Arêas Rifan*
Depois de amanhã, dia 7, Independência do Brasil, é o dia da Pátria, da nossa Pátria amada. Jesus, nosso divino modelo, amava tanto sua pátria, que chorou sobre sua capital, Jerusalém, ao prever os castigos que sobre ela viriam, consequência da sua resistência à graça divina. É tempo oportuno para refletirmos sobre nossa nação, na qual vivemos e da qual esperamos o nosso bem comum. Será que também não devemos chorar sobre nossa pátria, ao vermos tanta falta de ética em nossa política, ao sentirmos e pressentirmos a aprovação de leis iníquas, contra a Lei Divina, natural e positiva?
Segundo
Aristóteles, “o homem é por natureza um animal político, destinado a
viver em sociedade” (Política, I, 1,9). Política vem do grego pólis, que
significa cidade. E, continua Aristóteles, “toda a cidade é
evidentemente uma associação, e toda a associação só se forma para algum
bem, dado que os homens, sejam eles quais forem, tudo fazem para o fim
do que lhes parece ser bom”. E Santo Tomás de Aquino cunhou o termo bem
comum, ou bem público, que é o bem de toda a sociedade, dando-o como
finalidade do Estado. “A comunidade política existe... em vista do bem
comum; nele encontra a sua completa justificação e significado e dele
deriva o seu direito natural e próprio. Quanto ao bem comum, ele
compreende o conjunto das condições de vida social que permitem aos
indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a
própria perfeição” (Gaudium et Spes, 74). Daí se conclui que a cidade – o
Estado - exige um governo que a dirija para o bem comum. Por isso não
se pode separar a política da direção para o bem comum.
Parecia estar falando da política atual o notável Eça de Queirós, que, em 1871, escrevera com sua verve inconfundível: “Estamos perdidos há muito tempo... O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita... Ninguém crê na honestidade dos homens públicos... A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte, o país está perdido! Algum opositor do atual governo? Não!”.
Como cristãos, nós sabemos que a base da moral e da ética é a lei de Deus, natural e positiva, traduzida na conduta pelo que se chama o santo temor de Deus ou a consciência reta e timorata. Uma vez perdido o santo temor de Deus, perde-se a retidão da consciência, que passa a ser regida pelas paixões. Uma vez perdidos os valores morais e os limites éticos, a política fica ao sabor das paixões desordenadas do egoísmo, da ambição e da cobiça.
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
Parecia estar falando da política atual o notável Eça de Queirós, que, em 1871, escrevera com sua verve inconfundível: “Estamos perdidos há muito tempo... O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita... Ninguém crê na honestidade dos homens públicos... A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte, o país está perdido! Algum opositor do atual governo? Não!”.
Como cristãos, nós sabemos que a base da moral e da ética é a lei de Deus, natural e positiva, traduzida na conduta pelo que se chama o santo temor de Deus ou a consciência reta e timorata. Uma vez perdido o santo temor de Deus, perde-se a retidão da consciência, que passa a ser regida pelas paixões. Uma vez perdidos os valores morais e os limites éticos, a política fica ao sabor das paixões desordenadas do egoísmo, da ambição e da cobiça.
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
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