Neste
tempo litúrgico do Advento, preparação para o Natal, a Igreja
nos convida à mudança de vida, ou seja, à conversão, a
“despertarmos do sono” (Rm 13,11), a sairmos da mediocridade,
propondo-nos a reflexão sobre as verdades eternas, para, como nos lembrou
Bento XVI no Angelus deste domingo, “estarmos prontos
para a vinda do Senhor”.
Celebramos duas vindas de
Jesus Cristo ao mundo. A primeira, com a sua encarnação,
ocorrida historicamente há cerca de dois mil anos. A segunda é
o retorno glorioso no fim dos tempos. Como disse o Papa,
“esses dois momentos, que cronologicamente são distantes – e
não se sabe o quanto -, tocam-se profundamente, porque com sua
morte e ressurreição Jesus já realizou a transformação do
homem e do cosmo que é a meta final da criação. Mas
antes do final, é necessário que o Evangelho seja proclamado a
todas as nações, disse Jesus no Evangelho de São Marcos (cf. Mc
13,10). A vinda do Senhor continua, o mundo deve ser penetrado
pela sua presença. E esta vinda permanente do Senhor no anúncio
do Evangelho requer continuamente nossa colaboração; e a Igreja,
que é como a Noiva, a esposa prometida do Cordeiro de Deus
crucificado e ressuscitado (cf. Ap 21,9), em comunhão com o
Senhor colabora nesta vinda do Senhor, na qual já inicia o seu
retorno glorioso”.
A
segunda vinda de Cristo, no fim do mundo, não tem hora marcada.
As marcações de data, que às vezes aparecem, são falsas. É falsa
a “profecia Maia” de que o mundo vai acabar no próximo dia 21 de
dezembro. São Paulo adverte aos primeiros cristãos: “Quanto à
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião junto dele,
nós vos pedimos, irmãos que não vos deixeis abalar, assim tão
depressa, em vossas convicções, nem vos alarmeis com alguma
pretensa revelação do Espírito ou alguma instrução ou carta
atribuída a nós e que desse a entender que o dia do Senhor está
chegando...” (2 Ts 2, 1-3).
O
fim do mundo vai acontecer um dia. Nosso Senhor não disse
quando. Interessante que a ciência moderna, física e
astronômica, anuncia também o fim do mundo, por entropia, a
morte térmica do universo. Além disso, os atuais astrônomos
dizem que o Sol “morrerá” daqui a cerca de cinco bilhões de
anos, mas que a Terra vai desaparecer antes, daqui a 1,5 bilhão
de anos, quando o Sol se tornará um gigante vermelho, fazendo
com que o calor na Terra chegue a 500º C, tornando-a inabitável
(cf. “Galileu”, dez/2012, “Morte do Sol”).
Por
isso, devemos nos preocupar mais com o “fim do mundo” que
acontecerá a cada um de nós, com a nossa morte, que também não
sabemos quando ocorrerá, mas certamente será antes do final dos
tempos. É nesse sentido que São Pedro nos adverte: “O fim de
todas as coisas está próximo. Vivei com sensatez e vigiai, dados
à oração. Sobretudo cultivai o amor mútuo, com todo o ardor,
porque o amor cobre uma multidão de pecados” (1 Pd 4, 7-8). E
São Paulo: “Enquanto temos tempo, façamos o bem a todos...” (Gl
6, 10).
Dom Fernando Arêas Rifan Bispo da Administração Apostólica Pessoal
São João Maria Vianney
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