MÔNICA E AGOSTINHO
Dois santos admiráveis celebramos nessa semana: Santa Mônica e Santo Agostinho!
Agostinho nasceu em Tagaste, na Região de Cartago, na África, filho de
Patrício, pagão, e Mônica, cristã fervorosa. Segundo narração dele
próprio, Agostinho bebeu o amor de Jesus com o leite de sua mãe.
Infelizmente, porém, como acontece muitas vezes, a influência do pai fez
com que se retardasse o seu batismo, que ele acabou não recebendo na
infância nem na juventude. Afastou-se dos ensinamentos da mãe e, por
causa de más companhias, entregou-se aos vícios. Cometeu maldades, viveu
no pecado durante toda a juventude, teve uma amante e um filho, e,
pior, caiu na heresia gnóstica dos maniqueus, para os quais trabalhou na
tradução de livros. Mas se o pecado destrói, Deus constrói: Ele pode
muito mais. Não devemos desesperar da salvação de ninguém.
Sua mãe,
Santa Mônica, rezava e chorava por ele todos os dias. “Fica tranquila”,
disse-lhe certa vez um bispo, “é impossível que pereça um filho de
tantas lágrimas!” E foi sua oração e suas lágrimas que conseguiram a
volta para Deus desse filho querido transviado. Eis o que pode a oração
de uma mãe! Vê-se também como vale a primeira educação. Quem aprendeu na
infância o caminho correto, a vida cristã, as virtudes primárias, se
depois se embrenhar no vício, será muito mais fácil se converter do que
aquele que não recebeu cedo os ensinamentos cristãos.
Dotado de
inteligência admirável, professor de retórica, Agostinho dizia-se um
apaixonado pela verdade, que, de tanto buscar, pela sua sincera retidão,
acabou reencontrando na Igreja Católica: “ó beleza, sempre antiga e
sempre nova, quão tarde eu te amei!”; “fizestes-nos para Vós, Senhor, e o
nosso coração está inquieto, enquanto não descansa em Vós!”: são frases
comoventes escritas por ele nas suas célebres “Confissões”, onde relata
a sua vida de pecador arrependido. Se você ainda não leu esse livro, eu
o recomendo vivamente.
Levado pela mãe a ouvir os célebres sermões
de Santo Ambrósio, bispo de Milão, e nutrido com a leitura da Sagrada
Escritura e da vida dos santos, Agostinho converteu-se realmente,
recebeu o Batismo aos 33 anos e dedicou-se a uma vida de estudos e
oração. Ao ler a vida dos santos, exclamava: “O que estes e estas
fizeram, por que não poderei eu fazer?!” Ordenado sacerdote e bispo,
além de pastor dedicado e zeloso, foi intelectual brilhantíssimo, dos
maiores gênios já produzidos em dois mil anos de história da Igreja.
Escreveu numerosas obras de filosofia, teologia e espiritualidade, que
ainda exercem enorme influência. Foi, por isso, proclamado Doutor da
Igreja. De Santo Agostinho, disse o Papa Leão XIII: "É um gênio vigoroso
que, dominando todas as ciências humanas e divinas, combateu todos os
erros de seu tempo". Sua vida demonstra o poder da graça de Deus, o
valor da oração das mães e a esperança que devemos ter na conversão de
quem quer que seja.
Cito uma frase sua, para nossa reflexão: “Se
você acredita no que lhe agrada nos Evangelhos e rejeita o que não
gosta, não é nos Evangelhos que você crê, mas em você mesmo”.
Dom Fernando Arêas Rifan*
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
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