quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A MELHOR CERVEJA

Mosteiro Saint Sixtus
 Segundo noticiou a revista O Globo de 4 de novembro último, foi eleita a melhor cerveja do mundo, por milhares de fãs de mais de 60 países, a Westvleteren 12. A sua qualidade e raridade são tais que, para se comprar uma modesta cota de duas caixas de Westvleteren 12, na cidade do mesmo nome na Bélgica, é preciso telefonar antes para o fabricante, cadastrar o número de telefone e placa do carro, que serão usados para que o candidato não tente repetir a compra pelos dois meses seguintes, e ir buscar pessoalmente as preciosas garrafas. Os admiradores não têm dúvidas de que tamanho esforço e dedicação valem a pena. Os importadores de fora, quando a têm, vendem-na a R$ 180,00 a garrafa.
A Westvleteren 12 é produzida unicamente pelos monges trapistas do Mosteiro Saint Sixtus (www.westvleteren.com). Bem, assim como Jesus não foi culpado pelos que talvez tenham abusado do excelente vinho miraculoso das Bodas de Caná, os monges trapistas não são culpados se alguém bebe sem sobriedade a sua preciosa e especial cerveja.
O que é interessante, e mostra porque é tão rara essa cerveja, apesar de tão boa, é que os monges só fazem a quantidade necessária para sustentar o mosteiro, e nenhuma a mais. Ano passado, tiveram que produzir mais para consertar o muro da abadia, que estava ruindo.
Só produzem o necessário para viver. Não visam o lucro supérfluo. Isso passa pela cabeça de qualquer pessoa hoje, no mundo atual consumista, materialista e cobiçoso, que faz do lucro o motivo de tudo?! As pessoas de hoje, nós mesmos, contentamo-nos com o necessário e o conveniente, ou queremos sempre mais e mais, até as coisas mais supérfluas?!
São Paulo Apóstolo nos adverte: “Nos últimos tempos... os homens serão egoístas, gananciosos (no original grego: amigos de si mesmo, amigos do dinheiro)” (2 Tm 3,2); “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Tm 6. 9-10). Sim, do amor desordenado ao dinheiro vêm a avareza, os roubos, as desavenças, os ódios, as invejas, as traições, as impurezas, os adultérios, os crimes de toda espécie: “Nada é mais criminoso do que o avarento, pois chega a pôr à venda a própria alma” (Eclo 10, 9).
Jesus, no sermão da montanha, resumo do seu Evangelho, nos ensina: “Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6, 24). O cristão, discípulo de Cristo, pode usar do dinheiro, mas não servir ao dinheiro. Servir a alguém ou algo é considera-lo como seu senhor, como seu deus, a quem se dedica a vida, a quem se sacrifica tudo o mais. Por isso, quem serve ao dinheiro, a ele sacrifica a honra, a moral, o pudor, o corpo, a saúde e a vida.
Santo Agostinho dizia que o dinheiro é algo tão vil que Deus o dá até para os maus! Usemos bem do dinheiro, sem servirmos a ele e sem colocar nele a razão do nosso viver: “Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no céu... Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6, 19-21).








  Dom Fernando Arêas Rifan* 
 *Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

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