Nesta semana
participei como palestrante do XV Encontro de Formação
Católica de Buenos Aires – em adesão ao Ano da Fé – Tradição e
Espiritualidade Católica, que ocorreu de 16 a 19 de novembro.
Uma das minhas intervenções foi sobre “A Espiritualidade de
Santa Teresa e a tradição carmelitana”, que se baseia
especialmente na oração, princípio da santidade.
Em sua carta
apostólica “Porta Fidei”, com a qual proclama o Ano da Fé, o
Santo Padre Bento XVI fala que “devemos readquirir o gosto de
nos alimentarmos da Palavra de Deus”, objetivo reforçado pelo
Sínodo dos Bispos, cujo tema foi “A Nova Evangelização para a
transmissão da fé cristã”: “descobrir novamente os conteúdos
da fé professada, celebrada vivida e rezada”.
Ao conceder as
indulgências para o Ano da Fé, o decreto da Penitenciaria
Apostólica relembra que a Igreja deseja de nós a santidade: "uma vez que se
trata principalmente de desenvolver a santidade de vida no
mais alto grau possível nesta terra, e de conquistar assim o
mais alto grau de pureza da alma, será de muita valia o grande
dom das indulgências...”. Na “Porta Fidei”, o Papa ensina que
no Catecismo da Igreja Católica descobrimos principalmente não
uma teoria, mas “o encontro com uma Pessoa que vive na Igreja.
Na verdade, a seguir à profissão de Fé, vem a explicação da
vida sacramental, na qual Cristo está presente e operante,
continuando a construir a sua Igreja. Sem a liturgia e os
sacramentos, a profissão de fé não seria eficaz, porque
faltaria a graça que sustenta o testemunho dos cristãos”.
A santidade depende
da fé, e esta depende da oração, da nossa contínua comunicação
com Deus. A oração é a expressão e o sustento da fé, da
espiritualidade, da santidade.
Este foi o
ensinamento do Beato João Paulo II: “Para essa pedagogia da
santidade, há a necessidade de um cristianismo que se destaque
principalmente pela arte da oração... A oração não se
pode dar por suposta; é necessário aprender a rezar...
‘Senhor, ensina-nos a orar’ (Lc 11,1). Na oração, desenrola-se
aquele diálogo com Jesus que faz de nós seus amigos íntimos...
Não será porventura um sinal dos tempos que se verifique hoje,
não obstante os vastos processos de secularização, uma
generalizada exigência de espiritualidade, que em grande parte
se exprime precisamente numa renovada carência de oração?... A
grande tradição mística da Igreja, tanto no Oriente como no
Ocidente, é bem elucidativa a tal respeito, mostrando como a
oração pode progredir, sob a forma de um verdadeiro e próprio
diálogo de amor... Como não mencionar aqui, entre tantos
testemunhos luminosos, a doutrina de são João da Cruz e de
santa Teresa de Ávila? As nossas comunidades devem tornar-se
autênticas escolas de oração, onde o encontro com Cristo não
se exprima apenas em pedidos de ajuda, mas também em ação de
graças, louvor, adoração, contemplação, escuta, afetos de
alma, até se chegar a um coração verdadeiramente apaixonado.
Uma oração intensa, mas sem afastar do compromisso na
história: ... abrir o coração ao amor dos irmãos” (Novo Millennio Inneunte,
32-33).
Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração
Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
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